Com pouca oferta de venda, túmulos abandonados há anos e mais de 4 mil pessoas devendo em cemitérios administrados pelo município, a prefeitura de Santa Maria pode começar a exumar corpos e a desapropriar terrenos de cemitérios a partir do ano que vem. De acordo com o secretário de Infraestrutura e Serviço Públicos, Paulo Roberto de Almeida Rosa, desde o dia 31 de julho, os cemitérios de Santa Maria administrados pelo município estão passando por recadastramento, mas, até agora, menos de 1% dos proprietários regularizaram a situação.
– Em dois meses de recadastramento um percentual extremamente baixo da população nos procurou para regularizar. É uma situação complicada. Nós já publicando os editais sobre isso e não surtiu efeito – declarou o secretário.
O prazo de recadastramento vai até o dia 31 de dezembro. Segundo o secretário, após essa data, a prefeitura tem de 30 a 90 dias para tomar as providências cabíveis, que incluem desde a exumação até a desapropriação dos terrenos que não foram regularizados.
– Não é que a gente queira tomar de volta os terrenos por força, mas a população precisa entender que essa é uma medida necessária que vai acontecer no decorrer de 2018 para organizar os cemitérios – ressaltou o secretário.
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A prioridade da Infraestrutura é, num primeiro momento, regularizar os túmulos e jazigos do Cemitério Ecumênico Municipal, no Bairro Patronato, mas os titulares de propriedades de todos os cemitérios devem procurar a Secretaria de Infraestrutura munido de documentos.

SÃO JOSÉ
O Cemitério São José, localizado no bairro homônimo, passou a ser administrado pelo Grupo L. Formolo em abril. Entre as ações anunciadas pela empresa está o recadastramento de túmulos e jazigos, mas, o prazo terminou em agosto e cerca de 40% das pessoas que deveriam ter procurado a administração ainda não apareceu. Dos 1,8 mil titulares, 700 ainda não foram regularizar a situação. Em entrevista ao Diário, Mateus Formolo, assessor da direção do Grupo L. Formolo, informou que a empresa não pretende exumar corpos ou desapropriar terrenos até o Dia de Finados, mas essa movimentação deve acontecer no início de 2018.
– Não vamos fazer nada até o Dia de Finados, esperando que a data faça com que os usuários que ainda não apareceram venham – declarou Formolo.
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UM SEGUNDO ADEUS
De acordo com a psicóloga Carine da Silva Vieira, mesmo sendo uma necessidade burocrática, a movimentação dos restos mortais de entes queridos é um momento delicado e pode desencadear um segundo luto. Talvez por isso, somado a questões culturais, algumas pessoas tardem a voltar onde foram enterrados os amigos e parentes, enquanto outros têm como hábito visitar os túmulos.
– Cada pessoa vivencia o luto de uma forma diferente. Não existe uma forma, um padrão. Depende muito do apego que ela tinha com a pessoa e a cultura. Antigamente, se ensinava os filhos e os netos sobre os cuidados com a sepultura, e as crianças acompanhavam os adultos no dia da limpeza dos túmulos de tempos em tempos, e isso foi se perdendo com o tempo – disse Carine.