Há três anos, o empresário argentino Ariel Rodrigues, 56 anos, e a família se hospedam em Santa Maria, durante os passeios ao litoral. A distância de quase 1,8 mil quilômetros até o destino, as praias de Florianópolis, pede um ponto de parada. E é esse fluxo feito por famílias como a de Ariel que tem representado 40% a 80% da ocupação da rede hoteleira na cidade.
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Ao Diário, Ariel falou sobre a viagem e o carinho por Santa Maria:
– Entramos pelo Uruguai, passamos por Santana do Livramento até chegar aqui. Ficamos por uma noite e, agora, seguimos até Florianópolis. Gostamos muito de Santa Maria e do trajeto até aqui. As estradas são mais parelhas e viagem mais tranquila. Encontramos hotéis muito bonitos, bom preço e boas instalações.

O argentino conta que, em anos anteriores, fazia o trajeto pela BR-290, o qual descreveu como “más lento y más peligroso”. Mas condições da via fizeram com que ele optasse por outro caminho: o da RSC-287. E assim tem sido todas as vezes que precisou cruzar o Estado gaúcho.
– Decidimos passar por Santa Maria porque as estradas estão em bom estado e tem menos tráfego. Antes fazíamos o trajeto por Uruguaiana e pela BR-290, mas achamos perigoso por ali. Muitos caminhões e um trânsito mais lento. Por Santa Maria é mais tranquilo. As estradas são mais parelhas – comenta o argentino.
A presença da família, que aproveitava o tradicional mate argentino e o café da manhã no Hotel Dom Rafael Business, têm sido uma cena cada vez mais comum. O gerente do espaço, Ângelo Dimperio, conta que o fluxo de turistas, principalmente argentinos e uruguaios, aumentou de forma significativa. Na última terça-feira (4), de 180 hóspedes, cerca de 70 eram de países vizinhos. Ou seja, uma taxa de quase 40%:
– Ano passado nós tivemos um aumento considerável. Em janeiro e fevereiro, geralmente o número é fraco de hóspedes, mas esse ano tivemos uma surpresa. Há uma procura maior. Creio que seja em função das estradas e o tempo no deslocamento, sendo obrigados a ter um local de parada.

Crescimento de até 80% na ocupação dos hotéis
O cenário se repete em outros pontos da cidade. No Hotel P1, localizado na região central de Santa Maria, 80% da ocupação tem sido do público argentino e uruguaio. Uma alta considerável no último mês. Conforme o hotel, são turistas que geralmente passam uma noite na cidade e tem como destino o litoral catarinense. Para o presidente Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Agências de Viagens e Turismo de Santa Maria e Região (Sindhturr), João Provensi, essa é uma boa oportunidade para rede hoteleira:
– A partir de agora, trabalhamos com essa demanda. É uma grande oportunidade. Mesmo que eles passem por aqui só por uma noite, chegando pelas 21h e ficando até o café da manhã, já deixam um valor considerável.
Agora, o objetivo é mantê-los por mais tempo na região:
– Para o ano que vem, o projeto terá como foco manter eles aqui em Santa Maria e, também, na Quarta Colônia.
Bom preço e hospitalidade
Na hospitalidade, no bom preço das diárias e no ponto que significa o meio de caminho para diversos destinos, estão os motivos para a parada em Santa Maria. A argentina Eugenia Villalb, de 43 anos, esteve hospedada no hotel Dom Rafael na terça-feira. Faziam companhia a ela, os filhos Inácio e Bautista. O destino também era o litoral catarinense.
– Paramos em Santa Maria porque nos parecia um meio de caminho. E foi uma decisão muito acertada. Conseguimos passear um pouquinho, ir ao shopping. Essa era nossa intenção também. É tudo bom aqui – conta Eugenia.

O mesmo aparece no relato de Ramon Antonio Stowcli, 50 anos, que esteve hospedado no hotel com a esposa e os filhos. É a terceira vez que ele vem para Santa Maria. Desta última, aproveitou a parada para uma breve volta na cidade:
– Viemos de Buenos Aires e estamos indo para Florianópolis. É uma boa rota. Escolhemos Santa Maria, primeiro, porque gostamos. Segundo, porque foi fácil reservar o hotel e é muito barato. Muito barato, mesmo.

Projeto da Secretaria de Turismo
As potencialidades da rede hoteleira e a intenção de manter quem está de passagem por mais tempo na região também é um dos projetos da Secretaria de Turismo. Conforme o titular da pasta, Ewerton Falk, um diagnóstico deve apontar qual a taxa de ocupação dos hotéis e pousadas, bem como o perfil desses turistas:
– Estamos trabalhando no diagnóstico para entender a taxa de ocupação e qual o público que está ocupando. Assim, a gente pode potencializar aquilo que já acontece e entender as oportunidades para provocar o aperfeiçoamento do setor, como oferta de mais leitos ou mais qualidade no trabalho. Nós precisamos que as pessoas venham à Santa Maria, além das que já vem.

Para Falk, tornar Santa Maria uma rota de parada no estado gaúcho deve potencializar o turismo na região:
– Independente das crises que todos os países têm, existem as pessoas que passeiam. E o Rio Grande do Sul é porta de entrada dos países aqui do hemisfério sul como Uruguai, Argentina e Paraguai. Então, nossa ideia é trabalhar fortemente nas fronteiras para que Santa Maria seja uma rota de parada. Nós queremos que o turista possa fazer um pit stop de qualidade, com bom atendimento, boa refeição, lazer e cultura.
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