Sei que os sinos têm, em suas batidas, algumas diferenças significativas. Todas despertam minha curiosidade, mas nunca a ponto de perguntar para os padres e/ou os encarregados de batê-los, por que ou a quem estão chorando ou reverenciando.
Fico imaginando. Quem sabe, chamando para a missa, culto diferenciado, festa. Ou urgência, anunciando tragédia…O famoso romance de Hemingway, Por Quem os Sinos Dobram, ambientado numa guerra e, mesmo assim, o amor explodiu numa paixão avassaladora, segundo a minha leitura de mais de décadas!
Hoje, vivemos uma guerra não menos perniciosa.E, só agora, não tenho porquê mentir, descobri a existência John Donner (1624), que escreveu:
Nenhum homem é uma ilha, um ser inteiro em si mesmo; todo homem é uma partícula do continente, uma parte da terra. Se um Pequeno torrão carregado pelo mar deixa menor a Europa, como se todo um promontório fosse, ou a Herdade de um amigo seu, ou até mesmo a sua própria, também a morte de um único homem me diminui, porque eu pertenço à humanidade. Portanto, nunca procures saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.
Até nosso Raul Seixas teve sua leitura em poema musicado versando sobre isso!
“Por quem os sinos dobram (Raul Seixas)
Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Você sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida é que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada
É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado, é
Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo
Coragem, coragem
Se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem
Eu sei que você pode mais
É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo
Coragem, coragem
Se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem
Eu sei…”
Agora, se eu tivesse oportunidade, pediria às igrejas, que combinassem, independentes do credo, que em uníssono tocassem seus sinos em alto som no dia que os hospitais zerassem as internações e/ou as mortes por Covid.