George CanfieldProfessor universitário e consultor digital
O Cais do Porto, lugar tão tradicional de Porto Alegre, sediou um evento que tinha como premissa a promoção da inovação. Veja que simbólico: o clássico se abrindo à renovação. E não foi só essa potente mescla do passado com o que ainda está por vir que se viu na South Summit: naquele lugar, a comunidade como um todo abraçou a inovação.
Um dos maiores eventos mundiais do setor encontrou, na capital dos gaúchos, o merecido aconchego nos braços da população, de lideranças e da mídia tradicional – cadernos foram publicados em jornais tradicionais, programas de rádio foram transmitidos ao vivo do local e a mídia televisiva também se fez presente o tempo todo. Tudo isso graças a grandes articulações e a compromissos firmados entre governos e empresas em prol de um pacto que transforma o Estado em um Estado de inovação.
Há quase 20 anos, dedico-me aos movimentos de empreendedorismo e inovação. E posso garantir que esses dois temas, por muito tempo, estiveram restritos ao ambiente acadêmico e a algumas empresas de ponta. Mas, desde o dia 4 de maio de 2022, ambos deram as mãos para a comunidade em um dos locais mais democráticos da Capital. E isso é um marco revolucionário na popularização da inovação.
COLISÕES CRIATIVAS
Sempre que falamos em inovação, logo nos vem à cabeça a tecnologia, como se tudo fosse obra da robótica ou da inteligência artificial. Mas, a cada evento, entendemos que a inovação depende mesmo é de pessoas, em todas as suas etapas: na criação, na produção e no consumo.
Durante o evento, lembrei-me muito de Steven Johnson, um estudioso que defende que as grandes ideias surgem de colisões entre diferentes experiências e não da inspiração individual. No South Summit, a possibilidade do encontro presencial provocou um furacão de networking girando de forma alucinante a favor da inovação. As conexões surgiam o tempo todo, ao longo da programação, nos intervalos, nos corredores e até na pausa para o lanche junto ao pôr do sol do Guaíba.
É incrível poder voltar abraçar uns aos outros depois de tanto tempo afastados pela pandemia. Abraçar novas ideias, abraçar a nossa história, abraçar o novo. Essa é a importância de um evento como esse, apoiado sobre as estruturas de governança, formando um ecossistema que favorece a inovação – algo feito essencialmente do encontro entre pessoas. E, quando estamos perto uns dos outros, toda interação é uma oportunidade.
Assim como um abraço é capaz de nos encher de gás para enfrentar desafios, a inovação também precisa de combustível. E nada pode ter mais potencial para abastecer novas ideias do que o apoio da comunidade. Precisamos que as universidades mantenham suas portas abertas às startups e que os governos sigam fomentando iniciativas, desburocratizando processos e facilitando a vida do empreendedor. A incubação de novas ideias é o que pode fazer do Rio Grande do Sul um porto seguro para a inovação. E, com certeza, todos ganhamos ao abraçar essa ideia.
Leia a Plural de Elisangela Nicoloso Brandli