Para além da música: Tertúlia celebra história santa-mariense em trajes culturais

Para além da música: Tertúlia celebra história santa-mariense em trajes culturais

Beto Albert

Carol Staggemeier, design, assina trajes que vão para o palco da Tertúlia Musical Nativista.

Dos meados da década de 1980 aos anos 2000, muitas são as tradições perpetuadas pela Tertúlia Musical Nativista de Santa Maria. Mas se engana quem pensa que o legado do festival, que chega a sua 31ª edição, fica somente na música. A devoção à cultura gaúcha se mostra nas mais variadas formas de representação e, uma delas, é a vestimenta. Neste ano, de forma inédita, modelos exclusivos foram criados por uma design santa-mariense para levar ao palco a história através de roupas.


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​É a terceira vez que a especialista em coleções temáticas Carol Staggemeier assina trajes que vestem personalidades na Tertúlia. No entanto, neste ano, a criação foi especial: três looks diferentes que representassem a mulher gaúcha e santa-mariense, em distintas fases e contextos, para serem usados pela apresentadora do festival, Ana Cláudia Feltrin.

Apesar de trabalhar há uma década com criações especiais e voltadas ao estilo gaúcho, Carol afirma estar ansiosa pela repercussão do trabalho resultado final a transmissão da mensagem proposta através das roupas:

– Dá um frio na barriga de pensar o que as pessoas vão pensar sobre. É inédito se pensar em roupas para apresentadores focadas na história local. Espero que inspire outros festivais, inspire mais histórias, mais ideias para valorizar sempre, a cultura.

Do desenho à criação

Na ponta do lápis, Carol transformou a ideia em desenho. Os rascunhos viraram moldes e foram para o corte e costura. Além do modelo, a design conta sobre a busca por tecidos, que também precisam representassem a ideia apresentada. As peças foram cortadas, alinhavadas e costuradas. O resultado: três composições diferentes, em cores, peças e simbologias, uma para cada dia de programação.

– Começamos a criar encima da história dela [Ana], da minha como designer e a história de Santa Maria e sua relação com a moda e as mulheres. É satisfatório de ver a cultura no palco, para além da música. Afinal, a moda está em tudo, e essa é a melhor forma de se representar.

, estará pela terceira vez comandando os microfones no palco do tradicional festival. Coube à ela, neste ano, a missão de representar, através da vestimenta usada, a história de mulheres que outrora auxiliaram na construção da identidade santa-mariense:

Ana Cláudia Feltrim, apresentadora do festival. Beto Albert

– Queremos homenagear todas as mulheres que vieram antes de nós. Eu lembro da minha chegada, na década de 80, ali na estação, vim da fronteira, de Santana do Livramento. Chegávamos ali e víamos tantas mulheres, com filhos e até sozinhas. É um simbolismo enorme, esta força para o palco da tertúlia


A dama da estação
O primeiro traje, escolhido para a abertura nesta sexta-feira (29), presta homenagem as figuras feminas dos séculos XIX e XX, especialmente, as inúmeras viajantes que entre idas e vindas, passavam pela Gare da Estação Férrea. A vestimenta foi desenhada com base em fotografias antigas e relatos de descendentes destas mulheres, como afirma a design Carol. Alguns detalhes, como a saia em risca de giz, pregueada para dar volume; o uso de rendas e botões; a gola alta da blusa; relembram traços da moda da época.

Beto Albert


A luz dos teus olhos
Camisa-pala e saia em tons de verde traduzem em tom poético e delicado, os palas usados por mulheres gaúchas nos rigorosos invernos do sul do Brasil. Para reforçar a autenticidade, foi usado tecido natural e leve - cambraia de algodão. O desenho é baseado na coleção Janelas da Belga, do livro "Iconografia de Santa Maria”. 

Beto Albert


Assim canta o Rio Grande
O terceiro e último traje, que será usado no fechamento do evento, no domingo (1º), traz elementos contemporâneos da pilcha atual de prenda. O modelo feito em crepe, jacquard de chenile e voil, foi inspirado em mulheres fronteiriças que vinham no trem cantando músicas pelas ondas do rádio. A pilcha, intimamente ligada à história de Ana Cláudia, que é radialista e começou a profissão em Santana do Livramento, também faz homenagem ao poeta santanense Wilmar Villa de Menezes, criador de uma das primeiras emissoras de rádio essencialmente gaúcha, com o programa "Assim canta o Rio Grande".

Beto Albert

Para Ana, trazer o vestido de prenda, usado atualmente em eventos tradicionalistas e que fez parte de sua trajetória por longos anos, possui um significado profundo:

– É demonstrar que a nossa cultura também vai além do jeito de vestir. Está nos hábitos. É quebrar paradigmas sobre as roupas que usamos ou usávamos. Isso também é cultura, também é Tertúlia.

A 31ª Tertúlia Musical Nativista vai até domingo (1º) na Praça Saldanha Marinho, centro de Santa Maria. Confira a programação completa. 


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Tayline Manganeli

tayline.manganeli@diariosm.com.br

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