Na hora de combater a obesidade, há dois caminhos: os longos e dolorosos e os que não levam a lugar algum. Atalhos e fórmulas mágicas para quem quer perder alguns (ou vários) quilos existem aos montes, mas o problema é que, via de regra, ou são alternativas com pouco ou nenhuma eficácia ou trazem risco inaceitável para a saúde.
Entre as que têm algum fundinho de verdade estão os alimentos termogênicos – aqueles que, de alguma forma, fazem o metabolismo da pessoa funcionar mais rapidamente e aumentam o gasto calórico. Gengibre, pimenta e vinagre são desse time. O problema é que, para terem algum efeito prático, eles teriam de ser consumidos em quantidades impraticáveis.
– Não dá para comer quilos de gengibre para tentar compensar o efeito de um cupcake – exemplifica a endocrinologista Cíntia Cercato.
Outros alimentos e substâncias emergiram como "soluções" para a obesidade, como a cafeína e, mais recentemente, o óleo de coco. Embora esse último encontre apoio entre entusiastas e até acadêmicos, não há evidência de que ele tenha efeito na perda de peso, segundo as Diretrizes Brasileiras de Obesidade, publicação da Associação Brasileira de Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica. Já a cafeína, presente naturalmente em uma série de grãos e bebidas, tem conhecido poder estimulante, mas, apesar disso, não há evidência científica de que consiga contribuir para a redução do peso corporal.
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A indústria de suplementos nutricionais à base de fitoterápicos, termogênicos e micronutrientes como cálcio e cromo também não inspiram muita confiança de especialistas.
– Agências de saúde sérias como a FDA (agência norte-americana) já encontraram hormônio tireoidiano, diuréticos e até anfetamina em cápsulas que eram para ser à base de chá. A cada nova moda, muda o chá e as demais substâncias são as mesmas – explica o professor Bruno Geloneze.
ALTERNATIVAS
A nutricionista especialista em fitoterapia Heloisa Piccinato diz que há compostos com poder de reduzir a ansiedade ou de melhorar a qualidade do sono, fatores auxiliares no processo do emagrecimento.
– Há muita coisa ainda para ser estudada. O problema da fitoterapia é que ela é muito barata e há pouco interesse comercial para bancar os estudos – explica Heloisa.
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A homeopatia também não encontra respaldo, pode servir para outras coisas, mas não para tratar a obesidade, afirma Cintia Cercato. As pessoas esquecem que a obesidade é uma doença complexa, crônica e recidivante. Os pacientes são vítimas fáceis de qualquer um desses tratamentos milagrosos, já que essa é uma doença que não dá para esconder de ninguém.
– As pessoas gostariam de ter uma solução milagrosa, de perder peso sem ter que mudar hábitos, comendo e bebendo o que gostam. Isso não existe. Vão atrás do que está na moda porque querem uma solução mágica, mas percebem que não adiantou e partem para a próxima onda milagreira – destaca a endocrinologista Maria Victória Descalzo.
Nutricionista de Santa Maria avalia estudos
A nutricionista esportiva Andressa da Rosa Rodrigues, de Santa Maria, explica que existem alimentos termogênicos, porém eles não fazem milagres. Por exemplo, algumas substâncias estudadas podem trazer efeitos positivos. Porém, quando o estudo aparece na mídia, as pessoas começam a correr atrás e fazendo uso de forma exagerada e sem orientação de um profissional. Vale salientar que não existe a pílula mágica para perder gordura e nem para emagrecer.
– O que precisa ser feito é uma reeducação alimentar, o ponto chave de tudo isso é a pessoa estar consciente, ter foco e disciplina porque não adianta ter nutricionista, fazer atividade física, mas se não está focada, ela não vai conseguir alcançar o objetivo que busca. A pílula magica não existe e não vai existir, a pílula magica na verdade é a mente, a cabeça da pessoa, ela tem que ter o foco – salienta.
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DISCIPLINA
Além disso, Andressa comenta que uma alimentação saudável precisa ter algumas restrições alimentares, como gorduras saturadas, açucares, fast foods e refrigerante. Seguir um horário certo para cada alimentação faz bastante diferença para o emagrecimento.
– Eu observo no consultório que as pessoas querem produtos imediatos, em função das atividades o tempo é muito curto, ao invés de fazer e levar a pessoa quer comprar pronto. Santa Maria já tem opções de alimentos saudáveis em lojas de produtos naturais, para quem quer se regrar, mas que não tem tempo de fazer em casa – conta.
Já a nutricionista Bianca Naves afirma que as modas têm origem no exterior, com celebridades que testam algo pontual ou algum achado de algum profissional de saúde, que acaba indo a público sem validação ou testes mais abrangentes, muitas vezes só com estudos realizados em animais.