Até não muito tempo atrás, quando alguém ¿pecava¿, dependendo do tamanho do pecado, o julgador dava ao pecador a sentença de rezar tantas rezas conforme fosse a gravidade da sua culpa. Isso, no mínimo, é inverter o verdadeiro sentido da oração que deve ser um elo com o Criador e/ou seus prepostos e não associá-la a um sentido punitivo. Alguns ditos representantes de Deus na Terra prometem aos seus fiéis fazer por eles uma ¿reza forte¿ como se existisse reza forte ou fraca. Isso evidencia o desconhecimento do verdadeiro sentido da oração, pois ela não é um jogo de palavras ou mesmo um amontoado delas.
Leia as últimas notícias do Diário
A oração possui um valor infinitamente superior a qualquer quantidade de palavras repetidas. Oração é vibração que se eleva ao infinito através da energia do pensamento e, para tanto, precisamos vibrar com o coração, e não, necessariamente, com as cordas vocais. Pode ser praticada a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer lugar, em qualquer posição e com qualquer roupa e até sem ela. Não existe lugar que seja mais próprio ou impróprio para conversar com Deus.
Todos os lugares são adequados, seja na rua, no ônibus, no táxi, no banheiro público, enfim, seja lá o lugar que for desde que sintamos necessidade dessa conversa íntima e sincera. Este Ente a quem os cristãos chamam de Deus, que os muçulmanos chamam de Alá, que os judeus chamam de Jeová e que por esse mundo afora recebe tantas denominações diferentes, está tão acima da nossa pequenez e das nossas picuinhas humanas que Ele é capaz de saber das nossas carências, mesmo que a Ele não peçamos ajuda. Afinal, se foi Ele que nos criou, Ele sabe por que nos criou e, portanto, sabe, também, como Ser infinito em sabedoria que é das nossas dificuldades e necessidades.
Há muitas pessoas que dizem não saber orar. Ora, isso é um engano muito grande. Talvez não saibam, isto sim, rezar (recitare do latim) as rezas decoradas que, quando desprovidas de sentimentos, dão asas ao pensamento voar em múltiplas direções. Já, orar é diferente, é dar vazão aos sentimentos que partem do coração através dessa poderosa corrente energética chamada pensamento, e não, necessariamente, através das palavras partidas do aparelho fonador. Atualmente, rezas que antes eram apenas recitadas, hoje também são cantadas, como se a beleza exerça alguma diferença quanto ao maior ou menor valor e peso.
A oração dispensa todo e qualquer elo que não seja a participação de cada um com Deus através da relação espontânea e sincera, exatamente como Jesus nos ensinou e que Kardec definiu com extrema sabedoria quando disse: ¿Não é a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que constituem a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, segundo o espírito da caridade por Ele personificado.¿ Por isso, o verdadeiro valor da prece está alicerçado em dois pilares básicos: sentimento e sinceridade.