Quando, com a mente arejada e desprovida de fanatismos, paramos para pensar no papel das religiões no mundo, chegaremos a triste conclusão de que elas se desvirtuaram do seu verdadeiro objetivo. Se é verdade que, no princípio, elas tiveram como objetivo a ¿salvação¿ dos seus seguidores, não é menos verdade, também, que, em nome de Deus, muitas vidas foram ceifadas – e ainda hoje são – pelo simples fato de pessoas não concordarem com os preceitos por elas pregados. Ao longo dos anos, mais e mais correntes religiosas foram surgindo, todas propondo aos seus adeptos os mesmos objetivos.

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E tudo começou com o medo do ¿sobrenatural¿ aliado à vontade de se explicar a vida, a morte e a tudo que cercou o homem desde os seus primórdios. Isso levou esse mesmo homem a criar vários sistemas de crenças, cultos e cerimônias para que, por esses meios, agradasse ao ente superior e garantisse a ¿salvação¿. O grande problema é que os mitos, as superstições e os ritos que as sociedades criaram em torno desse deus poderoso, irritadiço e até mesmo vingativo, até hoje permanecem no imaginário de uma parcela significativa da população do planeta, principalmente, no Oriente, mas muito, ainda, também no Ocidente.
Ao longo dos séculos, e por vários motivos, o homem não se preocupou em exercitar a sua capacidade de raciocinar logicamente sobre as ¿verdades¿ impostas pelos poderes das autoridades religiosas. Esclarecer o ¿quem sou¿, ¿de onde vim¿, ¿por que vim¿ e ¿para onde vou¿, além do esclarecimento da razão do porquê estarmos neste mundo de dificuldades, não interessa muito. Interessa muito mais, pelo menos é isso que aparenta, manter o homem do século 21 como se vivesse, ainda, na Idade Média.
Mas chegará um tempo, que ainda está muito longe, que, ao preencher algum formulário em que são pedidos nome, endereço, CPF, telefone, e-mail, whatsapp, etc, não mais haverá o espaço para se colocar o nome da religião que professa, pois isso não será importante e nem necessário. O importante, sim, será ter religiosidade. Aliás, religião e religiosidade são duas coisas completamente distintas. Religião é algo criado pelos homens, com todas as suas regras e particularidades de acordo com o entendimento dos seus criadores. Quando você pergunta se a instituição social ou educacional é judaica, espírita, evangélica ou católica, você está discutindo religião.
Já, religiosidade é algo completamente diferente e muito mais profundo, pois independe de rótulos, de crenças religiosas, hierarquias e de ações mecanizadas. Religiosidade se revela dentro de nós mesmos nas tarefas do dia a dia, nas pequenas ações, num abraço, na fraternidade, no desprendimento das coisas materiais e na compreensão do sofrimento do outro. Quando alcançarmos esse patamar, daremos um passo gigantesco para nos tornarmos seres muito melhores e deixaremos de ser o que normalmente somos hoje: meros frequentadores de templos.