Os ataques ocorridos nos últimos dias na Espanha são mais alguns dos muitos eventos que refletem um cenário global cada vez mais desestabilizado e tenso, e, nele, o extremismo vem trilhando seu caminho e pode consolidar-se caso não adotemos comportamentos mais tolerantes, respeitosos e equilibrados.O extremismo, que pode ser étnico-cultural, religioso, político, ideológico ou econômico, representa a polarização dos diferentes pensamentos que moldam o contexto social e político nacional e internacional.

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Não obstante, vivermos um momento de extremos, o cenário mundial não se define mais pelo maniqueísmo ou dualismo da Guerra Fria nem pela tensão entre dois atores e sua visão de mundo, mas pela existência de várias concepções da realidade que se colidem, onde cada pessoa é ¿dona de sua verdade¿ e se aferra a mesma a despeito das regras da boa convivência e da civilidade.Já não existe uma hegemonia definida e um caminho a ser seguido, como no passado existia o capitalismo ou comunismo.
A democracia pode manter sua forma, mas deteriorar-se em autocracia ou oligarquia, assim como o posicionamento político e ideológico dos autores. Vivenciamos, hoje, a multipolaridade, com diversas visões de mundo, o que leva o aumento das tensões e a geração de atritos.É saudável existirem visões diferentes do mundo, pois isso consolida a democracia, porém, qualquer que seja a visão, não pode levar a falta de diálogo entre os implicados ou ao incitamento à violência.
O momento de instabilidade social pelo qual passamos é propício para o surgimento, na esfera política, de extremistas que prometem um mundo novo, muito próximo daquele que sonhamos, por isso, é necessário compreender a essência do extremismo para não buscarmos um novo extremista por temor à perpetuação do velho.
Hoje, convivemos com diversos tipos de políticos: os simpáticos, que prometem e negociam tudo, fazem qualquer tipo de acordo para se perpetuarem no poder, assim como os ¿donos da verdade¿, aqueles não abertos ao diálogo; ambos perigosos, o primeiro pode negociar qualquer coisa, a qualquer preço; o segundo, pela falta de diálogo e intercâmbio que pode cimentar o extremismo, a radicalização de ideias.
Também temos de ter cuidado com aquele sem posição clara ou aquele, que ao se deparar com manifestações de ódio, intolerância, não as rejeitam de forma contundente, como no evento recente de Charlottesville. Tão aterrador quanto o ocorrido foram as declarações do presidente sobre o mesmo. Segundo o The New York Times, pela primeira vez na história dos EUA, um ato terrorista não foi inequivocamente execrado pelo presidente e a ideologia nazi não foi inequivocamente condenada.
O extremismo é um mal que precisa ser banido de nossa sociedade, não por métodos igualmente deploráveis, terroristas ou desumanos. Combater o terror com terror é uma prática igualmente reprovável. No entanto, devemos rechaçar, de forma enérgica, qualquer tipo de comportamento extremista que oprime, discrimina e destrói, mostrando o quão prejudicial o mesmo pode ser para a sociedade.
E, nesse aspecto, as instituições de ensino têm um papel preponderante e devem estar preparadas para detectar comportamentos excludentes, devendo propagar mensagens de paz, respeito, tolerância e igualdade, reafirmando e compartilhando o respeito ao próximo, a fim de que a paz e a união sejam fortalecidas. Essa é a principal missão da educação.