Artigo

OPINIÃO: É sempre bom lembrar coisas passadas 

Eros Roberto Grau

Semana que vem estarei aí. Flanando pelo presente, revisitando o passado. Ao presente quem me leva é o Ricardo, da estirpe dos Jobim. Amigo do peito, de verdade! 

Leia mais artigos   

No passado, com um bando de amigos do meu pai! O Ivory, o Pery Coelho e o Cherubim Abelim, os três na Livraria do Globo, indo ao encontro do tio Bráulio. 

Um sujeito encantador – casado com tia Edith –, ele era amigo do pai desde bem jovem. Trabalhou anos e anos na livraria, depois na agência de automóveis do Uglione. 

O pai brincava com ele por conta de uma ida para pescarem, no carro do tio Walter, ao rio Verde. Na ida e na volta o tio guiava pela faixa da esquerda da estradinha de terra, sob o pretexto de que por lá existiam menos buracos. Na ida e na volta... Daí a brincadeira do pai: quem guiasse na contramão estaria ''brauliando''! 

Pois um dia, muitos anos após, um homem que se mudara para Santa Maria foi à agência do Uglione, interessado em comprar um auto. Meu tio saiu com ele e, depois de circular pela cidade, pegou uma estradinha de terra – talvez a mesma – e lá se foi, sempre à esquerda. O gajo então perguntou por que ele estava “brauliando”. 

Bráulio brecou, espantado, e ele explicou que tinha um amigo em São Paulo, o Werner Grau, que usava o verbo “brauliar” quando alguém se mandava a guiar pela faixa da esquerda. O que o meu tio disse então é como se eu ouvisse agora: “Bah tchê! o Braúlio sou eu, o Werner é meu cunhado!”. 

Isso é verdade, de verdade! Santa Maria tem histórias e estórias fascinantes.  

Quando eram jovens, o pai e um dos seus irmãos resolveram sair com o Chico Brenner – tio da minha avó Elvira, poucos anos mais velho do que ela – para dar-lhe um porre. De madrugada o tio Chico trouxe os dois, de charrete, de volta para casa. Ele é quem lhes deu o porre!

Há anos, retornando a Santa Maria para participarmos da inauguração da Escola Oscar Grau – meu avô – na esquina da Praça Saldanha Marinho veio um sujeito vendendo bilhetes de loteria. O pai perguntou-lhe se sabia quem era aquele rapaz ao seu lado e o Isaac respondeu, serenamente: ''É o Eros Roberto, teu guri!''. Um momento inesquecível, para sempre! 

Caminho agora ao lado de outro amigo de verdade, o José Antonio Brenner, meu primo. Peço-lhe que vá comigo ao Mato dos Abraão, um pedaço de terra que pertenceu aos Cassel. Lá nos fomos então a visitar coisas passadas, revendo nossos ancestrais. Quem me lê agora não imagina o quanto me sinto feliz por descender dos Cassel, dos Brenner e dos Couto! 

Vivo a repetir que o tempo não existe quando pisamos nosso chão! O meu é aí, onde tudo que se planta cresce e o que mais floresce é o amor – como cantam o Osvaldir e o Magrão! 

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

OPINIÃO: Governar é (também) definir prioridades

Próximo

Mulher é presa após agredir vizinho que bateu em cachorro

Geral