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OPINIÃO: Comunicação com atitude

Rose Carneiro

Era noite de terça-feira, final de agosto. Chegamos no Centro de Tradições Gaúchas Invernada do Chapadão, em Jaguari, uma terra hospitaleira, que sempre nos recepciona com alegria. No palco, os músicos Ricardo Freire, Angela Gomes, Tuny Brum e Sérgio Rosa convidavam a plateia para um passeio pelo cancioneiro gaúcho desde os anos 50. Numa noite gaúcha, desfilaram melodias que embalaram e embalam muitas rodas de chimarrão pelas querências.

Foto: Elias Monteiro

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Boa parte das canções do musical foi criada nos festivais nativistas que nasceram a partir da década de 1970, com o lançamento da Califórnia da Canção, de Uruguaiana. Os festivais do Rio Grande do Sul se configuram como um movimento cultural sem igual no mundo, um patrimônio cultural, e que é responsável, na minha humilde opinião, pela qualidade do cancioneiro que podemos exibir hoje. Canções que são pura poesia. Histórias que envolvem nossas lidas campeiras, nosso jeito de vestir, de andar, de nos relacionar. Nosso jeito de ser. Nossa arte, nossa cultura, nossa história.

E naquela noite de Jaguari, pude comprovar uma teoria. O uso da cultura como instrumento de marketing é, de certa forma, uma maneira de conquistar o consumidor/cliente por meio da emoção. Como eu li certa vez, em Danilo Miranda, “a alegria, o choro, o riso, a agressividade, a admiração e a inquietação são experiências pessoais que a cultura e a arte podem criar e recriar indefinidamente. Decorre daí o fato de elas se constituírem um excelente canal de comunicação... porque aquela marca ou empresa, já presente no cotidiano rotineiro, também está presente no momento da superação, da recompensa proporcionada pela atividade cultural”.

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Eu estava sentada na lateral da plateia, acompanhando a apresentação, observando as movimentações do público. Em seguida, entraria nossa dupla das danças gaúchas: o Andres Dalla Corte e a Leticia Borin. O Ricardo puxa a história do Grito do Nativismo Gaúcho de Jaguari, festival criado em 1987 e que foi realizado até 2012. Como outros tantos, sucumbiu à falta de recursos. Na primeira edição, a música vencedora foi Caminhos de Jaguari, uma composição de Mauro Ferreira, Cláudio Lena e Luis Bastos, interpretada por Cesar Passarinho, que se transformou num hino para os jaguarienses.

Pois bem, o Tuny dá início à melodia e o que vem da plateia não tem explicação. Um coro de mais de 700 pessoas entoa a canção de forma emocionada. Não consegui ficar sentada nem ficar alheia à emoção que tomou conta daquele lugar. Vi pessoas cantando e chorando ao mesmo tempo. Era um misto de sentimentos estampados em cada rosto daquela multidão. Confesso que também deixei rolar umas lágrimas. Energia que contagia, mesmo.

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A arte tem este alcance. Ao possibilitar que aquele público de Jaguari passasse por momentos tão especiais e valorosos, assim é que a Eny Calçados soma pontos e transforma os clientes em amigos. A ação cultural bem planejada e executada pode ser a melhor propaganda de uma empresa. Comunicação com atitude.


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