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OPINIÃO: A simplicidade que completa o conhecimento formal

Ruy Giffoni

Todos sabem que gosto de escrever sobre marketing, política e economia. Mas, hoje, preciso homenagear quem começou a me ensinar sobre estes temas. Meu pai, policial de carreira e corretor de imóveis depois de aposentado, hoje estaria fazendo 100 anos. Quanta saudade de suas aulas, que só fui entender mais tarde, quando a maturidade chegou.

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De economia, ele ensinou que não interessa quanto tu ganhas, mas, sim, que tu gastes menos do que ganhas. Essa é a única forma de juntar algum patrimônio, de forma bem simples.

Que não existe dinheiro fácil. Mas muito trabalho para conquistar objetivos. Dinheiro fácil, mais cedo ou mais tarde, dá cadeia.

Ensinou-me a planejar os passos: “Se vai comprar alguma coisa, junta antes e paga à vista. Pede desconto. Juros, só por emergência e por curto espaço de tempo. Cheque especial, nem pensar”.

Na política dizia que só temos direitos depois de ter cumprido com os deveres. Não promete o que não pode cumprir. E não aceita propina de nenhum valor. R$ 100 ou um R$ 1 milhão são a mesma coisa. A dignidade e a consciência não têm preço.

Lembro que, com 17 anos, queria dirigir, porque todos os meus amigos faziam. Cheguei para ele e argumentei que ninguém me prenderia, afinal, o delegado era ele. Ele, então, me disse “o exemplo começa em casa”, a lei é igual para todos. E me contou a história de quando assumiu na delegacia de Cruz Alta, onde tinha um primo conhecido por fazer arruaças. Chamou o primo e avisou: “Se sair da linha, mando te prender”. Dito e feito. Na primeira bagunça levou o primo para dormir na delegacia. A comunidade comentou: “Se prende a família, quem sair da linha, ele não vai dar chance”. E acabaram-se as arruaças.

Com relação ao marketing, quando me formei em administração, ele trabalhava como corretor de imóveis, e eu queria que ele anunciasse. Ele falava que não precisava, conhecia todos os seus clientes de tal forma que sabia a quem oferecer, e vendia mesmo. Conhecer o cliente é o ponto mais importante do marketing, por isso, se faz tanta pesquisa de mercado.

Os próprios clientes recomendavam seus serviços, por ter credibilidade e inspirar confiança. Criou, aí, uma rede de relacionamentos que hoje chamamos de network marketing. 

Havia em Santa Maria uma casa de alto valor que ninguém conseguia vender. Ele disse ao dono: “Me dê exclusividade que vendo em três meses”. Vendeu em um mês e meio e, seis meses depois, vendeu de novo com um lucro para o proprietário de mais de 20 %.

Conversava muito, mas ouvia muito mais. Era um conciliador de primeira, negociava com maestria e já usava o modelo ganha-ganha.  

Primeiro, foi um grande pai, ensinando e apoiando toda a família. Depois que amadureci, e pude entendê-lo, um grande amigo. Tudo na sua hora certa. Que saudade, delegado Ruy Menezes Giffoni. Que ensinamentos. Que lição de vida.


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