Vários movimentos em Santa Maria discutem questões referentes a saúde, trabalho, oportunidades, avanços e retrocessos sobre as questões femininas. Os debates incluem conhecer a nossa história e saber que em 1792 a filósofa e escritora inglesa Mary Wollstonecraft já escrevia o livro Uma defesa dos direitos das mulheres. Trata-se de tema que ainda se encaixa nas discussões em direção à necessidade de educação e autonomia das mulheres. Para quem gosta dessa temática, também indicamos o livro Mulheres, raça e classe, de Ângela Davis, filósofa estado-unidense. Esse livro, publicado originalmente em 1981 nos Estados Unidos, traduzido apenas em 2016 para o português, conta sobre os movimentos sociais da época e como muitas mulheres estavam envolvidas neles.
Em relação a escolaridade e busca de conhecimento, a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE apontou, através dos resultados do Censo Demográfico/2010, que as mulheres progrediram muito. Talvez, um dos maiores avanços tenha sido no campo da educação, no qual constata-se o aumento do número de mulheres na graduação e na pós-graduação, como estudantes, pesquisadoras, docentes, bem como o maior acesso das mulheres a programas de fomento à pesquisa.
Após 85 anos da conquista do voto feminino, é preciso relembrar situações desagradáveis em que viveram as mulheres durante séculos. No Brasil, por exemplo, só foi possível frequentar estabelecimentos de ensino em 1827, e o ingresso nas faculdades se deu 50 anos mais tarde. Quando olhamos para o passado, percebemos o quanto avançamos.
O fato de as brasileiras terem melhorado sua escolaridade, não necessariamente significa que as desigualdades de gênero na educação acabaram. Ampliar o acesso a escolas e a universidades não quer dizer que as mulheres das camadas menos favorecidas tenham tido o mesmo acesso nem que tenha deixado de existir desigualdades entre homens e mulheres no alcance e na permanência escolar.
Como resultado de tantos debates, alcançamos visibilidade, as quais forçaram a implantação e a implementação de políticas públicas. No entanto, não conseguimos melhorar a situação das mulheres, especialmente das mais pobres, das negras e indígenas, as quais continuam vivenciando cenários de exclusão e violência. Só em relação à violência, a Organização Mundial da Saúde revela que 60% das mulheres agredidas no Brasil nunca abandonaram o lar sequer por uma noite, em função das agressões sofridas, sendo que menos de 10% procuraram serviços especializados de saúde ou segurança. Em média, a mulher demora 10 anos para pedir ajuda pela primeira vez. Precisamos continuar mobilizando movimentos e, especialmente, monitorando as conquistas alcançadas.
Atualmente, dirigimos nações, caminhões, táxis e aviões. Mas, principalmente, estamos, cada vez mais, dirigindo nossas vidas. Sim, queremos respeito e igualdade de condições no mercado de trabalho. Violência, nunca!