Nível da barragem do DNOS baixa 5,15 metros e marcas da estiagem assustam em Santa Maria

Quem passou pela barragem do DNOS, localizada no Bairro Campestre do Menino Deus, nos últimos dias, assustou-se com a mudança brusca do espaço, que muitas vezes é utilizado para momentos de contemplação pelos moradores ou para a prática de esportes aquáticos em Santa Maria. O retrato é uma das consequências da estiagem, que vem afetando municípios gaúchos nos últimos anos.

Atualmente, a barragem está 5,15 metros abaixo do nível normal, que é de 12 metros. Apesar da condição, o superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), José Roberto Epstein, descarta a possibilidade de desabastecimento no município, além de explicar como funciona o plano de contingência criado pela entidade para lidar com a situação.

Cenário

Embora a atual paisagem, Epstein ressalta que a barragem do DNOS encontra-se praticamente no mesmo nível em comparação com o ano passado.

– O que causa, às vezes, uma preocupação maior é que as pessoas que olham aquela barragem, pensam que ela é a única fonte de abastecimento do município. Como ela é mais sensível à estiagem e recua mais em relação a outra barragem, as pessoas podem ter uma preocupação, pelo aspecto visual, sobre se faltará água em Santa Maria. Mas, é importante destacar que menos de um terço da água da cidade vem dessa barragem – explica.

Com base no planejamento, o superintendente da Corsan também descarta a possibilidade de desabastecimento no município:

– Mesmo que cheguemos a níveis mais baixos que este no DNOS, dentro do nosso planejamento de contingência, temos capacidade de fazer uma adução da outra barragem através da instalação de bombas de pré-recalque, como chamamos, em pontos que temos outorga para a captação. Então, não existe nenhum tipo de risco para o abastecimento público aqui.

Epstein explica que grande parte do abastecimento de água de Santa Maria é sustentado por estruturas próximas aos municípios de Itaara e São Martinho da Serra, como é o caso da barragem Rodolfo Costa e Silva:

– Temos uma situação de controle, porque a barragem Rodolfo Costa e Silva, que é responsável por mais de 25% da nossa capacidade de produção, nos garante uma segurança. Eu diria que utilizamos mais água lá de cima para manter o mais preservado possível o nível do DNOS.

Assim como outras barragens, a Rodolfo Costa e Silva também sofreu com os efeitos da estiagem e encontra-se cerca de 5 metros abaixo do nível, que é de 28 metros. No ano passado, ela estava 1,90 metros acima do nível que está hoje. Uma das justificativas envolve a captação de água, que em 2023 foi maior no local. Para Epstein, o cenário ainda é de estabilidade:

– Um dos grandes objetivos das barragens é justamente sustentar o abastecimento nos períodos de menor precipitação. A gente já vem enfrentando há três anos seguidos este tipo de situação e, consequentemente, a estiagem acabou iniciando antes este ano. Mas, a estrutura de Santa Maria está bem preparada.

Estiagem x seca

Apesar de parecer, estiagem e seca não são sinônimos. A Secretaria de Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional diferencia os dois fenômenos das seguintes formas:

Estiagem é um período prolongado de baixa ou ausência de pluviosidade, no qual a perda de umidade do solo é superior à sua reposição

Seca é um período de tempo seco e prolongado o suficiente para que a ausência, deficiência acentuada ou fraca distribuição da chuva provoque grave desequilíbrio hidrológico. Para muitos estudiosos, a seca também pode ser descrita como uma estiagem prolongada

Não desperdice água

Diversas atitudes podem contribuir com o desperdício de grandes quantidades de água potável

Torneira pingando na cozinha ou no banheiro – 46 litros de água por dia

Manter a torneira aberta enquanto a louça é lava pode desperdiçar até 100 litros

Demorar no banho – 95 a 180 litros

Lavar o carro com mangueira – Até 560 litros em 30 minutos

Torneira aberta enquanto os dentes são escovados gera um desperdício de até 25 litros

Fonte: Corsan

Mesmo que não haja risco de desabastecimento, é importante adotar algumas medidas:

Elimine a prática de lavar calçadas, quintais ou o carro utilizando a mangueira

Mantenha a torneira fechada quando não estiver usando a água para lavar a louça, as roupas ou outros materiais

Ao escovar os dentes e/ou se barbear, deixe a torneira fechada

Na hora do banho, procure se ensaboar com o chuveiro desligado e tomar banho rápido. Banhos de, no máximo, 15 minutos economizam água e energia

Utilize regador no lugar de mangueira para regar as plantas

Lave o carro com balde em vez de mangueira. A economia pode chegar até 250 litros de água

Nos próximos meses, chuva pode normalizar nível da barragem do DNOS

Em maio de 2022, a barragem do DNOS chegou a atingir o nível máximo. Para o superintendente regional da Corsan, José Roberto Epstein, a normalização dos níveis em 2023 dependerá das projeções de chuva para os próximos meses, não sendo possível prever se isso garantirá a recuperação dos mananciais.

– Temos a expectativa que a partir de abril, maio e junho, as chuvas comecem a apresentar normalidade para o período. Claro que a normalidade não dá uma capacidade de recuperação dos mananciais de uma forma acelerada. Precisaríamos ter chuvas acima do normal para ter uma recuperação maior. Mas, como afastamos qualquer tipo de risco de desabastecimento, no momento em que as chuvas começarem a normalizar, poderemos ter uma chuva de grande intensidade na bacia do DNOS e ela por si só já fazer a recuperação plena do manancial. Então, é muito impreciso dizer quando isso irá acontecer – argumenta.

Conforme a previsão da BaroClima Meteorologia, apesar da presença do sol e do calor iniciarem mais uma semana em Santa Maria e região, existe a possibilidade de instabilidade do tempo nos próximos dias.

– A partir de terça-feira, as áreas de instabilidade formadas pelo calor e os índices de umidade relativa do ar mais altos favorecerão o desenvolvimento das famosas Cumulonimbus, que são as nuvens de pancadas de verão isoladas, mas que de forma pontual podem vir com forte intensidade – afirma o meteorologista do BaroClima, Gustavo Verardo.

Ainda conforme o especialista, as pancadas de chuva devem atingir, inicialmente, um número maior de municípios do oeste gaúcho, avançando gradativamente para a Região Central e chegando em Santa Maria a partir de quarta-feira. Não se descarta também o risco de chuva forte isolada em curto período de tempo, o que pode resultar em alagamentos.

Confira, abaixo, como ficam as temperaturas para os próximos dias em Santa Maria

Segunda-feira: Mínima – 22°C |  Máxima –  34°C

Terça-feira: Mínima – 22°C  |  Máxima – 32°C

Quarta-feira: Mínima – 23° C  |  Máxima – 29ºC

Quinta-feira: Mínima – 23ºC  | Máxima – 30°C

Sexta-feira: Mínima – 23ºC  |  Máxima – 32ºC

Leia todas as notícias