Mais de 30 mil alunos retornam às aulas nas redes municipal e estadual de Educação Básica em Santa Maria 

Eduarda Paz

Mais de 30 mil alunos retornam às aulas nas redes municipal e estadual de Educação Básica em Santa Maria 
Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Maria de Lourdes Ramos Castro. Fotos: Nathália Schneider (Diário)

Chegou a vez da volta às aulas das escolas municipais e estaduais de Santa Maria, em 23 de fevereiro. Mais de 18 mil alunos vão retornar para mais um ano letivo na Rede Municipal de Ensino (RME) e mais de 11 mil estudantes na Rede Estadual de Educação Básica. Mesmo sem as incertezas da pandemia de Covid-19, a saúde mental das crianças e dos jovens, preocupa as equipes escolares. Além disso, as escolas das duas redes de ensino enfrentam problemas estruturais, que podem prejudicar o retorno dos alunos. 

Educação no município

A coordenadora pedagógica da EMEF Maria de Lourdes Ramos Castro, Danielle da Silva Martins

Segundo dados disponibilizados pela prefeitura de Santa Maria são 80 escolas da Rede Municipal de Ensino, com a média de 1.741 professores, e como as matrículas ainda estão sendo realizadas, a estimativa é de 18.527 alunos iniciem as aulas, de acordo com informações do Censo Escolar de 2022. São 5.814 crianças na Educação Infantil; 12.127 estudantes no Ensino Fundamental; e, na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), são 586. 

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria de Lourdes Ramos Castro, localizada no Loteamento Leonel Brizola, na Vila Maringá, atua desde o final de 2016 na comunidade. Neste ano, 2023, são esperados 650 alunos, desde o maternal até o EJA.

Conforme a coordenadora pedagógica e professora Danielle da Silva Martins, 40 anos, a Escola conta com 42 professores e tem uma parceria com o Instituto Federal Farroupilha (Iffar), por meio da Secretaria Municipal de Educação (Smed), com a turma do EJA Profissionalizante.– No turno da noite temos o curso de horticultura urbana, e esse ano, vamos iniciar uma turma de padeiro, para os alunos que terminam o Ensino Fundamental saírem com a qualificação profissional. E, nossas expectativas estão enormes para a volta. Os professores sabem a importância da escola diante da nossa comunidade – explica Danielle.

A Emef vai ter um primeiro dia muito colorido e cheio de surpresa para as crianças e jovens, comenta a coordenadora pedagógica. Para a professora do 1º ano do Ensino Fundamental Isabel Daiane Macri, 36 anos, as expectativas do retorno são as melhores possíveis.

– Trabalho aqui na escola desde 2018. Esse ano, vou dar aula para a turminha do 1º ano, com alunos de 6 anos, na parte da alfabetização. Como ano passado, já começou a volta ao presencial, as crianças já conseguiram adquirir hábitos escolares. Por isso, esperamos que as turmas alcancem um desempenho ainda melhor nesse espaço escolar. 

Problemas recorrentes

A Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Luizinho De Grandi, na Cohab Santa Marta, no Bairro Juscelino Kubitschek, está, desde 2021, com problemas estruturais. Em janeiro de 2023, após a direção e os professores retornarem do período de recesso, as rachaduras haviam aumentado e estão por todo o prédio. A direção estava incerta sobre a volta às aulas em 23 de fevereiro, pela insegurança que as rachaduras representam. A secretária municipal de Educação, Lúcia Madruga, confirmou à Rádio CDN 93,5 FM a distribuição dos alunos, de 4 a 5 anos, para a Escola Augusto Ruschi, a qual a prefeitura mantém convênio, no mesmo bairro da Emei Luizinho De Grandi, e a interdição do prédio. Os demais alunos serão distribuídos entre as escolas da região.

Segundo a diretora da EMEI Luizinho De Grandi, Andreia de Mello Buss, 75 crianças de 4 a 5 anos vão usar as salas emprestadas na Escola Augusto Ruschi. Já a direção ficará em uma sala emprestada no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) na Nova Santa Marta. Além disso, em torno de 80 alunos da creche serão distribuídos para escolas próximas.

Outra local que está passando por problemas estruturais, é a Escola Municipal Major Tancredo Penna de Moraes, que atende o Distrito de Palma. Em fevereiro, a escola comunicou a situação á prefeitura, e passou por nova vistoria. Desta vez, a escola foi interditada, e o início do ano letivo para 130 alunos começará atrasado.

A escola está procurando locais na comunidade em que as aulas possam ser ministradas. O esclarecimento e atualizações da situação serão discutidas em reunião na próxima quinta-feira (23), no salão da Comunidade Santa Terezinha, no Distrito de Palma. Estarão presentes a prefeitura de Santa Maria, comunidade escolar e técnicos da análise estrutural do prédio.

Distribuição de alunos

A Secretaria Municipal de Educação (Smed), informa sobre outros locais que os alunos vão ser distribuídos para o início do ano letivo:

Centro de Educação Infantil (CEI) Casa da Criança:

Devido à reforma, as crianças da etapa pré-escola da CEI Casa da Criança serão atendidas temporariamente em espaço cedido pela Rede Estadual, nas dependências do Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. Dessa forma, o ano letivo dessa etapa (pré-escola) iniciará no dia 23 de fevereiro, sem haver prejuízo no calendário escolar do ano de 2023.

Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Ione Parcianello:

O Setor de Transporte Escolar/Smed está organizando uma alternativa para o transporte dos estudantes durante a reforma da escola. Até a finalização da obra, os estudantes terão aulas em um espaço do Instituto São José, que fica a sete quadras da escola. Atualmente, a EMEF Ione Medianeira Parcianello atende cerca de 170 alunos, do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

Cenário das Escolas Estaduais

A professora de História e Geografia do Ensino Médio, e orientadora educacional, Zenith Lima Fava

De acordo com informações da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), são 41 escolas estaduais em Santa Maria. A previsão é para atenderem 17 mil alunos, mas até o momento, estão matriculados 11.928. Ainda, conforme a 8ª CRE, não há falta de professores nas escolas, que conta com um total de 1.424 docentes atuantes da Rede Estadual de Educação Básica da cidade.

O Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac, localizado no centro de Santa Maria, em 2023, vai fazer 122 anos de existência. A Escola, atualmente, tem 1200 alunos e em torno de 130 professores. Atua nos cinco segmentos da educação, desde as séries iniciais, anos finais do Fundamental, Ensino Médio, curso Normal – formação mínima para os profissionais que desejam atuar na Educação Infantil e EJA.

A professora de História e Geografia do Ensino Médio, e orientadora educacional, Zenith Lima Fava, 53 anos, atua no Bilac desde 2012. Para ela, a volta às aulas tem um significado de esperança, de amor, de empatia e de perspectiva.– É para isso que estamos aqui, ter esse olhar de acolhimento, e esperamos que os alunos, os pais e a comunidade escolar, possam ter esse olhar conosco. Mas sempre lembrando, que precisamos de recursos, que o governo Estadual dê assistência para uma estrutura mais adequada, para dar esse suporte com toda essa dedicação que nós temos, ou seja dar aquilo que a educação com qualidade exige. 

Infraestrutura necessária

Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac

O Diário produziu uma reportagem sobre as 39 escolas da rede pública estadual da cidade que devem receber verba para executar reformas necessárias. Em Santa Maria, são cinco escolas que estão enquadradas na categoria de urgente, que devem receber maior aporte para recursos. E uma delas é o Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. – Estamos no aguardo da reforma da escola há muitos anos, para que possamos ter qualidade, e acima de tudo, segurança – relata Zenith. 

Outras classificadas como urgente

Escola Estadual de Ensino Médio Santa Marta

Escola Básica Estadual Érico Veríssimo

Escola Estadual de Educação Especial Dr. Reinaldo Fernando Coser

Escola Estadual de Ensino Fundamental Indígena Augusto Ope da Silva

Efeitos na saúde mental

Em 2022, o retorno presencial começou com o uso de máscaras e protocolos contra à Covid-19 a serem seguidos. Neste ano, o retorno é diferente, sem os medos e as incertezas da pandemia. Mas, os efeitos na saúde mental das crianças e adolescentes preocupa as equipes escolares. Dados da pesquisa Covitel (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), de 2022, demonstram que o número de jovens diagnosticados com depressão praticamente dobrou depois da pandemia.

Conforme a psicóloga Luciane Piccoloto, doutora em Educação, além das consequências do período de isolamento para a saúde mental, é importante lembrar das perdas e de todo processo de luto que famílias ainda passam.– Durante esse período, foi um tempo muito longo de incertezas. De não ter previsibilidade de como ia ser, na questão econômica, social, na saúde, e isso gera muita ansiedade, medo, incertezas. E para quem está em fase de desenvolvimento, a previsibilidade é muito importante, por isso a rotina da escola é necessária, porque ajuda a diminuir o medo e a ansiedade.

Segundo a psicopedagoga Franciele Grapiglia, a ansiedade de volta às aulas é algo recorrente e a questão do isolamento social tornou tudo mais complexo para crianças e jovens, inserirem-se em grupos novamente. Os impactos emocionais desse período, vão seguir apresentando sinais, como ansiedade, depressão, diminuição da concentração e do foco. A psicopedagoga afirma que é uma realidade de muitos jovens, o que serve de alerta para pais e para professores. A especialista explica como ajudar e como perceber sinais de que algo não vai bem:

Atenção para o emocional

Perguntar como a criança e o jovem se sentem, porque a ansiedade é diferente de indivíduo para indivíduo

Fazer essa escuta com disposição

Ajudar a manter o vínculo de confiança, para o adolescente/criança falar dos medos e anseios

Para as crianças, é importante explicar como vai ser a rotina. O que vai ter na volta às aulas, o encontro com professores, colegas e atividades

Apontar os aspectos positivos do retorno às aulas

Cuidar a própria ansiedade paterna. Pais ansiosos, geralmente, tem filhos ansiosos

Para os professores é importante deixar o estudante à vontade, oportunizar conversas e falar de outros assuntos além dos conteúdos das aulas, quando possível. O jovem precisa saber que existe alguém que eles possam contar. E se necessário, encaminhar para ajuda especializada

Ficar atento a certos comportamentos: mudança de sono, de hábitos, certas manias podem surgir, como levar objetos à boca, roer unhas, comer de maneira exagerada, ou não se alimentar (perda de apetite)

Se persistir esses sintomas de ansiedade, é preciso buscar ajuda 

O Diário produziu no início de 2023, uma reportagem especial em relação ao acolhimento e a informação, quando é preciso buscar ajuda em serviço de saúde mental de Santa Maria.

AMBULATÓRIO DE SAÚDE MENTAL (HUSM)

São ofertadas mil consultas por mês. O encaminhamento é feito pela Secretaria Municipal de Saúde via Gercon

Horário de atendimento – De segunda a sexta-feira, das 7h às 19h

Público – Atende crianças, adolescentes e adultos

Endereço – Av. Roraima, 1000, Prédio 22, Bairro Camobi. Andar térreo do prédio anexo ao hospital. A entrada é em frente Turma do Ique.

Telefone – (55) 3213 1864

POLICLÍNICA MUNICIPAL DE SAÚDE MENTAL

Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 8h ao meio-dia e das 13h às 17h

Endereço – Rua dos Andradas, sala 102, Bairro Centro

Telefone – (55) 3921-1094

No espaço, está localizado o Ambulatório Transcender, destinado a saúde da população LGBT+

POLICLÍNICA JOSÉ ERASMO CROSSETTI

Horário de funcionamento – De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 12h e das 13h às 16h30min

Horário de acolhimento – De segunda a sexta-feira, a partir das 7h30min. Pela tarde, nas segundas, quartas e quinta-feiras, a partir das 12h30min

Endereço – Rua Floriano Peixoto, 1.752, Bairro Centro

Telefone – (55) 3921-1097

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