Legado e representatividade de Paulo Gustavo são lembrados por personalidades de Santa Maria

Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros nasceu em 30 de outubro de 1978 em Niterói. Apaixonado pela arte, estudou teatro na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, dando início a uma carreira de muito humor, reconhecimento e sucesso, especialmente, com a personagem Dona Hermínia, inspirado em sua mãe, Déa Lúcia Amaral.

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Fora dos palcos, Paulo Gustavo prezava pela família e a convivência com a mãe, o pai Júlio Marcos, a irmã, Juliana e o marido, o dermatologista Thales Bretas, com quem se casou em uma cerimônia intimista, realizada em 20 de dezembro de 2015, no Parque Lage, na Zona Oeste do Rio do Janeiro.

Compartilhando o sonho de serem pais, o casal deu entrada no primeiro processo de barriga de aluguel nos Estados Unidos, em 2017. Em seu Instagram, o humorista anunciou em 13 de outubro de 2017, a chegada de Flora e Gael ao público. Entretanto, por conta de complicações durante o parto, os gêmeos não sobreviveram. A notícia foi dada pelo próprio ator em dezembro do mesmo ano, reforçando que não desistiram deste sonho.

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Em 2019, Paulo Gustavo e Thales iniciaram um novo processo na Califórnia, nos Estados Unidos, desta vez, com duas barrigas de aluguel. O novo passo foi anunciado com felicidade pelo casal aos fãs, que torciam pela chegada de Gael e Romeu. Ainda no Brasil, Paulo Gustavo recebeu a notícia de que seu filho Romeu havia nascido prematuramente no dia 3 de agosto, enquanto ele se preparava para apresentar a peça Filho da mãe, ao lado de Déa Lucia.

O casal se deslocou para um hospital em San Diego, onde o recém-nascido permanecia na UTI neonatal por conta de problemas respiratórios e dificuldades com a ingestão de leite. Romeu ficou internado durante 10 dias, sendo liberado quase no mesmo dia do nascimento do irmão, Gael, no dia 13. Após a chegada dos herdeiros, o humorista e o médico passaram dois meses nos Estados Unidos para a emissão dos passaportes e demais documentos para que os filhos viessem para o Brasil.

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Nesta terça-feira, às 21h12min, o ator Paulo Gustavo morreu, aos 42 anos, devido a complicações da Covid-19. Ele estava internado no hospital Copa Star, em Copacabana, desde 13 de março. Seu legado de representatividade e amor foram relembrados por fãs e membros de diversas comunidades, principalmente a LGBTQIA+, da qual o humorista fazia parte.

– Ele e seu companheiro tem um papel de representatividade muito importante na vida de qualquer LGBTQIA+. Desde a libertação de ser quem se é, até a construção de uma família linda que ele e Thales formaram com seus dois filhos. Para nós, eu e Álisson, foi um alento e um fator motivador. Ver a força deles em construir sua família nos deu forças para ir construindo a nossa. Enquanto eles formavam a família deles com os filhos, Gael e Romeu, nós estávamos à espera dos nossos, já habilitados no processo de adoção. Para nós LGBTQIA+, formar uma família também é resistir. Paulo Gustavo foi, em todos seus momentos, um ato permanente de resistência e representatividade. E formar sua família foi, sem dúvidas, um ato de amor que deixa um legado para toda uma sociedade: o amor não escolhe gênero. O amor escolhe gente. E gente feliz e amada formam famílias. Obrigado Paulo Gustavo. Que toda espiritualidade conforte seus familiares e receba você. Seu legado marcou e ainda marcará a vida de muitos LGBTQIA+.

Cássio Aguiar, produtor editorial. Ele é casado com o designer de moda Álisson Fernandez e juntos, são pais de Erick e Ryan.

– A dor da morte é horrível! Pergunte para quem já passou por essa situação e tente entender o desenrolar de coisas que acontecem no dia a dia, no psicológico e no emocional de quem vivência a trágica situação de perder alguém, de perder um ente querido. O que passa e quais gatilhos desencadeiam na cabeça de quem sofre a dor da perda? Por mais entendido ou não, preparado ou não, toda despedida desperta o sentimento saudosista e triste de nunca mais ver o outro. “N” são os questionamentos que surgem: “e se eu falasse tal coisa?” “e se eu agisse de tal forma?” “e se eu…? Hoje, nos comovemos com a perda de um ator que uniu o Brasil no riso, uniu o brasileiro em oração e agora nos uni na dor da partida. Um ser humano que atingiu o auge, o patamar mais elevado de sua carreira, o SUCESSO, foi quem ele sempre quis ser, deu vida a inúmeros personagens, se libertou publicamente, se entregou em vida, foi julgado por muitos, mas aclamado por muitos outros. A despedida de Paulo Gustavo me leva a refletir, a me ressignificar e acima de tudo, acreditar que a VIDA é agora e que nunca devemos desistir das pessoas que amamos.Sérgio Marques, relações públicas.

– Eu fiquei muito triste com a partida do ator Paulo Gustavo. Acho que ele é um dos melhores dessa última geração de humorista. Ele tinha um trabalho incrível de cuidado com os personagens dele, buscando não agredir ninguém. Eu tive o prazer de assistir a peça 220 volts ao vivo e foi fantástico. Acho que a forma natural com que ele apresentou o marido e a questão da paternidade foi muito interessante, porque ele naturalizou também as outras formas de família, mostrando que é possível e que merecem respeito. Fiquei muito indignado quando vi pessoas e lideres religiosos atacando ele, dizendo que ele era um pecador, que precisava pedir perdão pela vida que levava e pela sua homossexualidade. Eu acho um absurdo ter existido essa discussão. Acho que foi um sofrimento para o esposo, além de estar lutando pela vida do Paulo Gustavo, ter que ouvir isso. Porque, o Paulo Gustavo era um exemplo de delicadeza.

Kalu Cunha, integrante da Associação do Brique da Vila Belga. Ele é casado com microempresário João Jeronimo Sodré.

– Paulo Gustavo foi amado por multidões, pois tinha um dos mais belos dons que se pode ter: fazer rir, gargalhar. Porém, mesmo com a alegria que ele emanava, julgamentos homofóbicos gritavam nas redes enquanto estava internado: “Ele morrerá, pois é um pecador e não pediu perdão”, diziam aqueles que não sabem o que é amor. Mas Paulo é maior que o ódio, ele representa a luta pela liberdade de amar, que todos nós, LGBTQI, enfrentamos diariamente. Sua história é símbolo de alegria, amor, família e união – sua arte está aí, para quem quiser provas. Por Paulo e tantos/as outros/as, nós resistiremos e o amor vencerá!Phillipp Gripp, jornalista e noivo do músico Tom Pessoa, da banda Mantras Molotov.

Em um postagem publicada no Facebook na noite de ontem (4), o prefeito Jorge Pozzobom lamentou a perda e homenageou o humorista.

– Obrigada, Paulo Gustavo, por ter feito o mundo mais leve. Por fazer as pessoas mais felizes, sorrindo ao admirarem o tamanho da tua genialidade! Perdemos Dona Hermínia, perdemos Paulo Gustavo. Hoje, o dia termina triste, mas o céu está em festa – concluiu.