Gentileza no trânsito

Michele

Gentileza no trânsito

Estava a acompanhar as notícias de acidentes e atropelamentos em Santa Maria, como o caso do idoso que morreu ao tentar salvar o neto; e lembrei de uma entrevista que fiz uma vez durante uma reportagem sobre trânsito e mobilidade urbana, em que um comandante da Brigada Militar disse que “o trânsito é uma troca de gentilezas”. Ou seja, quando pedestres e condutores conseguem dividir o espaço com respeito e prudência, muitos acidentes são evitados. Lembrei também da campanha Viva Faixa que foi lançada na cidade, depois de vários casos de acidentes em cima da faixa de segurança.

Quando estive na cidade em dezembro, por pouco um carro não bateu atrás do que eu dirigia – aliás, o carro e uma motocicleta buzinaram para mim – porque parei na faixa. O fato me entristeceu, porque percebi que esse hábito ainda não foi incorporado por todos os condutores. Aqui em Portugal, a lei de dar preferência ao pedestre é respeitada por quase todos os motoristas. Aliás, logo que cheguei precisei “aprender” a dirigir. Os motoristas (maioria) quando veem uma pessoa na calçada junto à faixa, já param. E por haver esse costume, muitos pedestres atravessam sem nem olhar para os lados. Agora, habituada ao trânsito, reduzo a velocidade ao me aproximar das passadeiras – como são chamadas aqui as faixas de pedestres. É hábito também quando se forma uma fila grande de carros, em algum congestionamento, os motoristas deixarem que os veículos que estão nas ruas transversais entrem na fila. Nem é preciso pedir.

Mas nem tudo é perfeito. Em todo lugar, há sempre o que melhorar. Na sexta-feira, aqui em Braga, um acidente ganhou repercussão por se tratar de um atropelamento em cima de uma faixa de segurança em uma das principais avenidas, bem no centro da cidade. A menina carregava um bolo de aniversário para comemorar com os colegas, quando foi atingida por um carro na passadeira. O motorista, um brasileiro de 60 anos, estava sem carteira de motorista e o carro não tinha seguro – que é obrigatório em Portugal. Nem preciso dizer que o caso deu pano para manga nas nas redes sociais: muita gente a comentar que nós, os brasileiros, não sabemos conduzir… não respeitamos a lei e por aí vai.

Mas a verdade é que ser responsável no trânsito não depende de nacionalidade. E também, é claro, que o condutor errou por avançar na faixa e, ainda por cima, por estar sem a documentação obrigatória. O senhor foi levado para a delegacia de polícia. A jovem foi encaminhada ao hospital. Não encontrei nas notícias atualização sobre o estado dela.Mas voltando à entrevista, penso que é mesmo um caso de respeito e prudência mútua. Nem é certo uma pessoa atravessar a faixa sem olhar…nem é correto um motorista não parar ao ver que o pedestre tem a intenção de atravessar a rua. É mesmo uma troca de gentileza.

Quantos acidentes poderiam ser evitados apenas com essa mudança de hábito, com essa visão de que a rua não é só de um ou de outro, mas de todos. Por isso, fica um pedido aos pedestres que sempre usem a faixa; e aos motoristas que deem preferência às pessoas, tendo em conta que, antes de frear, é preciso verificar se não vem atrás um motorista que ainda não aprendeu que essa atitude salva vidas!

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