Acabou no dia 13 o prazo para prestação de contas parcial das campanhas de todos os candidatos. De pronto, e tendo Santa Maria como foco, se pode dizer que quase todos os candidatos receberam montante oriundo do Fundo Eleitoral, o chamado Fundão. E mais, trata-se de troco tão importante que o colunista é capaz de apostar que, nove fora um deles, nenhum outro jamais teve tanto dinheiro disponível para uma empreitada eleitoral, com a mesma origem.
Dentre os mais de 30 concorrentes à Assembleia ou à Câmara, só quatro, conforme os dados disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (e que o leitor também pode consultar no link), nada receberam. Um, como você lerá mais abaixo, por decisão do próprio partido. Os outros três, não se sabe. São eles os concorrentes a deputado estadual Jorge Maretoli (PSC), Patric Luderitz (PL) e Rogério Ferraz (PSB).
Mas, afinal, quais os recursos do Fundão recebidos pelos candidatos locais? Confira a seguir, pela ordem alfabética:
Deputado Federal
Ewerton Falk (PL) – R$ 6 milGerri Machado (Avante) – R$ 110 milJader Maretoli (PSC) – R$ 65 milMaria Rita Py Dutra (PCdoB) – R$ 83.700Nicolas Xavier (Solidariedade) – R$ 10 milPaulo Burmann (PDT) – R$ 50 milPaulo Pimenta (PT) – R$ 1,5 milhãoVinicius Brasil (PSol) – R$ 196.736,47Zaluar Soares (PP) – R$ 30 mil.
Deputado Estadual
Admar Pozzobom (PSDB) – R$ 70 milAlice Carvalho (PSol) – R$ 91.162,24Arthur Heinz (PSD)– R$ 20 milBeto Fantinel (MDB) – R$ 200 milCida Brizola (UB) – R$ 54 milEvandro de Barros Behr(PP) – R$ 60 milIvonete Carvalho (PT) – 48 milJoão Ehlers (Cidadania) – R$ 20 milLuciano Sampaio (Republicanos) – R$ 20 milMaria Helena Rodrigues(Republicanos) – R$ 60 milMoacir Alves (PTB)– R$ 3.400Paulo Ricardo Pedroso (PSB) – R$ 180 milRomário Krug (Avante) – R$ 12 milTony Oliveira (Podemos) – R$ 250 milValdeci Oliveira (PT) – R$ 160.500Werner Rempel (PCdoB) – R$ 125.400.
Por fim, duas observações.
Uma. Por decisão do partido, o NOVO abdicou de qualquer recurso proveniente do Fundão Por isso, seu candidato santa-mariense à Assembleia, Giuseppe Riesgo, só tem doações privadas. Do total declarado, R$ 321.356,33, o maior montante individual veio da “Campanha de Financiamento Coletivo”. Dela provêm 19,44% do total, R$ 62.698,00.
O candidato também registra o recebimento de um troco importante de seu colega de sigla, deputado federal Marcel Van Hatten (R$ 30 mil), e de um quarteto de grandes empresários, cada um deles doando R$ 25 mil. No caso, Wilson Ling, Willian Ling. André Gerdau Johannpeter e José Salim Mattar Jr.
A outra. De todos os candidatos locais, até o fechamento desta coluna, já na noite do dia 15, uma candidata a deputada federal, Ana Neri Knupp, do Podemos, não havia prestado contas. O mesmo aconteceu com um concorrente à Assembleia, Milton Caetano (PP). Outro candidato a deputado federal prestou contas na data legal, sem, porém, registrar qualquer doação. No caso, João Carlos Gilli (PSTU).
Pobreza do trololó eletrônico. As exceções é que deverão se eleger
Foto: Agência Brasil
Alguns exemplos, captados ao acaso, e ouvidos no rádio, um dos veículos (ao lado da TV) do trololó eletrônico eleitoral:
“Resolver os problemas do Estado dá trabalho. Mas estou disposta”, diz uma candidata a deputada estadual na televisão.
E esta: “vou acabar com a ditadura do STF”, de um interessado em morar no Distrito Federal. Noves fora a questão ideológica, legítima, afinal se trata de uma opinião, o efeito prático é apenas histriônico, sequer conseguindo provocar riso.
E ainda tem o lugar comum, citado por cerca da metade dos concorrentes a um posto parlamentar: “em defesa da educação, da saúde e da segurança para todos, vote em…”
Aí estão três exemplos de manifestações de candidatos proporcionais. Não há certeza, do colunista, se o que há aí é ignorância pura das funções a que pretendem galgar ou intenção mesma de enganar eleitor, por esses candidatos considerado pouco mais ou menos que otário.
O bom disso tudo é o que a história não cansa de ensinar. Esse tipo de concorrente medíocre está fadado à derrota – salvo um ou outro dos quais é impossível se livrar. A regra, no entanto, é outra e bem mais promissora: as exceções, isto é, os pretendentes sérios serão a grande maioria dos eleitos. É isso ou a falência da sociedade, cá entre nós.
A licença do Admar e o novo secretário municipal
COLATERAL – Não que tenha sido este o objetivo principal, que foi mesmo ganhar mais tempo, espaço e liberdade para fazer a campanha eleitoral, ele que concorre a uma vaga na Assembleia Legislativa. Mas o fato é que o tucano Admar Pozzobom tem ganho adicional no momento, ao se licenciar do parlamento municipal nesse período pré-pleito: não votará projetos que poderiam eventualmente lhe criar uma saia justa com nichos do eleitorado.
Foto: Jean Pimentel (Arquivo Diário)
HABITAÇÃO – Decisão final sobre isso ficará somente para depois da eleição. Mas um desses passarinhos que cantam bonito sussurrou ao colunista que o mais cotado para assumir a pasta de Habitação, hoje interinamente ocupada por Wagner Bitencourt, e que tinha o vereador Juliano Soares como titular, é o ex-presidente do Legislativo Luiz Carlos Fort (foto). Aliás, Fort, um ex-petista e, ao que se sabe, ainda filiado ao PL, faz campanha para Admar Pozzobom à Assembleia Legislativa.
Luneta
TROCÃO
Basta conferir na nota que abre esta página e rever nomes que já se candidataram a algum cargo público. Nunca antes houve tanto recurso para os candidatos ao parlamento. Os veteranos sabem disso mais que todos: não nadam em dinheiro, claro, mas contam com bem mais que noutras campanhas. Há candidato a vereador, que antecipa agora a campanha para 2024, que ri à toa. Aliás, se não está, deveria.
TROCÃO II
Que se diga, mesmo com bastante troco, especialmente o oferecido pelos próprios partidos, e mesmo, em alguns casos, por financiamento privado, parece bastante improvável que se gaste o máximo previsto pelo limite fixado pela Justiça Eleitoral. Relembrando: no caso gaúcho os concorrentes podem gastar, no máximo R$ 1.270.629,01 (Assembleia Legislativa) e R$ 3.176.572,53 (Câmara dos Deputados).
DUREZA
Para garantir recursos duradouros do Fundo Partidário e acesso ao tempo de rádio e TV, a cada eleição aperta mais sobre as agremiações o torniquete da clausula de barreira. Para ter esse privilégio, o partido, no pleito de outubro, deverá eleger o mínimo de 11 deputados federais ou obter pelo menos 2% dos votos para a Câmara em no mínimo nove estados. É praticamente o dobro da exigência em vigor.
CALENDAS?
Mais uma proposta que fica para o futuro, talvez, distante. Agora é o projeto do edil Getúlio de Vargas, que muda o Código de Posturas e proíbe consumo de bebidas alcoólicas na via pública entre meia noite e 7 da manhã. Depois de um tempão, foi formada Comissão Especial para avaliar o projeto. Pois, agora, o trabalho do colegiado foi prorrogado por mais 30 dias. E assim caminha a humanidade.
PARA FECHAR
Depois de muitas dúvidas, parece que a unidade se deu na bancada na Câmara de Vereadores do MDB local. Isso, bem entendido, em relação à chapa majoritária com o tucano Eduardo Leite (e o emedebista Gabriel Souza de vice) e ao candidato a deputado estadual Beto Fantinel. Agora, querê-los juntos “e agarrados” igualmente para a Câmara dos Deputados, Presidência e Senado já seria pretender demais. Ou não?
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