
Foto: Beto Albert
Ocorreu na sexta, no auditório do Grupo Diário o evento “Plantar Água – Uma iniciativa para discutir soluções para enfrentar o maior desafio do agronegócio: a estiagem”. Autoridades ligadas ao agronegócio, agrônomos, professores universitários e prefeitos da região debateram ações que devem ser enfrentadas nesse momento que o Estado vive impactos pela escassez de chuva, tendo como principal ponto formas de trabalhar com a irrigação.
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Ao debater a estiagem, logo precisamos analisar os efeitos que o La Niña pode causar. O fenômeno atinge o Estado neste ano e deve durar até março.
Uma das consequências mais graves e que afeta os produtores rurais é a forte falta de água.
Um dos palestrantes foi ex-professor de Agronomia da UFSM Enio Marchesan. Ele reforçou que o problema da estiagem deve ser atacado na origem com ações planejadas e algumas com impacto imediato.
– É um momento difícil que o Estado enfrenta porque os agricultores fazem seus investimentos e, depois, não têm o retorno. E se analisarmos, nos últimos quatro anos, três não foram bons, dois de seca e um com chuva excessiva. Então, devemos sempre enfrentar o problema não só na seca ou na chuva, precisa ser feito um trabalho holístico, com organização do setor de produção para que ele seja mais resiliente – disse.
Marchesan ainda destacou alternativas de irrigação, pontuando formas de armazenamento de água e a dificuldade que os agricultores enfrentam hoje em dia:
– A irrigação é fundamental, mas e a água, retirar de onde? Esse ponto é complexo e difícil dos agricultores lidarem com a situação. Nós temos rios assoreados, os pequenos fluentes já pararam de correr água porque seu volume já é baixíssimo. Então, deve ser feito um trabalho antes para que esses rios voltem ao fluxo normal e, com isso, é possível pensar em formas de armazenar água. E claro: algumas lições devem ser feitas na cidade também, não devemos pensar em planos de armazenar água apenas no campo, a cidade também tem seu papel fundamental.
O deputado estadual licenciado e secretário estadual de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel, trouxe dados para auxiliar os produtores rurais e os gestores municipais que já enfrentam os reflexos da seca.
– O que eu puder auxiliar na articulação para buscar recursos, esse é meu papel nesse momento. Nós vamos seguir discutindo soluções, encaminhar e financiar projetos. Neste momento nós já podemos observar os primeiros reflexos da estiagem. É hora de ter planejamento e auxiliar os agricultores. O Estado tem uma média de regime anual de chuva de 1.600 mm/ano, ou seja, esse número permite armazenar água para irrigação e agricultura – disse Fantinel, reforçando que pedirá ao governador Leite verbas para projetos de barragem no Rio Soturno, na Quarta Colônia.
Ele ainda citou que é preciso buscar linhas de financiamento atrativas para o homem do campo ter a disponibilidade de energia elétrica e analisar os licenciamentos ambientais.
Já a prefeita de Nova Palma, Professora Jucemara Rossato, disse que já está agindo no enfrentamento da estiagem.
– Nova Palma já está entrando em situação de emergência e nós já estamos carregando água para os produtores rurais do nosso interior. Além disso, começamos o trabalho de abrir poços artesianos e açudes. Vamos analisar, mas é provável que, na próxima semana, o município entre definitivo em situação de emergência por causa da estiagem – afirmou.
Ainda participaram do evento Mauro Costa Beber, produtor rural e meteorologista; Daniel Gustavo Allasia Piccili, professor nos cursos de Engenharia Civil e Ambiental da UFSM, Luciano Schuch, reitor da UFSM; Tiago Marchesan, diretor do Centro de Tecnologia da UFSM. Ambos disseram que a universidade já ajuda e pode colaboram em mais projetos. De forma online, falou a diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Larissa Rego. Idealizador do encontro, o diretor do Grupo Diário, Carlos Costabeber, promete dar continuidade ao projeto com novas reuniões que resultem em projetos e obras para auxiliar o meio rural.
– A situação no Estado já é dramática, o momento é difícil. Há alguns meses, a gente sofria pela forte chuva e agora estamos aqui discutindo a estiagem. A região da AM-Centro precisa ter projetos de longo prazo, não podemos depender só do poder público, devemos estimular a todos os gestores e pessoas envolvidas com o agronegócio a encontrar soluções. Esse encontro é apenas o primeiro passo, esse é um trabalho que terá continuidade.