
Foto: Mauro Dumke (Divulgação)
As tragédias climáticas impactam a vida de muitos, inclusive, daqueles que trabalham com serviços essenciais, como da área da saúde. Na manhã desta quinta-feira (19), Mônia Emília Dumke da Silva, 42 anos, e Djunior Dumke Abich, 24 anos, tiveram de ser carregados em pá de retroescavadeira, também conhecida como draga, para conseguirem chegar ao hospital onde trabalham, localizado na Vila Paraíso, em Paraíso do Sul.
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Segundo o vereador Mauro Augusto Dumke, 45 anos, que acompanhou o momento em decorrências das chuvas, e que é próximo dos dois, a localidade da Vila Paraíso se encontrava ilhada. Os acessos estavam destruídos. Os dois envolvidos são moradores da Linha Contenda. O local, onde fica uma ponte, é na VRS-502, que começa na Contenda e segue até a Vila Paraíso. Mauro explica que a prefeitura de Paraíso do Sul trabalha com máquinas no local:
– Eles estão dando essa ajuda para o pessoal também se deslocar da Vila Paraíso para a cidade. A prefeitura trabalhou até as 2h desta madrugada para restabelecer aquele acesso.
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Resgate
Djunior Dumke Abich, de 24 anos, é enfermeiro e trabalha no local há cinco anos. Já Mônia Emília Dumke da Silva, 42 anos, é técnica de enfermagem e atua há 23 anos. Eles, que são primos, contam que nunca haviam vivenciado uma situação como esta. No entanto, em maio de 2024, ficaram no hospital por mais tempo do esperado por causa da falta de acesso ao local:
– No ano passado, no mês de maio, quando também aconteceu a enchente, nós também viemos ao hospital e quando chegou a hora de trocar o nosso turno, a gente não tinha mais também acesso para ir embora. Acabamos ficando também duas noites e três dias no hospital. Pelo fato de não ter acesso para conseguir trocar o plantão, pelas condições climáticas e pelos acessos que estavam comprometidos. Nossos colegas também não conseguiam chegar – diz Djunior.
Djunior destaca que a situação é de muita angústia:
– O sentimento que a gente sente nesse momento é de muita tristeza e angústia. Muita gente ainda se recuperando, mas o cenário não é muito favorável. Realmente aconteceram vários estragos, muitos danos, as águas esse ano foram mais fortes, mais violentas, e acabaram atingindo várias casas, várias propriedades, lavouras, ocorreram muitas perdas e prejuízos, tanto no interior quanto na área urbana. Tivemos amigos e conhecidos impactados pelas chuvas. Não é um momento fácil, mas precisamos manter a esperança.

No hospital
Segundo Djunior, não havia energia elétrica no hospital. No local, há apenas gerador:
– No ano passado, a gente ficou 18 dias sem luz no hospital. E esse ano, deste terça-feira, a gente já vem enfrentando problemas com energia elétrica. Fomos informados que vários postes foram comprometidos. A empresa de energia não tinha acesso para restabelecer a energia. Mas segundo informações que a gente recebeu, em breve, eles estão vindo para cá para conseguir restabelecer a energia aqui no hospital.
A luz e a internet foram restabelecidas por volta das 16h desta quinta.
Quanto aos atendimentos, o fluxo diminuiu nestes últimos dias, pela falta de acessos ao local, segundo Djunior, mas o trabalho segue normalmente com a equipe necessária, com médico de plantão e equipe necessária:
– Temos muito orgulho da nossa equipe. Nos apoiamos e não medimos esforços para estar aqui e trabalhar. Agradecemos muito a nossa equipe, a enfermeira responsável, Roberta Ayres e às colegas Magali Ladiski, técnica de enfermagem, e à enfermeira Mara Drescher, por ficarem aqui no hospital até que a gente conseguisse chegar, para troca do plantão. Além disso, agradecemos também ao motorista da draga que nos transportou e também à prefeitura de Paraíso do Sul, pelos auxílios prestados.
Um dos acessos, onde é possível chegar até o hospital, foi recuperado na tarde desta quinta.