Em quatro dias de festas, Calourada 2023 reúne público de quase 60 mil na Gare

Em quatro dias de Calourada, cerca de 58 mil pessoas circularam pela Gare da Viação Férrea. A edição, em um modelo inédito e com uma nova estrutura, apostou na mudança do local, da Praça Saturnino de Brito para a antiga Estação Ferroviária. Nas noites de festa, foram mais de 25 atrações musicais, com shows nacionais e locais. A segurança também foi reforçada, com a atuação de mais de 100 policiais de Santa Maria e de Porto Alegre.

A festa, que marca tradicionalmente a recepção dos calouros da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), começou a ser organizada em janeiro deste ano a partir de uma parceria entre a prefeitura, UFSM e os órgãos de segurança. Na sequência, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) também passou a integrar a equipe que planejou a Calourada 2023.

Público

• Primeiro dia (20 de março): 16 mil pessoas
• Segundo dia (21 de março): 12 mil pessoas
• Terceiro dia (22 de março): 15 mil pessoas
• Quarto dia (23 de março): 15 mil pessoas

Nos dias do evento, foram comercializados bebidas e alimentos na Gare, instalados 52 banheiros químicos, grades/tapumes para isolamento do local, tendas para os servidores da segurança, além de ser montada uma estrutura para shows com dois palcos. Também foram disponibilizadas duas linhas especiais e gratuitas de transporte público de ida e volta da festa. No primeiro e último dia, 500 passageiros foram transportados por hora no Centro e em Camobi.

As atrações musicais reuniram shows nacionais, como o DJ Rennan da Penha e Comunidade Nin-Jitsu. A programação ainda incluiu diversos artistas, como Sandro & Cícero, Samba Move, Dé & Tiago, O Jeito Delas, Arianne TeLima, DJ Grillo Beatz, escolas de samba, baterias universitárias, dentre outros.

No total, o investimento na Calourada foi de R$ 430 mil, verba proveniente do Gabinete do Prefeito e da Secretaria de Cultura de Santa Maria.

Um dos objetivos da mudança de local da Calourada era garantir mais segurança para os estudantes. Além do reforço da equipe que trabalhou no local, também foram utilizadas câmeras de monitoramento do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública de Santa Maria (Ciosp) no espaço e body cams acopladas em uniformes, equipamentos de reconhecimento facial (drone e Plataformas de Observação Elevada) e uma base comunitária móvel da Brigada Militar.

Ao longo dos quatro dias, foram registradas 18 ocorrências, que envolveram ameaça, furtos, lesão corporal, recaptura de foragidos e apreensão de armas e de drogas.

Avaliação

Em entrevista à CDN, entidades que organizaram a Calourada fizeram uma avaliação do evento. O chefe de Gabinete do Prefeito, Alexandre Lima, considerou positiva a edição em novo formato. Conforme Lima, os dias da festa foram históricos para Santa Maria:

– A vida volta ao normal, mas com uma semana que foi histórica e uma ressignificação da Calourada e de obstáculos. A sensação é de dever cumprido. Não tem preço o investimento que foi feito em recursos diretos do município, mas também do governo do Estado, em relação à mão de obra, por exemplo dos servidores, dos policiais civis, dos brigadianos, da estrutura e dos combustíveis. Enfim, tudo isso para a proteção dos calouros. A definição maior da Calourada está no próprio nome, (que representa) boas-vindas (aos calouros), que movimentam muito a cidade, com consumo da própria noite, do comércio e que fazem boa parte da (economia) de Santa Maria girar.

Agora, a ideia é realizar uma reunião de avaliação e já começar a pensar na próxima edição da festa.

O reitor da UFSM, Luciano Schuch, também reforçou essa posição ao afirmar que a festa ocorreu em um local histórico para cidade com grande público, participação dos estudantes e ampla segurança. Schuch ainda acredita que, com a continuidade de um planejamento e uma estrutura adequada, a Calourada pode tornar-se uma marca de Santa Maria:

– Avaliamos de forma muito positiva e não mais como uma questão orgânica, desorganizada, que acontecia na praça Saturnino de Brito. Essa foi a primeira que fizemos (a Calourada) de uma forma conjunta e em praticamente em dois meses conseguimos fazer essa estrutura, em um curto espaço de tempo. Já vamos fazer a avaliação dessa primeira e ver sobre a próxima. Talvez, a Calourada seja a grande marca de Santa Maria, uma festa que poderá reunir estudantes da Região Central do Estado.

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM reiterou que o saldo da Calourada foi positivo para os estudantes e para o cenário cultural de Santa Maria. A representante Sofia Dotto comentou que esse momento pode ser aproveitado para a organização de novas iniciativas para os estudantes na cidade:

– A reincidência do público ao longo dos dias, nos deu segurança de que a Calourada na Gare agradou os estudantes e ganhou a simpatia dos mesmos. Além disso, temos a esperança que este pode ser o pontapé inicial, que caso unido com outras iniciativas e medidas que a prefeitura pode promover, de uma nova era para Santa Maria, uma era que realmente valorize a presença da cultura e do universitário nessa terra que ele ajudou a erguer para ser o que é hoje.

A vereadora Marina Callegaro, responsável pela Procuradoria Especial da Mulher na Câmara de Vereadores, levou a campanha “Não é não – diga não ao assédio” para a Calourada. Ela entende que o evento é importante para fortalecer a cultura na cidade e que, assim como o restante das áreas recebem investimento público, como saúde e educação, os espaços e eventos culturais também merecem atenção. Marina ainda comentou sobre como foi a ação da campanha na festa:

– Acredito que vamos instituir essa campanha de caráter permanente na Procuradoria Especial da Mulher. Dentre as ações da campanha, já fizemos no Carnaval, e estendemos que na Calourada foi muito positiva a receptividade das pessoas para nos ouvir. O que eu mais escutei de muitas meninas é que é uma campanha necessária. Enquanto eu ouvir isso, nós vamos continuar com essa campanha, percorrendo a cidade para que a gente possa combater o assédio.