Como foi o show de 20 anos do Projeto Atoque, na abertura oficial do Mês da Cultura

Ao som de Asa Branca, clássico de Luiz Gonzaga, executada só com a batida da percussão, sonoridade forte e típica produzida pelo Atoque, os 20 anos de história do projeto foram celebrados, na última quarta-feira à noite, no Theatro Treze de Maio. Com 35 pessoas, entre crianças, adolescentes e adultos, o Projeto Atoque levou muita música, percussão e o resultado de duas décadas de oficinais e ações sociais para um grande público. Apesar de outras atividades já terem ocorrido, como a premiação do 16º Salão-Latino Americano de Artes Plásticas, no Masm, na segunda-feira, o show do Atoque também marcou a abertura oficial do Mês da Cultura de Santa Maria.

Para Márcio Tólio, conhecido como “Kbecinha”, diretor geral do Atoque, é especial e significativo para o grupo ser escolhido para abrir oficialmente o Mês da Cultura:

– É uma noite muito especial, são 20 anos de um projeto cultural num país em que temos que resistir para trabalhar nessa área; embora possamos nos orgulhar do título de Santa Maria como “cidade cultura”. Nós temos no palco crianças e também as crianças que cresceram, como eu chamo. Muitas evoluíram conosco e hoje estão aí como músicos profissionais acompanhando artistas e também outros são professores no Atoque.

Márcio Tólio, o Kbecinha, está a frente do Atoque desde o início do projeto. (Foto: Marcelo Oliveira)

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O show contou com a apresentação de dois grupos do projeto. O espetáculo abriu com a apresentação de alunos de 8 a 17 anos da oficina de percussão social do Atoque, carro-chefe do projeto. A oficina é uma parceria com a ONG Estação dos Ventos, da Vila Schirmer, realizada com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura desde 2007, já somando 15 anos em que o projeto é amparado pela lei. Nesse período, já beneficiou mais de 5 mil alunos. Em um segundo momento, foi a vez do Bloco Atoque subir ao palco. Com covers de músicas brasileiras e também músicas autorais, a apresentação ainda contou com as participações especiais dos cantores Pedro Ribas e Daiane Diniz, com quem o grupo gravou uma música recentemente. Para a cantora, o show foi a coroação de um trabalho sério e dedicado.

– O Kbecinha com certeza fez muito pelas pessoas que o projeto tocou e eu sinto muito orgulho de fazer parte desta história, eu e o Rodrigo (Cunha, marido). Participamos com ele deste o início. E o projeto merece vida longa; como eu gritei quando me despedi do palco ontem: vida longa ao Atoque!

Daiane Diniz também participou do show de 20 anos da Atoque (Foto: Ariéli Ziegler)

Conforme Kbecinha, o Atoque está entrelaçado com a cultura de Santa Maria. No 20 anos de existência do projeto, somente em 5 eles não tiveram ações aprovadas pela Lei de Incentivo à Cultura. Os projetos aprovados beneficiam mais de 10 mil alunos entre crianças e adolescentes, a maioria de escolas periféricas e da rede municipal de ensino, como a Emanuelly Escobar Melo, de 14 anos. Ela conta que no Atoque os adolescentes têm a oportunidade de sonhar. A adolescente estuda na E.M.E.F. Padre Nóbrega e participa da oficina de percussão social desde 2019.

– Eu toco repique, agogô e meia-lua. Já participei de vários shows e dei muitas entrevistas. Aprendi no projeto que se sonharmos muito alto e trabalharmos, as coisas podem se tornar realidade – conta Emanuelly.

Os alunos da oficina de percussão social abriram o espetáculo mostrando o que aprenderam durante as aulas. Depois do clássico Asa Branca, foi apresentada uma mistura de ritmos como baião, afoxé e até funk. Carlos Davi Machado, tem 17 anos, mas desde criança sonhava em tocar no Atoque:

– O projeto dá muitas oportunidades para nós, jovens. Eu vejo como uma porta que pode levantar nossa carreira, porque aqui eu toco praticamente todos os instrumentos, até pandeiro.

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