Com baixo estoque de roupas, Campanha do Agasalho precisa de mais doações em Santa Maria

Foto: Beto Albert (Diário)

Prateleira onde deveriam estar os cobertores está vazia — um reflexo da grande demanda e da necessidade urgente por doações.

Adultos e crianças descalços, de chinelo, com roupas curtas ou até mesmo molhadas pela chuva. É assim que muitas famílias de Santa Maria chegam no Mercado da Vila Belga em busca de doações da Campanha do Agasalho. O relato de Lauri Rosa, um dos voluntários da iniciativa, expõe a dura realidade enfrentada por quem não tem como se proteger do frio intenso que voltou à cidade nos últimos dias. O lançamento da campanha foi antecipado justamente para atender prioritariamente as mais de 20 mil pessoas de baixa renda inscritas no Cadastro único (CadÚnico) no município, mas, até agora, as doações seguem abaixo do esperado.

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A ação teve início no dia 17 de maio e segue até 15 de agosto, com cerca de 100 pontos de coleta espalhados pela cidade. As principais necessidades neste momento, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, são por roupas masculinas, roupas infantis, calças, blusões, moletons, cobertores e sapatos.

Expectativa é de aumento nas doações nos próximos dias

Secretário adjunto de Desenvolvimento Social, acompanha a triagem das doações no ponto de distribuição.Foto: Beto Albert (Diário)

Realizada pela Secretaria de Desenvolvimento Social, a edição deste ano foi lançada em um drive-thru solidário na Avenida Medianeira no dia 17 de maio, na comemoração do aniversário do município. Neste dia, foram arrecadados 300 kg de agasalhos. A distribuição teve início no do dia 26 de maio.

De acordo com secretário adjunto da pasta Marcelo Acosta, mais de 500 peças de roupa foram arrecadadas desde então. Neste período, mais de 40 pessoas em situação de vulnerabilidade já buscaram agasalhos no Mercado da Vila Belga.

O movimento, que começou tímido, aumentou após a trégua da chuva na última semana. Mesmo assim, a quantidade de doações ainda é pequena diante da grande demanda.

— O frio está chegando e muitas pessoas passam despercebidas no nosso dia a dia, mas elas realmente precisam de doações. Temos uma boa quantidade de roupas femininas, mas precisamos aumentar o estoque de outras peças. Estamos com falta de cobertores, roupas masculinas, roupas infantis, calças, blusões, moletons e calçados também.

Acosta também pontua que estabelecimentos que desejam ser um ponto de coleta devem entrar em contato com a Secretaria através do e-mail: [email protected].

Uma década ajudando quem mais precisa a enfrentar o frio

Voluntário há 10 anos, Rosa dobra roupas na central de doações e também leva bolo para animar a equipe.Foto: Beto Albert (Diário)

Neste ano, o Mercado da Vila Belga serve como principal ponto de coleta, triagem e distribuição da campanha. É lá que cerca de 10 pessoas, entre voluntários e funcionários da prefeitura, selecionam, dobram e organizam as doações.

O aposentado Lauri Rosa, 63 anos, faz parte do time da Campanha do Agasalho há uma década. Durante esses 10 anos de trabalho, ouviu muitas histórias e conheceu a fria realidade vivida por muitas pessoas:

— Elas (crianças e adultos) vêm descalço, de chinelo. Nos dias de chuva, veio gente até de chambre, com camiseta, e aqui a gente ajuda para elas saírem bem agasalhadas. Não deixamos ninguém com frio, a gente sempre acha uma peça para cada um. As pessoas saem felizes, sorridentes, alegres, aquecidas. É bem gratificante ajudar quem precisa.

Além disso, ele reforça a importância de contribuir com peças que aqueçam, além de cobertores:

— Tem muita roupa de verão que chega. É bom, é bom. Sai, sai. Mas a gente precisa de roupa quente, roupa que aqueça. Isso aqui (aponta para o armário) seria para estar cheio de cobertores e edredons. Não tem nada. Nós não temos coberta para dar para as pessoas se aquecerem de noite. Tem muitas que dizem assim: Ah, molhou tudo de noite com a chuva". E aí vão se cobrir com o quê? Com roupa molhada? Não tem como, né? — reforça.

Corrente de solidariedade

Com o carro lotado de roupas separadas em sacos, o aposentado Sérgio Escobar, 69 anos, precisou de ajuda da equipe para tirar todas as doações do porta-malas. Ele conta que, após o falecimento da esposa, não via sentido em manter roupas sem uso guardadas em casa.

— Em primeiro lugar, a gente vê a necessidade do das pessoas, né? Todos estão precisando, e devemos ajudar. Quem tiver tem que trazer, que faça. E a minha esposa faleceu, então, o que eu vou ficar com um monte de coisa dentro de casa, né? Ajudar aqueles que precisam, né? Isso me motivou. Trouxe blusões, trouxe calça, sapatos, forro de cama, só roupa mais quentes de inverno — conta.

Sérgio (de azul) levou as peças até o Mercado da Vila Belga.Foto: Beto Albert (Diário)

Distribuição

A entrega dos agasalhos é realizada segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia, no Mercado da Vila Belga. Segundo a prefeitura, haverá ainda a entrega em casas de passagem e instituições de acolhimento de crianças e idosos. Entidades interessadas em distribuir os itens em suas comunidades devem entrar em contato com a Secretaria para solicitar kits de agasalhos.

A Secretaria de Desenvolvimento Social está localizada na Rua Tuiuti, 1.586, Centro, e realiza atendimentos de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 13h30min. As solicitações também podem ser feitas pelo telefone (55) 3174-1518 ou pelo e-mail [email protected].

Quer doar? Leve os agasalhos até um destes pontos