Foto: Eduardo Ramos (Diário)
A partir desta segunda-feira (8), começa a funcionar um novo modelo de coleta seletiva em Santa Maria. Até o momento, todas as tentativas do município para implementar um sistema de recolhimento de resíduos recicláveis não deram certo, tanto pela forma de implementação quanto pela aderência da população. Agora, cercada de expectativas, a parceria entre prefeitura e Associação dos Selecionadores de Material Reciclável (Asmar) tende a tornar realidade a coleta seletiva na cidade. Para isso, a comunidade precisa abraçar a iniciativa e fazer o descarte correto dos recicláveis.
Neste primeiro momento, o serviço será destinado apenas para 12 bairros, além de dois públicos específicos: condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais localizados em qualquer área da cidade. O esperado é coletar cerca de 100 toneladas de recicláveis por mês. Com o tempo, a ideia é ampliar o sistema para atender toda a população.
Como será a coleta seletiva
Bairros
- Convencional + seletiva (12 bairros)
Dentre os 42 bairros existentes em Santa Maria, 12 serão atendidos nesta primeira fase de implementação da coleta seletiva. Nestes locais, cada morador terá a responsabilidade de separar corretamente os resíduos, colocando-os nas lixeiras em frente às suas casas. A Asmar vai passar semanalmente recolhendo os recicláveis. Os rejeitos e os orgânicos dos bairros seguem sendo coletados pela Sustentare, empresa que realiza o encaminhamento do lixo para o aterro sanitário.
Cronograma
- Tancredo Neves – segunda-feira e quarta-feira – coleta de dia
- Camobi – terça-feira, quinta-feira e sábado – coleta de dia
- Pinheiro Machado – quarta-feira e sexta-feira – coleta de dia
- Nossa Sra. Mediandeira – segunda-feira – coleta noturna
- Nossa Sra. de Lourdes – terça-feira – coleta noturna
- Nonoai – quarta-feira – coleta noturna
- Noal – quarta-feira – coleta noturna
- Nossa Sra. das Dores – quinta-feira – coleta noturna
- Patronato – sexta-feira – coleta noturna
- Duque de Caxias – sexta-feira – coleta noturna
- Menino Jesus – sábado – coleta noturna
- Nossa Sra. do Rosário – sábado – coleta noturna
Centro
- Conteinerizada + seletiva (para públicos específicos)
Na área central, os 600 contêineres brancos vão seguir sendo utilizados para todo tipo de resíduo, sob responsabilidade da empresa Cone Sul. A mudança é que, agora, condomínios residenciais e estabelecimentos comerciais do Centro e/ou qualquer região do município poderão realizar agendamento para a coleta dos recicláveis também pela Asmar.
- Agendamentos para condomínios e comércio devem ser feitos online pelo Canal Linha Verde da prefeitura ou pelo email da Asmar (galpaodaasmar@yahoo.com.br)
Rejeitos, resíduos e recicláveis: o que são e como separar?
O primeiro passo para implementar a coleta seletiva começa nas casas dos moradores. A sugestão é que sejam dispostas três lixeiras nas residências: uma para o orgânico, outra para o reciclável e uma terceira para os rejeitos.
- Resíduos recicláveis: todos aqueles que podem retornar ao ciclo produtivo, seja no mesmo formato ou em itens diferentes dos originais, como plástico, papel, vidro e metal
- Resíduos orgânicos: são os restos de alimentos, pó de café, erva-mate, cascas de frutas ou legumes
- Rejeito: tudo aquilo que não se pode ser aproveitado. Em casa, são os lixos do banheiro, fraldas e absorventes
Na prática, neste primeiro momento da coleta seletiva, os recicláveis vão ser recolhidos pela Asmar para bairros e públicos específicos. Já os orgânicos e os rejeitos vão ser encaminhados para o aterro sanitário. Nos bairros, essa coleta será feita porta a porta. No centro, basta depositar os orgânicos e rejeitos nos contêineres.
Devido a complexidade, por enquanto, o município não criou um sistema para a população fazer o descarte correto dos orgânicos, que, na teoria, não deveriam ser destinados para o aterro sanitário.
Quem tiver condições e interesse, pode construir ou comprar uma composteira ou biodigestor na própria residência para colocar os orgânicos. A matéria depositada nestes equipamentos passa pelo processo de degradação e transforma-se em adubo orgânico. O líquido gerado no processo pode ser utilizado para fertilizar o solo, em jardins, vasos de plantas e hortas.
Como separar?
Colocar na residência, no mínimo, três lixeiras para cada tipo de resíduo (orgânico, reciclável e rejeito)
- Após o uso e antes do descarte, higienizar todos os materiais, retirando restos de alimentos e líquidos para evitar que contaminem os demais itens (sem a limpeza, a reciclagem pode ser inviabilizada)
- Conferir o cronograma de coleta na plataforma Descarte Legal da prefeitura, depositando nos locais adequados os resíduos para o caminhão da Asmar recolher
O que pode ser enviado para a coleta seletiva
- Plásticos: sacos/sacolas em geral, embalagens pet (de refrigerante, óleo, vinagre), canos e tubos de PVC e embalagens de produtos de limpeza
- Vidro: garrafas, frascos, potes e embalagens de remédios vazias devem ser colocados em recipientes separados, o indicado para o descarte é condicioná-los em embalagens de material firme, que podem ser caixas de papelão, por exemplo; vidros quebrados e outros materiais cortantes podem ser enrolados em material firme (caixa ou papel), bem como dentro de garrafas pet, para evitar acidentes.
- Metal, alumínio e aço: panelas, torneiras, latas de refrigerante e de cerveja, ferragens, chapas, cobre, embalagens de marmitex, tubos de desodorante e enlatados
- Papel e papelão: jornal, revistas, folhas de papel, cartões, cartolinas, documentos, impressos em geral, caixas de remédio e de café (ela disse que poderia ser papel em geral)
- Eletrônicos: CPU’s, estabilizadores, nobreaks, placas eletrônicas em geral, celulares, tablets, notebooks, fios e impressoras
- Sucatas: de ferro, cobre, arame e bens inservíveis de linha branca, como máquinas de lavar, de secar e de lavar louça, geladeira, freezers e fogão
- Embalagens de Tetra Pak: embalagens de suco e leite
- Óleo de cozinha: acondicionado em garrafas pet, bem fechadas
O que não pode ser enviado para a coleta seletiva
- Resíduos orgânicos
- Rejeitos
- Plásticos dos seguintes tipos: copos descartáveis, embalagens PET coloridas, metalizados (embalagens que são coloridas por fora e metalizadas por dentro, como de salgadinhos e biscoitos), adesivos, esponjas de louça
- Papéis: adesivos, papéis e guardanapos engordurados, fotografias, etiquetas
- Porcelana e cerâmica
- Isopor
- Móveis
- Lâmpadas fluorescentes e de led
- Pilhas e baterias
- Pneus
- Materiais de construção civil
*Alguns materiais que não se enquadram na coleta seletiva podem ser descartados em pontos específicos (confira aqui os locais que recebem)
O trabalho da Asmar
Após o recolhimento, os recicláveis são descarregados na sede da Asmar. Por lá, passam, em um primeiro momento pela triagem. Nesta etapa, os trabalhadores veem o que, de fato, pode ser aproveitado e reciclado, separam cada tipo de material e, depois, fazem a distinção por cores, entre branco e colorido. Os papéis e documentos de sigilo passam pela picotadora. O próximo passo para os demais (papéis, plásticos e metais) é a prensa, que faz com que os resíduos sejam organizados em lotes.
Quinzenalmente a Asmar encaminha todos os materiais já compactados em lotes, para uma empresa “atravessadora”, que fica responsável pelo transporte do conteúdo da recicladora até as fábricas de reciclagem. Os únicos materiais vendidos diretamente pela Asmar são o vidro e a sucata retirada dos eletrônicos e eletrodomésticos, e que não necessitam de transporte pelo atravessador.
Expectativas
Agora, com a coleta seletiva, a expectativa dos colaboradores da Asmar é reconhecimento pelo trabalho e aumento da renda. Celina Ramos Moura, 63 anos, é recicladora há mais de 20 anos e espera que, com a iniciativa, possa melhorar a qualidade de vida:
- É uma maravilha, tanto para nós quanto para a população. O pessoal vai saber que estamos limpando o planeta. Estamos aí para isso. Também vamos poder ganhar mais, faz anos que sofremos para conseguir mais salário porque o (preço) do material está baixando. Então, a coleta também vem para agregar ao nosso salário - relata Celina.
Já Margarete Vidal, coordenadora da Asmar, tem expectativa que o usuário conheça mais sobre o processo de reciclagem, e desta maneira, também contribua com o trabalho da associação:
– A nova forma de coleta vai melhorar os ganhos dos associados, a qualidade de vida e a qualidade do material que a gente trabalha aqui. Essa proximidade com a comunidade gera para nós a nossa matéria-prima. Estamos numa força tarefa para que tudo dê certo a partir da segunda-feira, pois a gente tinha uma ânsia a muitos anos pela coleta seletiva responsável, que abrangesse todas as nossas expectativas tanto na questão do recolhimento, como na destinação e, principalmente, para que a gente possa mostrar para as pessoas que esse é um trabalho digno - conclui Margarete.