A programação do Outubro Rosa terminou, mas a prevenção e conscientização sobre o câncer de mama continua. Para tratar sobre o assunto, o Diário entrevistou a mastologista e cirurgiã de mama, Sabrina Ribas Freitas, para saber quais são os sintomas e tratamentos para uma das doenças que mais acometem mulheres no país.
Diário – Se pudéssemos citar sintomas que indicam a presença do câncer de mama, quais seriam?Sabrina Ribas Freitas – As manifestações do câncer de mama podem ser diversas, podendo variar de pacientes assintomáticos, que não apresentam nenhuma queixa e/ou alterações, até manifestações como nódulos (caroços) palpáveis na mama, áreas de retração de pele ou de mamilo, áreas de vermelhidão, como se a mama estivesse em um processo inflamatório, e saída de líquido pelo mamilo, seja ele tipo água ou até mesmo, sanguinolento. Então, existem diversas formas de manifestação.
Diário – Sempre destacamos a mamografia como um dos exames para obtenção de um diagnóstico, especialmente dos 50 a 69 anos, como é preconizado pelo Ministério da Saúde. Como você descreve a importância da realização deste exame?Sabrina – A mamografia é de fato o exame padrão para o rastreamento, ou seja, a detecção precoce da doença. Sabemos que quando a doença é detectada em fase precoce, e isso é fundamental, podemos sim salvar vidas. A probabilidade de cura do câncer de mama pode chegar a 95%, quando detectada em estágios iniciais e a mamografia é o exame com que se faz esse rastreamento. Em pacientes mais jovens, e sobretudo, independente da idade em pacientes que apresentam mamas mais densas, esse exame precisa ser complementado com ultrassom. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a idade de início para o rastreamento é a partir dos 40 anos de idade. Sabemos que não há um consenso universal sobre a idade. A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a partir dos 40 anos, embora sim, o Ministério da Saúde indique a partir dos 50.
Diário – Para quem recebe o diagnóstico de câncer de mama, qual seria o primeiro passo?Sabrina – Primeiramente, a mulher que recebeu o diagnóstico, por mais que seja um momento em geral impactante, deve ser motivada a ficar tranquila e procurar profissionais de confiança. Hoje, temos diversos recursos para poder ajudar essas pacientes da melhor forma possível. Então, é preciso se tranquilizar, buscar o apoio dos profissionais e da família, porque, com certeza teremos uma expectativa positiva para a evolução do tratamento.
Diário – Em quais casos a retirada das mamas é vista como uma opção?Sabrina – Hoje, dentro do contexto de conhecimento que temos, houve uma grande mudança em relação ao paradigma de tratamento da doença. Significa que não existe uma indicação única para todas as pacientes. Cada caso é um caso e isso precisa ser avaliado de acordo com a biologia do tumor, a extensão da doença, o volume da mama, com a possibilidade de acesso que a paciente tem de fazer tratamentos complementares, como por exemplo, radioterapia. Então, não temos como citar uma única indicação ou para a cirurgia conservadora da mama ou para a mastectomia. Cada caso será avaliado individualmente e de acordo com as características da doença e paciente.
Diário – No caso de pessoas que já estão em tratamento contra o câncer de mama, qual é a orientação?Sabrina – Acho que buscar a qualidade de vida neste momento é muito importante. Manter-se positiva. Sabemos que cada fase traz algumas limitações. Manter uma prática regular de atividades físicas, mesmo durante o período de tratamento, pode ajudar na redução da fadiga, do cansaço e na melhora da autoestima. Claro que sempre com orientação e respeitando as limitações. Além disso, que se tenha toda uma rede de suporte, que geralmente deve ser multidisciplinar. A paciente vai ter o médico assistente da parte da mastologia, da oncologia clínica, o fisioterapeuta, o psicólogo, o nutricionista… Essa rede de apoio às pacientes é fundamental para que possamos estruturar e planejar uma adequada abordagem para este momento, que é específico.
Arianne Lima – [email protected]
Foto: Filipe Schaurich
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