Foto: Divulgação
A notícia da morte de Paulo Gustavo, aos 42 anos, por complicações da Covid-19, gerou comoção nas redes sociais já na noite de terça, quando o anúncio foi feito, e segue repercutindo com agradecimentos pelo humor e representatividade à causa LGBTQIA+. Fãs, admiradores e a classe artística nacional se manifestaram entristecidos com a perda.
Em Santa Maria não foi diferente. O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), usou o Facebook para agradecer o trabalho do ator. “Obrigado, Paulo Gustavo, por ter feito o mundo mais leve. Por fazer as pessoas mais felizes, sorrindo ao admirarem o tamanho da tua genialidade! Perdemos Dona Hermínia, perdemos Paulo Gustavo. Hoje, o dia termina triste, mas o céu está em festa”, publicou o prefeito.
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Os atores e humoristas Felipe Mendes e Ricardo Paim têm Paulo Gustavo como grande referência e lamentam profundamente a perda. Para Felipe, que representa o palhaço KatuPiry, o legado que Paulo Gustavo deixa é de naturalidade e espontaneidade:
– Foi isso que conquistou o país. Pensar na trajetória dele, é comprovar que nossas referências, desde familiares, experiências de vida até pessoas que nos atravessaram e nos marcaram são a principal base para utilizarmos em cena, enquanto artista da comédia. Tudo isso aliado à prática e ao estudo faz com que o trabalho seja genuíno. Quando Paulo Gustavo vivencia sua mãe, algo que era tão natural e próprio do artista, ele decola no reconhecimento do país. Ficamos por aqui com toda sua trajetória em nossos corações. Importante ver como o país tem aceitado as produções de comédia e Paulo Gustavo contribuiu com isso através dos seus filmes. Nosso eterno agradecimento pelo tanto que nos ensinou e nos fez felizes.
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Ricardo Paim, que interpreta o Vô Venâncio, ressalta que o humor brasileiro está em luto.
– Digo isso pois se trata de uma pessoa rara, inteligente, talentosa, carismática, trabalhadora da arte. E abre uma cicatriz enorme em mim, de dois meses atrás, com a perda da Deborah Rosa. Porque a Deborah e o Paulo são pessoas que trazem sentido para esse mundo que vivemos. São iguais em grandeza, em representatividade, em generosidade. Precisamos entender que a arte, a vida, uma cena, uma canção, são efêmeras, mas o viver não. Honestamente, mesmo abalado por tudo isso, como artista, tenho a obrigação de seguir esse movimento de levar a alegria, o riso às pessoas. O Paulo nos mostrou um caminho muito seguro da necessidade de nosso ofício e do quanto o amor é necessário em qualquer tempo – relata o Paim.
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HISTÓRIA DO CINEMAUm ator que reconfigurou o humor do cinema nacional e entrou para a história com os recordes de bilheterias. É assim que a jornalista e crítica de cinema Bianca Zasso vê a trajetória de sucesso do ator e humorista.
– Paulo Gustavo se construiu começando no teatro, com o sucesso absurdo de Minha Mãe é Uma Peça, depois foi para a TV com o 220 Volts, outro super sucesso. Minha Mãe é Uma Peça 3 foi a maior bilheteria do cinema brasileiro. Um cara com um personagem baseado na própria mãe, que ele mesmo interpreta brilhantemente, isso é muito poderoso! Ele está muito associado ao que chamam de Globo Chanchadas, que são comédias produzidas pela Globo Filmes. Mas ele é único. No pós-pandemia vamos precisar rir, precisar do humor e ele vai fazer muita falta. Ele é um marco no cinema brasileiro, mas acima de tudo no humor brasileiro, na TV e no cinema. É uma quarta chuvosa e triste, em luto pelo Paulo Gustavo – diz Bianca.
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O jornalista e professor universitário Bebeto Badke diz que a dor da perda é grande, acima de tudo porque o ator se destacava para além do aspecto quantitativo representado pelas bilheterias.
– Algo que o que ele fez de mais importante, foi trabalhar com um humor refinado e doméstico. Um dos grandes legados é esse humor cativante e sem ranço. Familias inteiras se reuniam para assistir aos filmes e rir juntos. Ele não era escracho, não usava piadas sexistas. Era apenas um ator fazendo um papel feminino, de uma mãe que tinha um grande amor e aceitação pelos filhos. Ele tratava a sexualidade com muito respeito e consegue incluir, no filme, a vida pessoal dele. Ele conseguiu, naturalmente, se colocar no mundo como um gay, que era casado e tinha dois filhos e se tornou um icone para esse público. Dificilmente surja alguem brilhante como ele – lamenta.