Amanhecer da Sexta-feira Santa é marcado pela tradicional colheita da macela

Fotos: Tales Trindade

Nem mesmo o forte nevoeiro foi capaz de impedir a tradição da colheita de macela na Sexta-feira Santa (18). Sozinhos ou em grupos, santa-marienses acordaram cedo para garantir a erva símbolo do Rio Grande do Sul, que, segundo a crença católica, tem suas propriedades potencializadas se colhida antes do nascer do sol, quando ainda é tocada pelo orvalho da madrugada.

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Por volta das 6h da manhã, Juliana Carvalho Ferreira, 41 anos, procurava a erva às margens da BR-158 (faixa de Rosário do Sul), junto do marido Robson Carlos Ferreira, 40, que é vidraceiro. Ela repete a tradição herdada pelo pai há, pelo menos, 20 anos. 

Foto: Tales Trindade (Diário)


— Lembro que eu vinha com o pai bem cedo. Ele vinha de bicicleta e nós íamos atrás. Depois,essa tradição cresceu em mim e eu comecei a gostar. Já vim com as minhas filhas, minhas irmãs, minha mãe, meus netos. É gostoso de vir, sabe? Levantar, ver o sereno caindo, sentir o cheiro da marcela. E eu sempre trago o chimarrão, agora a gente vai preparar um chimarrão e vai colocar uma "marcelinha" — conta Juliana, que trabalha com serviços gerais. 


Para Juliana, está cada vez mais difícil encontrar a erva, que cresce em campos ou no acostamento das rodovias gaúchas. Mas, apesar disso, o colhido foi suficiente para, pelo menos, preparar o chimarrão.

Foto: Tales Trindade (Diário)


Entre os carros, motocicletas e bicicletas estacionadas no acostamento da via, há também quem participa do ritual pela primeira vez. Acompanhada da família, a dona de casa Elizandra Quevedo Nascimento, 35 anos, escolheu com cuidado as ervas para levar para casa. Ela conta que nunca havia participado da colheita até ser influenciada pelos irmãos. Com o auxílio do marido e dos filhos, a missão era garantir macela suficiente até próxima Sexta-Feira Santa de 2025. 

— É um momento abençoado, é importante ter esses momentos em família. Nunca tínhamos vindo antes, é bem emocionante. Estamos faceiros aqui, que seja um dia abençoado — comenta.


Foto: Tales Trindade (Diário)


Já o aposentado Elvio José Rodrigues da Silva, 60 anos, colhe as macelas com o auxílio de uma lanterna de cabeça para melhorar a visibilidade. Ele divide a procura com o cunhado, Altamir Costa do Nascimento, 59. Juntos, eles cumprem a tradição há mais de 40 anos e sabem exatamente onde procurar e como identificar a planta.


Da rodovia, mal era possível ver os aposentados Elvio (casaco azul) e Altamir (blusa cinza) na busca pela macela. Foto: Tales Trindade (Diário)

Além da tradição da Sexta-feira Santa

Uma descoberta de equipe do Laboratório de Biogenômica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que estuda o chá de macela, pode auxiliar na busca de novos tratamentos contra transtornos psiquiátricos e neurodegenerativos. Leia mais aqui.


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