A saúde da mulher e a busca por esse direito

Giovane

A saúde da mulher e a busca por esse direito

Seva Levytskyi

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Os cuidados com a saúde da mulher no Brasil têm pouco mais de três décadas em relação às políticas e aos protocolos, mesmo a população feminina ser a maioria: 51,7%. Eles só foram inseridos nas políticas nacionais de saúde nas décadas iniciais do século XX. Antes disso, a temática ficou restrita quase que exclusivamente às questões relacionadas à gestação e aos partos. A partir dos anos 1950, outras medidas começaram a ganhar nova proporção, como o combate à desnutrição e os cuidados com o planejamento familiar. Ao final da década de 1970, a assistência materno-infantil cresceu bastante, com atenção aos cuidados ao período anterior à concepção do bebê e bem-estar da mãe. Nos anos posteriores, foram adotadas novas diretrizes para grupos vulneráveis e atendimento a outras exigências, como sobre os direitos sexuais e reprodutivos.

Para resguardar a importância desse tema e garantir que o público feminino tenha acesso a esse direito que reflete em uma vida saudável, o dia 28 de maio guarda uma data que muitos desconhecem: o Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

As datas foram criadas para chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre os diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres que, conforme dados do último censo do IBGE, representam 51% da população brasileira.

Há também a questão da mortalidade materna que, embora venha caindo, ainda é um ponto de alerta. Dados do Ministério da Saúde mostram que de 1990 a 2015 houve uma queda de 58%, passando de 143 para 60 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Para efeitos de comparação, no Japão, por exemplo, a proporção é de seis óbitos de mulheres por 100 mil nascidos vivos.

A prevenção da mortalidade materna começa antes mesmo da gravidez, com a consulta de planejamento familiar, em que são identificadas quais são as doenças de base da mulher e como tratá-las. Além disso, são estabelecidas medidas preventivas, como melhoria da alimentação e prática de atividades físicas.

A CRIAÇÃO DA DATA E A DEFINIÇÃO DAS TEMÁTICAS

O Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher foi definido no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, ocorrido em 1984, na Holanda, ocasião em que a morte materna apareceu com toda a sua magnitude.

A partir dessa data, o tema ganhou maior interesse e no V Encontro Internacional Mulher e Saúde, realizado em São José da Costa Rica, em 1987, a Rede de Saúde das Mulheres Latino- Americanas e do Caribe (RSMLAC), propôs que, a cada ano, no dia 28 de maio, uma temática nortearia ações políticas que visassem prevenir mortes maternas evitáveis. No Brasil, o Ministério da Saúde definiu o dia 28 de maio, como o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna devido a esse encontro realizado na Costa Rica.

LUTA PELA GARANTIA DE UMA VIDA SAUDÁVEL

A crise de saúde pública provocada pela pandemia de Covid-19 provocou a realocação de recursos e de prioridades, afetando diretamente o acesso de meninas e mulheres aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Além disso, agravou os riscos para essa parcela populacional que vive em vulnerabilidades cruzadas, particularmente aquelas em que os sistemas econômicos e de saúde são frágeis.

Apesar dos progressos, os direitos humanos e, particularmente, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres continuam a ser sistematicamente violados em todo o mundo,

demonstrando que a mobilização, tanto dentro como além das comunidades, continua sendo essencial para resistir aos retrocessos e avançar na luta pela justiça para todos.

O principal objetivo dessa luta é chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre diversos problemas de saúde comuns na vida das mulheres. Câncer de mama, endometriose, infecção urinária, câncer no colo do útero, fibromialgia, depressão e obesidade estão entre as principais doenças que afetam o sexo feminino. Esse quadro é atribuído em parte a dupla jornada feminina: trabalho e atenção a família, fazendo com que muitas deixem, inclusive, de fazer os exames periódicos preventivos.

SOBRE A MORTALIDADE MATERNA

Por definição, a morte materna é o “óbito de uma mulher durante a gestação ou em até 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela”.

Entretanto, a definição não abrange a tragédia que a condição representa. A morte materna, além dos fatores individuais, é a tradução e a manutenção de muitos problemas da nossa sociedade. A partir de uma morte materna, além da perda individual, há um processo de desestruturação familiar que leva a outros desfechos insatisfatórios, principalmente para a prole da mulher morta.

A maioria das mortes maternas é evitável e reflete todo o tipo de iniquidade no contexto regional, nacional ou mundial. É evidente a diferença no risco de morte em decorrência da gestação, parto ou pós-parto entre as mulheres mais vulneráveis, seja por questões sociais, econômicas, étnicas, geográficas ou de acesso aos serviços de saúde.

Existem situações clínicas que se associam à gestação onde a morte é inevitável, como, por exemplo, algumas cardiopatias – e, mesmo nesses casos, o acesso à orientação e à contracepção efetivas, que nem todas as mulheres têm, são formas de se reduzir a mortalidade materna.

Embora tenha ocorrido redução nas taxas de Mortalidade Materna no Brasil, ainda estamos longe de atingir as metas propostas pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).

Atualmente, temos uma condição agravante – a pandemia pelo novo coronavírus. Até o momento, não se sabe o impacto que a nova realidade trará aos desfechos maternos, mas já se delineiam aumento do risco de Mortes Maternas tanto pela associação da gestação à infecção pelo Sars-CoV-2 como pela demora no acesso e busca aos serviços de saúde devido a outras condições associadas à gestação, parto e pós-parto.

A morte materna é acima de tudo uma questão de gênero, pois não existe paralelo para o sexo masculino. É, ainda, um importante indicador de qualidade da saúde ofertada para as pessoas e é fortemente influenciada pelas condições socioeconômicas da população. Em média, 40% a 50% das causas podem ser consideradas evitáveis. O atraso no reconhecimento de condições modificáveis, na chegada ao serviço de saúde e no tratamento adequado, está entre as principais causas das altas taxas de mortalidade materna ainda presentes na maior parte dos estados brasileiros.

O principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal é garantir o bem-estar materno e fetal. Para isso, as equipes de saúde da Atenção Primária devem acolher a mulher desde o início da gravidez (o mais precocemente possível, no início ou até antes da gestação); reconhecer, acompanhar e tratar as principais causas de morbimortalidade materna e fetal e estar disponíveis quando ocorrerem intercorrências durante a gestação e o puerpério.

Fontes utilizadas: www.ipea.gov.br | www.bvsms.saude.gov.br | www.vidasaudavel.com.br

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