Foto: Arquivo pessoal
A estrutura, localizada no interior de Silveira Martins, desabou no dia 1° de maio.
Muito além dos produtos e equipamentos, a família Torri também viu os sonhos e planos completamente destruídos pela força da água. A vinícola Val Feltrina, considerada a mais tradicional do município de Silveira Martins, não passou ilesa pelas fortes chuvas que atingiram o Estado. Da casa onde os vinhos e sucos eram vendidos, apenas a placa ficou em pé. Com prejuízo próximo a R$ 1 milhão, o proprietário Rafael Munari Torri, 38 anos, teme o fim do legado familiar:
— Uma tradição de quatro gerações que será abandonada, infelizmente. Eu não tenho nenhum plano para o futuro, tudo o que foi construído e conquistado nos últimos 20 anos estava ali dentro — relata o proprietário e técnico da vinícola.
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Na vinícola, a única legalizada do município, eram vendidos vinhos e sucos de produção própria. Rafael morava com os pais Arnaldo Torri, 67 anos, e Neida Munari Torri, 69 anos, no segundo andar da residência. Há exatamente um mês, a família precisou sair às pressas da propriedade apenas com a roupa do corpo. A estrutura desmoronou na tarde do dia 1° de maio.
Foi perdido todo o estoque de vinhos e sucos, assim como os equipamentos e insumos. Segundo Rafael, eram produzidos, em média, 20 mil litros de vinho e 25 mil litros de suco por safra.
O estabelecimento também fez parte da história de Santa Maria. Nos anos 1960 e 1970, o vinho tinto Val Feltrina disputava com o vinho branco Chapadão, de Jaguari, o posto de mais vendido no município.
A espera do recomeço
Desde o dia 30 de abril, a família vive em uma casa totalmente mobiliada, emprestada por uma vizinha. Rafael conta que realizou o cadastro na assistência social da prefeitura, mas por enquanto, não recebeu nenhum auxílio.
A remoção dos escombros deve demorar porque há um grande risco de desmoronamento da encosta acima. Até lá, a família deve permanecer na residência cedida pela vizinha, aprendendo a viver em meio a tantas perdas:
— Meus pais estão muito tristes por perder a casinha deles. Casa que meu pai mesmo tinha construído com muito sacrifício — conta Rafael.
O vinhedo da propriedade é o único de Silveira Martins incluso no cadastro vitícola nacional. A área não foi afetada pela chuva.
Em meio às incertezas do futuro, Rafael adianta que não deve seguir com a fabricação dos sucos porque o maquinário necessário para a produção tem um custo muito elevado, mas já pensa em alternativas para não abandonar a viticultura:
— Provavelmente no futuro vou querer continuar trabalhando com isso, pois é a única coisa que sei fazer, e é isso que eu gosto. Acho que vou continuar com os parreirais e fazer um pouco de vinho bem artesanal, daqueles produzidos num galpão mesmo.
Prejuízos
As cidades da Quarta Colônia sofrem com as perdas na produção agrícola e pastoril, além dos danos em acessos por estradas municipais e estaduais.
Silveira Martins decretou situação de emergência e chegou a ter nove acessos ao município interrompidos durante as chuvas. Pelo menos oito casas foram completamente destruídas e 26 tiveram algum tipo de dano. Em entrevista ao programa Bom Dia Cidade, da Rádio CDN (93.5 FM), Sadi Tolfo (MDB), vice-prefeito de Silveira Martins, afirmou que o município está em constante contato com o Ministério das Cidades para encontrar alternativas para construção de moradias.
Estimativa de perdas
- R$ 10 milhões na agricultura e pecuária
- R$ 10 milhões em infraestrutura