Foto: Beto Albert
No dia 31 de outubro, celebrou-se o Dia da Reforma Protestante e os 200 anos da presença luterana no Brasil. Em Santa Maria, a data será marcada pelo retorno dos cultos ao templo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). A celebração ocorre neste domingo (03), às 9h30min.
O culto também marca a etapa final de restauração do templo, que fica na esquina das ruas Barão do Triunfo e Coronel Niederauer, no Bairro Bonfim. Construído em 1873, o templo da é parte do patrimônio histórico do município desde 2002 e, por isso, sua estrutura está sendo restaurada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
– A presença luterana no Brasil coincide com a chegada dos primeiros imigrantes alemães ao país em 1824. Foram 200 anos de caminhada, de construção dessa trajetória – explica o pastor Reinoldo Neumann.
Os trabalhos envolvendo a restauração do templo tiveram início em 2014, quando os primeiros projetos começaram a ser elaborados. Em 2019, o projeto foi autorizado a captar recursos para executar os serviços. Em agosto de 2023, teve início a obra.
– Mas ainda não está pronto. Alguns detalhes do projeto precisam ser finalizados, como a automação dos sinos, a grade das janelas, sonorização, climatização, que ainda dependem de recursos. Vamos seguir com as ações de captação para poder finalizar os trabalhos e, daí sim, concluir a revitalização completa do templo, como consta no projeto – esclarece o pastor.
Imigração
Em maio de 1824, com a chegada dos imigrantes alemães em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. A partir daí, a comunidade luterana foi se espalhando pelo país, principalmente no Rio Grande do Sul.
Em Santa Maria, os primeiros descendentes de alemães chegaram em 1828 com a vinda de militares. Em 1866, foi fundada a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana. Sete anos depois, foi construído o templo que está sendo restaurado.
Primeiros sinos não católicos a badalar no país
Em abril de 1866, foi fundada a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em Santa Maria, que era conhecida como a “Igreja dos Alemães”. Em 1873, foi construída a primeira capela.
Até então, a constituição do Império determinava a Igreja Católica como manifestação religiosa oficial no Brasil. As demais denominações eram apenas toleradas, mas não eram permitidas construções com aspecto de templo religioso.
Em Santa Maria, em 1886, desobedecendo a constituição na época, foi construída a torre do templo e, logo após, feita a instalação dos sinos, que vieram diretamente da Alemanha.
– Os sinos badalaram, pela primeira vez, em 30 de outubro de 1887, o que causa alvoroço. E esses sinos, segundo dados históricos que temos, são os primeiros não católicos a badalarem no Brasil. Costuma-se dizer que eles são o marco da busca ou da liberdade de culto no país. A partir desse badalar, tudo começa a girar para a liberdade religiosa, o que se concretiza em 1889, com a Proclamação da República – relata o pastor Reinoldo.
Em 1942, em função da 2ª Guerra Mundial, o espaço foi violado e incendiado. Todo o mobiliário foi perdido. Na década de 1950, o templo foi reconstruído. Desde então, a comunidade segue atuante no município.