Levantamento inédito realizado pelos cartórios de Registro Civil do Rio Grande do Sul aponta que 41 crianças e adolescentes de até 17 anos ficam órfãos de pelo menos um de seus pais por ano em Santa Maria. Os dados, pela primeira vez consolidados no Estado, mostram ainda que, em 2021, a Covid-19 foi responsável por ao menos um sétimo da orfandade no município, correspondendo a quatro crianças que perderam seus pais por conta da doença, em um total de 28 órfãos naquele ano.
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O levantamento abrange o período de 2021 a 2024, quando foi possível realizar o cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, possibilitando averiguar com exatidão o número de órfãos no país ano a ano. Até a metade de 2019 não havia a obrigatoriedade de inclusão do CPF dos pais no registro de nascimento, inviabilizando uma correlação exata entre ambos os registros, número que ficou consolidado a partir de 2021.
– Esses dados inéditos trazem uma reflexão importante sobre o impacto social da orfandade no Estado. Com o levantamento realizado a partir do cruzamento dos dados dos CPFs dos pais existentes nos registros de óbitos com o registro de nascimento de seus filhos, podemos evidenciar a necessidade de atenção e políticas públicas voltadas ao amparo dessas crianças – afirma Sidnei Hofer Birmann, presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado do Rio Grande do Sul (Arpen-RS), entidade que congrega 422 cartórios de registro civil.
Segundo os dados consolidados pela Arpen-RS, além dos 28 órfãos contabilizados em 2021, o ano seguinte registrou 31 crianças que perderam ao menos um dos pais, enquanto 2023 registrou um aumento para 54 órfãos e, até outubro de 2024, o número já totaliza 53, o que deve superar o recorde do ano passado neste período.
Covid-19
Os dados consolidados do levantamento dos cartórios de Registro Civil apontam que a Covid-19 deixou, desde 2019, sete crianças órfãos de pelo menos um de seus pais em Santa Maria. Se forem consideradas doenças correlacionadas ao coronavírus no período, como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) – um caso – e insuficiência respiratória – três –, o número pode chegar a pelo menos 11 crianças órfãos por causa de doenças relacionadas à Covid desde 2019.
O levantamento ainda aponta reflexo no aumento do número de órfãos em razão do falecimento de seus pais em doenças como infarto, AVC, infecção generalizada e pneumonia, que estiveram relacionadas com a pandemia nos últimos anos.