
Fotos: Beto Albert (Diário)
Orientações e conversas fizeram parte da programação desta segunda-feira (27) em homenagem às vítimas do incêndio da boate Kiss. As atividades foram realizadas na Praça Saldanha Marinho, com início às 18h, em abertura feita pelo presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flavio Silva. Pais, sobreviventes e especialistas falaram sobre esses 12 anos de memória.
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Além de um conjunto de falas, o público ainda pôde conferir mais uma vez a mostra 'Sobrevivi para Lembrar', do Coletivo Kiss: Que não se repita.

Depois, ela segue para a Assembleia Legislativa de Porto Alegre e deve estar exposta ao público na próxima semana, em data a definir.
A união nos dias 27
Cada encontro traz mais força, acredita Maria Tagliapietra, 71 anos, mãe da vítima Luciano Tagliapietra Esperdião, na época com 19 anos. Ela é uma das vozes a falar para o público no momento em que mais outros dois pais contam sobre esses 12 anos. Maria acredita que os encontros podem contribuir para dar força uns aos outros. Para isso, tem a fé como companheira.

– Lembro de uma mãe ter me parado uma vez e me agradecido. Fiquei sem saber o porquê. Ela disse que foi o que falei para ela. Que deu força. Fiquei muito contente. Esses momentos fortalecem de alguma forma. Tem mães que não têm a mesma força. Mesmo que ele tenha ido cedo, ainda agradeço a Deus por ter vivido com ele. Aprendi muito com ele. É isso que levo – narra Maria.
Confira como foi a madrugada de homenagens
Vozes da saudade
Após Maria, falaram Adherbal Ferreira (pai de Jennifer Mendes Ferreira) e Maria Aparecida Neves (mãe de Augusto Cezar Neves). Confira um trecho do que disseram.

Adherbal Ferreira, primeiro presidente da AVTSM
"Não gostaria de estar aqui, nenhum de nós...pela lembrança, pelo motivo. São meses, dias, noites. A nossa Páscoa não é mais a mesma. O Natal não é mais o mesmo. Nosso dia-a-dia parece que não passa. Estamos juntos dentro de uma dor".
Maria Aparecida Neves
"Tem que acontecer essas manifestações, pois já diz o slogan 'Para que não se repita'. Não queremos que outras mães, famílias venham passar pelo que estamos passando. Fazem 12 anos, mas parece que foi ontem. Como para qualquer outro pai, o dia-a-dia é horrível. Lutamos e vamos continuar lutando para a termos justiça".
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Entre relatos de familiares e sobreviventes, esteve a palestra do advogado da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Pedro Barcellos Jr. Ele indica que é comum que familiares perguntem sobre o andamento do processo penal. Agora, a maior dúvida seria se o júri vai ser mantido ou anulado. O que deve ser decidido pela a 2ª Turma da Corte do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão virtual, até 3 de fevereiro.

– A minha vinda, hoje, é para atualizar sobre a situação dos processos, com os possíveis recursos. Também como estão as indenizações. A ideia é falar sobre como está cada etapa. Além disso, precisamos estar próximos e ouvir os pais das vítimas – destacou Barcellos.
As ações são de iniciativa de AVTSM e do Coletivo Kiss: Que Não se Repita.
Especial 12 anos da Kiss