
Foto: Beto Albert (Diário)
A forte estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul no verão trouxe impactos significativos para a produção agrícola. Inicialmente, a expectativa era de um crescimento na safra de verão, com uma previsão inicial de 21,6 milhões de toneladas de soja no Estado. Mas devido à seca, esse número caiu para um pouco mais de 15 milhões de toneladas, uma redução de 30,4% na produção de grãos. Além disso, somente 11% da área da soja foi colhida até o momento. Os números foram apresentados pelo presidente da Emater, Luciano Schwerz, na abertura da Colheita da Soja, em Tupanciretã, na manhã desta sexta-feira (21).
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Antes disso, ele falou com exclusividade ao programa Bom Dia, Cidade! na Rádio CDN 93. FM, sobre o balanço da safra e os impactos da seca nas lavouras do Estado. A cultura ocupa mais de 6 milhões de hectares dos solos gaúcho, e é considerada uma grande geradora de renda para os agricultores.
– Preocupa muito o setor agropecuário. Isso porque o impacto da estiagem é muito severo, inclusive na Região Central. Estávamos monitorando a situação e imaginávamos que a produção seria fortemente impactada. Agora, chegamos no momento da colheita, e esses dados se consolidam, em que podemos prever que muitos produtores terão dificuldades, inclusive para saldar os seus compromissos.
Sobre a queda de 30,4% na expectativa da safra de grãos, ele explica que os impactos da estiagem foram diferentes em cada região do Estado. Para a Região Central, por exemplo, Schwerz explica que a média de produtividade esperada era de 54 sacos por hectare. Porém, a realidade vista no campo cai praticamente pela metade:
– Na região de Santa Maria, o impacto (da estiagem) é maior. Estamos prevendo uma produtividade média de 25 sacos de soja por hectare. Ou seja, é uma perda bem maior do que nas outras regiões. Isso corresponde a 60% da produção esperada inicialmente.
Levando essa realidade para cifras, são R$ 14 bilhões que deixarão de estar na economia gaúcha.
– O produtor gastou o seu dinheiro para produzir. Ele investiu na semente, no equipamento, no produto, no fertilizante. Fez tudo para ter a produção. Porém, o que ele não vai colher é o lucro. É um impacto bastante significativo.
O presidente da Emater também afirma quais estratégias precisam ser pensadas neste momento, já projetando o plantio de inverno:
– É o momento de discutirmos estratégias, pois precisamos pensar em soluções para os agricultores. Rotatividade de culturas, cultivo de outono/inverno para ter uma renda diferente da convencional. Precisamos estimular o agricultor a não parar, não baixar a guarda e seguir produzindo. A agricultura produz alimento.
Confira a entrevista completa:
Prejuízo milionário no distrito de Santa Flora

No início do mês de fevereiro, o Diário foi até o distrito de Santa Flora, interior de Santa Maria, e contou a realidade da família Boemo, que planta soja há mais de 20 anos e possui mais de 700 hectares. Por lá, na época, a família já projetava prejuízos na casa do R$ 1 milhão.
Porém, no momento da colheita, a realidade encontrada se tornou ainda mais crítica: sem grandes períodos de chuva, a produção ficou em 25 sacos por hectare. Com isso, o prejuízo calculado aumentou para R$ 3 milhões, segundo conta o Engenheiro Agrônomo Filipe Cerolini Boemo, 23 anos:
– O prejuízo foi bem maior do que esperavámos. A estiagem, que já estava ruim naquela época, persistiu e piorou a situação. Todas as áreas foram afetadas.
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