Foto: Arquivo Pessoal
A adolescente Maria Júlia Cáurio da Silva, 15 anos, aproveitava as férias com familiares na praia de Governador Celso Ramos (SC) quando passou mal e foi levada ao hospital. O que seria uma suspeita de virose, de acordo com a família, se confirmou em um quadro agudo de dengue, com o falecimento da moradora de Santa Maria no dia 27 de fevereiro no Estado vizinho.
Nesta segunda-feira (4), o Diário conversou com a colunista Luciane Ribeiro Cáurio, mãe de Maria Júlia. Ela relata que a filha era natural de Alfenas (MG), mas morava desde os três anos em Santa Maria. Maju, como era chamada carinhosamente pelos amigos, visitava o pai e o irmão que moram em Santa Catarina.
Prestes a ingressar no 1º ano do Ensino Médio no Colégio Fátima, a adolescente gostava de estar rodeada de amigos e familiares. Também adorava viajar e ler. Mas, segundo Luciane, a grande paixão da filha tinha duas cores: vermelho e branco, do Sport Club Internacional.
– A Maria Júlia era fanática pelo Internacional. Chorava se o time perdia! Era uma das pessoas mais fanáticas que já conheci, ia com bastante frequência ao Estádio Beira-Rio para assistir aos jogos. Ela adorava – lembra a mãe.
Além disso, conta que a filha era uma pessoa muito organizada:
– Era a minha companheira de academia. Era regrada na alimentação, na caminhada... Sempre gostou de planejar tudo. Era muito madura para a idade dela.
Sempre nas férias de verão, Maria Júlia viajava para Santa Catarina, justamente para matar a saudade do pai, Marcelo da Silva, 45 anos e do irmão, Juan Pablo, de 19 anos, que moram no município de Rio do Oeste. Ambos viajaram para curtir alguns dias de praia em Governador Celso Ramos. Em contato com a mãe por mensagens, relatava que a viagem estava "perfeita".
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Um dia antes de retornar para o Rio Grande do Sul, a adolescente passou a sentir dores e foi encaminhada para atendimento médico pelo pai. No começo, a suspeita era uma simples virose, porém, o estado de saúde piorou de forma rápida. Conforme Luciane, a família recebeu a confirmação de dengue pelos médicos.
– Ela teve uma lesão no fígado, fez um transplante, porém o organismo rejeitou e ela precisou de uma nova doação. Ela morreu no bloco cirúrgico, enquanto seria submetida ao segundo transplante. De acordo com o laudo, ela teve insuficiência hepática aguda por complicações da dengue.
Segundo Luciane, Maria Júlia faleceu no dia em que o irmão por parte de pai, Pedro Miguel, completou 10 anos. A mãe diz que guardará, para sempre, as melhores memórias e ensinamentos que aprendeu com a filha:
– Eu sou filha única e planejei ter filhos. Queria ter um menino e uma menina, Deus me abençoou com o casal. Ela sempre me transmitiu amor e paz. É isso que quero levar comigo.
Recentemente, como forma de eternizar esse amor, Luciane tatuou o nome da filha. Ela compartilhou esse momento por meio de suas redes sociais:
– Ela era uma pessoa querida por muitas pessoas, eu não imaginava que era tanta gente. Mesmo jovem, minha filha também passou por uma breve experiência de conhecer o amor. Fico feliz por ela ter vivido isso, ter sentido um amor puro.
A partida de Maria Júlia completará uma semana nesta terça-feira (5). Por isso, uma missa está programada para ocorrer a partir das 19h, na Igreja Fátima.
Dengue
Luciane relata que quando recebeu o diagnóstico de dengue da filha, confessa que não imaginava a proporção que isso iria tomar.
– Quando me ligaram e informaram que a Maria Júlia havia positivado para dengue, confesso que não me desesperei, pois pensei que ela ficaria em repouso e retornaria de viagem depois, com o pai. Jamais imaginei que poderia afetar diversos órgãos e causar complicações dessa forma. Isso é muito grave, muito perigoso. As pessoas precisam se cuidar.
No dia 27 de fevereiro, a reportagem do Diário entrou em contato com Ministério da Saúde para entender como funcionam os prazos de confirmação da causa da morte. Segundo a pasta, “como ocorreu hoje (terça-feira), o óbito ainda pode ser inserido no painel de arboviroses entre hoje e amanhã (quarta-feira). Ainda deve ocorrer o processo de investigação para confirmar se foi devido a dengue ou não”. Caso a suspeita seja confirmada, o dado deve ser computado por Santa Catarina por ser Estado em que a jovem veio a óbito.
Na tarde desta segunda-feira (4), a reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde de Santa Catarina buscando a confirmação do diagnóstico de dengue. Porém, não houve retorno até a publicação desta matéria.
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