
A perícia técnica do IGP apontou que a causa do acidente envolvendo o ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), ocorrido no último dia 4, foi uma falha nos freios do veículo, com o laudo identificando como problemático o lado esquerdo do freio traseiro, que apresentava desgaste excessivo, com as zonas de atrito praticamente no fim. Em entrevista ao vivo no programa F5, da Rádio CDN, o delegado responsável pela investigação, José Romaci Reis explicou que, em uma estrada plana, o ônibus funcionaria normalmente, porque os freios das outras rodas compensariam a falha da roda traseira esquerda, mas em uma descida acentuada, a falha nos freios comprometia a segurança do veículo.
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Reis explicou que o desgaste ocorreu na lona do freio, que estava tão distante do tambor que precisou ser esticada excessivamente até o mecanismo de acionamento (em formato de S) virar, o que fez com que o sistema de frenagem parasse de funcionar, deixando a roda sem freio e sem condições de uso.
— O laudo aponta que as lonas do freio traseiro da roda esquerda estavam sem condições de uso, ou seja, excessivamente gastos. Naquela circunstância, elas estavam inoperantes, não freavam mais o veículo. E isso provavelmente foi uma das causas do acidente, o que levou o ônibus a descer a Serra sem controle — explica.
Segundo ele, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) afirmou que teria realizado uma revisão geral do ônibus em novembro do ano passado, mas não apresentou documentos que comprovassem a revisão. O mecânico responsável pela manutenção do veículo declarou que fez uma revisão geral em 2023, mas desde então, não teria realizado mais nenhum serviço no ônibus.
Segundo o delegado, a assimetria no desgaste dos freios pode ter ocorrido porque, em alguma manutenção, a lona do lado esquerdo foi considerada a menos gasta e, por isso, não foi substituída, o que acabou contribuindo para o desgaste excessivo e a falha no sistema de frenagem.
— Se a revisão fosse feita adequadamente, provavelmente isso não aconteceria. Então, foi falta de manutenção, com certeza — afirma o delegado.
O inquérito, que é de responsabilidade da Polícia Civil, já está em fase de finalização. Segundo o delegado José Romaci Reis, a equipe analisa a possibilidade de realizar uma nova perícia no ônibus para verificar outras possíveis irregularidades que não puderam ser esclarecidas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) devido à falta de equipamentos adequados.
— Eu terei que contratar ou nomear peritos fora do IGP para que façam este levantamento — afirmou.
Posicionamento da Universidade
A UFSM foi procurada pela reportagem e informou, por meio da assessoria de imprensa, que "como não receberam nada oficialmente, não irão comentar o assunto neste momento."
Tacógrafo
Segundo Reis, o disco do tacógrafo do ônibus foi encontrado, mas ele pediu análises complementares do IGP para ter certeza de qual foi a velocidade do ônibus nos últimos quatro quilômetros de trajeto. A intenção é saber qual era a velocidade quando o veículo começou a descer a serra e qual o pico de velocidade pouco antes de sair da pista e cair no barranco.
O delegado informou que ainda faltam ser ouvidos dois motoristas e duas vítimas do acidente. Ele afirmou também que, até o momento, não há definição sobre quem será indiciado no caso.
