Enchentes

As desigualdades das catástrofes climáticas neste Dia Mundial no Meio Ambiente revelam quem mais sofre seus efeitos

As desigualdades das catástrofes climáticas neste Dia Mundial no Meio Ambiente revelam quem mais sofre seus efeitos

Foto: Beto Albert (Diário)

Registro do deslizamento no Morro do Cechella, na Rua Canários, em 2 de maio.

Muitas paisagens não são mais as mesmas no Rio Grande do Sul, principalmente nas áreas em que residem populações mais vulneráveis. Pelo menos 600 mil pessoas procuraram casas de familiares ou foram para abrigos após as enchentes, que se iniciaram ainda nos últimos dias de abril. Uma pauta que já era pertinente se tornou urgente após a catástrofe climática enfrentada pelo Estado e o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado nesta quarta-feira (5), é o momento oportuno para uma reflexão. Em Santa Maria, pelo menos quatro eventos estão previstos para discutir esse tema durante a semana. 


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Todos foram atingidos, mas os dados mostram mais. Na região metropolitana de Porto Alegre, as populações negra e de baixa renda são as mais afetadas. O recorte foi produzido pelo INCT Observatório das Metrópoles, analisando o alcance da enchente até 6 de maio, e cruzando dados com o Censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


E naqueles locais em que o território e a cultura são foco de preservação, as comunidades tradicionais, as perdas se aproximam aos 100%. No relatório de impactos das chuvas e cheias de maio da Emater, 92% das aldeias indígenas no território gaúcho decretaram situação de calamidade ou emergência. Elas estão localizadas em 62 municípios.


Perto disso, 88% dos povos quilombolas foram atingidos diretamente. E quanto aos pescadores artesanais, somam mais de 700 famílias desalojadas, com 2,8 mil equipamentos perdidos e apetrechos danificados


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Impactos desiguais

As transformações do social a partir das catástrofes climáticas aparecem com vários nomes – catástrofe socioambiental, emergência climática, desigualdade ambiental, justiça socioambiental, racismo ambiental. E, muitas vezes, a população afetada não conhece esses termos, mas revive constantemente os mesmos problemas.


Há um ano, em maio de 2023, eram 115 pontos de Santa Maria sujeitos a alagamento, inundação e deslizamento de terra. O levantamento da Defesa Civil somava 4 mil moradoras nesses espaços. Um deles, o Morro do Cechella, está há anos entre os locais monitorados. É comum ver intervenções para impedir deslizamentos. Em 1º de maio, duas mortes foram registradas no local após deslizamento.



Observando fenômenos, os dados apontam para os efeitos desproporcionais da catástrofe. Uma análise que leva em consideração grupos étnico-racial. A problemática é estudada pelo Núcleo de Estudos Afro Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal de Santa Maria. Seu coordenador, Anderson Luiz Machado dos Santos, destaca:


– Os processos ambientais como esse que estamos enfrentando no Rio Grande do Sul afetam de maneira diferente as populações. Depende de organização social e também dos espaços em que cada grupo social acaba vivendo. Se analisarmos os dados, sobretudo da região metropolitana de Porto Alegre, percebemos a reposição de um padrão. Aqueles que têm as desigualdades sociais mais acentuadas são justamente as pessoas que mais sofrem com as catástrofes socioambientais.



Se há ocupação das áreas de risco é pela ausência do Estado, avalia o coordenador do Neabi. O resultado é a população em periferias e em encostas de morro, por exemplo. E ainda complementa que a gestão de risco e os investimentos sociais, se aplicados, podem dar frutos. 


Quatro eventos para participar na Semana do Meio Ambiente


OAB subseção Santa Maria 

  • Evento – Semana do Meio Ambiente 
  • Quando – Quarta-feira (5), às 14h. Encerramento é as 17h40min
  • Local – Alameda Buenos Aires, 323, Bairro Nossa Sra. Das Dores


Comitê pelo Meio Ambiente

  • Evento – Roda de conversa “De Onde Veio e Para Onde Vai Toda Essa Água?”
  • Quando  – Quarta-feira (5), às 18h 
  • Local – Auditório do Diário, RSC 287, Faixa Nova de Camobi, 4975
  • Palestrantes – Engenheiro florestal e extensionista rural da Emater Marciano Loureiro Filho falará sobre “Microbacias Hidrográficas de Santa Maria RS (Caminho das Águas)”. A engenheira ambiental e especialista em Sustentabilidade e Políticas Públicas Letícia Viana Osório abordará o tema “Relato sobre uma frente de trabalho voluntário para o auxílio aos atingidos pelas enchentes”. Na sequência, o engenheiro florestal da Secretaria do Meio Ambiente de Santa Maria Gerson Vargas Peixoto vai palestrar sobre “Relatos de um novo olhar para uma Santa Maria mais resiliente”


Conselho Municipal do Meio Ambiente (Condema) 

  • Evento – Painel Gestão das Águas em Santa Maria. Análise das microbacias dos rios que cortam a cidade e propostas de ações de prevenção e para resolver conflitos.
  • Quando –  Quinta-feira (6), das 9h às 18h
  • Local –  Prédio 14 do conjunto 3 da Universidade Franciscana (UFN), na Rua Silva Jardim, 1.175


Shopping Praça Nova

  • Quarta (5) –  Edições especiais dos programas Jogo de Cintura e Fim de Tarde, do Grupo Diário, com convidados que falarão sobre sustentabilidade e coquetel da Multiplaspel
  • Quinta (6) – Ação de plantio de mudas em praças e canteiros
  • Sexta (7) – Participação na reunião do Conselho Municipal do Meio Ambiente
  • Sábado (8) – Drive thru de reciclagem. Das 14h às 18h, visitantes do Praça poderão ir de carro até o Boulevard para deixar materiais recicláveis para descarte adequado pelo shopping e pela Multiplaspel. Serão aceitos papelão, papel, plástico, metal, vidro, lâmpadas, óleo de cozinha e eletrônicos.


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Bibiana Pinheiro

bibiana.pinheiro@diariosm.com.br

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