Em entrevista ao Diário, o coordenador da Vigilância Ambiental em Saúde de Santa Maria, Denoide Mezeck, demonstrou preocupação com o cenário local:
– Fazendo a análise técnica deste 34 casos, isso preocupa, sim, porque já temos um histórico de três anos tendo surtos na mesma região. Porém, o que acontecia anteriormente: os surtos começavam mais tarde ou, se começavam nesta época, não tinham tanta profusão como está tendo este ano. Na verdade, estes 34 casos são os notificados. Mas, a nossa vivência em campo tem mostrado que muitos casos não são notificados e que as pessoas que adquiriram nem procuram um serviço de saúde. Isso nos preocupa muito.
Conforme Mezeck, a equipe está atuando em diversas regiões do município para eliminar os focos, sendo a Oeste uma prioridade. Nos últimos três anos, foram registrados surtos de dengue em bairros desta localidade.
– No primeiro ano, tínhamos um núcleo mais centrado na região da Nova Santa Marta. No segundo ano, tivemos (os bairros) Nova Santa Marta, Parque Pinheiro Machado e Tancredo Neves. O ano passado também era nesta área e abriu para um espaço maior no Bairro Juscelino Kubitschek. Este ano verificamos principalmente Juscelino Kubitschek e o Bairro São João que, até então, não tínhamos muitos casos – elenca.
Acompanhando as últimas atualizações sobre o modus operandi do mosquito Aedes, que transmite a dengue, zika e chikungunya, a Vigilância Ambiental em Saúde busca atuar efetivamente no combate. Mezeck cita estudos que demonstram que muitos mosquitos conseguem manter o vírus viável mesmo no ovo, o que permite que a doença seja transmitida imediatamente nas primeiras picadas. O profissional também faz uma análise sobre motivo pelo qual uma maior incidência de casos é registrada na Região Oeste:
– Aquela região é uma região próxima a rodovias, muito provavelmente, começaram os surtos há três anos atrás ali justamente por isso, por estar próximo de uma rodovia, por ser um bairro domiciliar ou tem um recolhimento de materiais naquela região. A partir do momento em que o vírus começa a circular, torna-se bastante difícil fazer um controle. Fazemos, mas é algo sazional. É para aquele momento, para aquele ano. E muitas vezes, acontece isso de eclodir e recomeçar de novo o ciclo.
Santa Maria registrou três vezes mais casos confirmados de dengue em 2022 em comparação com ano anterior
Cenário da dengue em Santa Maria*
Casos confirmados – 34
Casos em investigação – 27
Bairros com casos registrados – Juscelino Kubitschek (13), São João (6), Pinheiro Machado (2), Duque de Caxias (2), Centro (2), Tancredo Neves (1), Urlândia (1), Camobi (1), Itararé (1), Campestre Menino Deus (1), Nonoai (1), Nossa Senhora das Dores (1), Nossa Senhora de Fátima (1) e Nossa Senhora do Rosário.
*Atualizado em 24 de março de 2023
Fonte: Boletim Epidemiólogico de Santa Maria
Diagnóstico e atendimento
Entre os principais sintomas da dengue, estão:
Febre alta
Dor de cabeça
Dores no corpo e articulações
Cansaço
Fraqueza
Dor atrás dos olhos
Manchas vermelhas na pele
Em alguns casos, o paciente também pode apresentar erupções e, na forma mais grave da doença, dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas. Extravasamento de plasma ou hemorragias são considerados sinais de alerta, porque podem levar o paciente a choque grave e óbito. Ao apresentar qualquer sintoma, a prinicipal orientação é procurar imediatamente uma unidade de saúde mais próxima.
De acordo com Mezeck, os atendimentos de possíveis casos de dengue nas redes pública e particular aumentou bastante:
– Tem muita gente procurando, inclusive, buscamos fazer reuniões com outros setores para que consigamos fazer uma frente de ampla divulgação tanto nos cuidados quanto nas questões de notificações, para que tenhamos rapidamente este material e façamos um controle efetivo. Então, tem ocorrido bastante procura nos postos de saúde e na rede privada também, além dos pronto-atendimentos, que já é de costume.
Conforme o estágio em que se encontra a doença, o quadro de saúde do paciente pode agravar, chegando ao óbito. Até o momento, Santa Maria não regista mortes em decorrência da dengue.
– Temos a doença se manifestando de duas formas: a clássica, com alguns sintomas como a gripe forte. Mas, eventualmente, em alguns pacientes, ela pode evoluir para a forma hemorrágica, com sangramentos internos. Essa dengue hemorrágica pode levar a casos mais graves e, inclusive, a óbito. Felizmente, nós não temos isso aqui em Santa Maria – afirma o coordenador da Vigilância Ambiental em Saúde.
Para monitorar o cenário como um todo, a Vigilância Ambiental em Saúde tem alinhado também a comunicação com laboratórios da rede particular, mesmo que estes indíces não sejam contabilizados diretamente no boletim epidemiológico municipal.
– Na Vigilância, não trabalhamos somente com os casos positivados. Todos que são suspeita de dengue. Então, precisamos ter esses resultados, especialmente os que dão positivo, o quanto antes. Uma semana que percamos com relação ao controle é uma geração nova de mosquitos que estará sobrevoando e transmitindo. Então, precisamos nos antecipar – conclui Mezeck.
Foto: João Vilnei/PMSM
Eliminação do mosquito
Atualmente, o trabalho da Vigilância Ambiental em Saúde envolve também as visitas domiciliares nas regiões com registro de presença do mosquito da dengue. Nestes espaços, a eliminação dos criadouros, ou seja, locais que juntam água parada, é feito de forma mecânica. Mezeck também elenca outras medidas tomadas pelo órgão, como pastilhas com duração de 60 dias, neste processo:
– Utilizamos o larvicida mais em locais que não temos como retirar, do ambiente, o determinado criadouro. Que naquele momento, consigamos resolver a situação, mas que posteriormente vá acumular água. Fazemos este controle químico com o larvicida que são as pastilhas. Antigamente, usavamos um pó parecido com uma areia.
Outra medida conhecida da população é a pulverização com maquinas costais, que é recomendada para locais com muitos casos confirmados. Na manhã desta terça-feira (28), Santa Maria realizou a primeira pulverização do ano para combater os focos do mosquito. Uma nova ação deve ocorrer na quarta-feira (29), no Bairro São João. A prefeitura reforça que o trabalho será cancelado e agendado para outra data, caso chova.
Em maio do ano passado, ações de fumacê foram feitas em bairros da Região Oeste, contando com veiculos da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ª CRS). Por conta da escassez de inseticida, a estratégia para Santa Maria pode acabar sendo outra.
– Este ano, estamos prejudicados devido a situação de escassez de insumos. Então, há um indicativo do Estado para priorizarmos primeiro todas essas ações e posteriormente, eles entrariam com esta caminhonete – enfatiza Mezeck.
Faça a sua parte no combate ao mosquito Aedes Aegypti
Mantenha a caixa d’água sempre fechada
Encha de areia, até a borda, os potes e os vasos de plantas
Não deixe a água da chuva acumular em recipientes
Mantenha tampados tonéis e barris de água
Guarde garrafas de cabeça para baixo
Recolha seus resíduos
Use repelente
Utilize inseticida em locais escuros (perto do chão e proximidades de piscina)
Atenção às piscinas, especialmente as de plástico
Denúncias
Além dos cuidados e medidas, a população santa-mariense pode auxiliar na localização e denúncia de possíveis pontos de dengue. Entretanto, Mezeck alerta sobre a necessidade de filtrar as informações neste processo:
– O principal foco das denúncias deve ser os criadouros (do mosquito Aedes aegypti). Recebemos muitas denúncias sobre pátio sujo, sanga que passa e outras situações. Temos poucos agentes e estão quase todos trabalhando diretamente onde está ocorrendo a transmissão viral. Então, as denúncias devem visar, sobretudo, aqueles locais que tem materiais com água limpa e parada, ou seja, onde há acumulo de pneus, caixas d’água e piscinas que estão abandonadas.
Caso você suspeite de um foco da dengue, denúncias podem ser feitas para a Superintendência de Vigilância em Saúde das seguintes formas:
Pelo telefone (55) 3921-7159
Preencher o fomulário na página do site institucional
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