Uma professora de Rafael Winques foi a primeira testemunha ouvida na manhã desta segunda-feira (16), no Fórum de Planalto, no norte do RS, durante o julgamento de Alexandra Salete Dougokenski. Mãe de Rafael, ela é acusada de matar o filho em maio de 2020. Ela tinha 11 anos. O Tribunal do Júri é presidido pela juíza Marilene Parizotto Campagna e formado por sete jurados (quatro mulheres e três homens). No final da manhã, teve início o depoimento do delegado de Polícia Ercilio Carletti, que comandou as investigações.
A professora Ana Maristela Stamm foi a primeira testemunha ouvida em plenário, a pedido do Ministério Público. Ela não quis que o seu depoimento fosse transmitido pela internet. A docente lecionou ciências e artes na turma de Rafael por cerca de um mês, antes de as aulas serem interrompidas devido à pandemia, em março de 2020, mas informou que o conhecia da escola, de anos anteriores.
Ela o descreveu como um aluno disciplinado, querido, porém, muito quieto.
– Ele fazia as atividades com muita rapidez. Ele nunca conversou, nunca ouvi a voz dele.
A professora não sabia da vida pessoal do menino, mas disse que ele tinha amigos com quem gostava de brincar com jogos eletrônicos. Em aula, Rafael não levantava da cadeira, não ria, não brincava, e isso chamava a sua atenção, pois destoava do grupo. À defesa de Alexandra, a professora informou que Rafael era muito educado, sempre estava bem apresentado, com roupa boa e material escolar de primeira, assim como o irmão mais velho.
Quando o aluno estava desaparecido, a testemunha ajudou nas buscas e também foi na casa do garoto, assim como outras professoras, mães e até alunos. Ana disse que o tratamento sempre foi cordial, apesar de observar que a mãe “se mostrava tranquila” demais com a situação. “Parecia fria”, frisou. Lembrou que Alexandra chegou a fazer uma brincadeira mesmo após o menino ter sumido: “Vamos ver se ele não tá na gaveta? Vamos ver se ele não tá na panela?!”, e que isso a chocou.
O pai
O delegado Ercílio Carletti falou por mais de três horas e disse que acreditava no desaparecimento de Rafael e que trabalhou com hipóteses diversas, como sequestro para fins libidinosos, crime envolvendo internet ou mesmo que o menino pudesse estar com o pai, Rodrigo Winques, já que havia divergências entre o casal em relação à guarda do filho. Rodrigo foi o primeiro a ser investigado e não havia indicativos de que ele tivesse levado o filho.
O julgamento foi interrompido por volta das 20h e retorna na terça-feira (17) nàs 8h30min.