176 famílias estão aptas pelo programa Aluguel Social a encontrar novos lares em Santa Maria

Fotos: Beto Albert (Diário)

Embora as fortes chuvas que atingiram Santa Maria e outros municípios gaúchos já tenham passado, os impactos ainda são visíveis, especialmente quando se fala em moradia. No dia 1º de maio, a servente de limpeza Carina da Silva Castronovo Farias, 39 anos, precisou escolher entre a casa que sempre chamou de lar ou a segurança de toda a família.

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Carina, o marido, o pedreiro Geimer Farias, 53, e os filhos Cleber, 21; Enzo Mikael, 10, e Linda Yohanna, de apenas 4 anos moravam em uma residência na Rua Canário, no Bairro Itararé.  A filha de Carina, Amanda Vitória, 19, o marido, Ramon Lopes, 22, também viviam lá. Todos residiam a cinco casas de distância da área atingida por um deslizamento de terra, que resultou na morte de duas pessoas, além de diversos estragos.

Foi horrível. Eu estava trabalhando quando meu marido me ligou e disse que tinha caído a casa da vizinha. Até então, eu segui trabalhando. Ligaram-me novamente depois e disseram que, na verdade, eram três casas. A minha irmã também disse que não conseguia falar com o meu marido e que não tinha notícias dele ou das crianças pequenas. Eu não tinha noção do que estava acontecendo. Era o aniversário da minha filha pequena, que estava fazendo 4 anos naquele dia. Eu só sai correndo. Quando cheguei lá, já estava aquele tumulto – conta.

As famílias ficaram 16 dias na casa de parentes. Mesmo voltando ao lar, a servente de limpeza afirma que a rotina já não era mais a mesma:

– Quando voltou a luz, retornamos para casa. Só que ocorreu a segunda tragédia, que foi quando pegou fogo na casa do vizinho e meu filho menor ficou desesperado. Naquele momento, percebemos que precisávamos sair dali.

Em 22 de maio, as famílias foram até o Centro Administrativo Municipal para requisitar o cadastro no programa Aluguel Social. Aos poucos, a incerteza foi dando lugar a esperança. No mesmo dia, os atestados de autorização para buscar uma casa ou apartamento em qualquer bairro ou região de Santa Maria foram entregues.

Além das famílias de Carina e Amanda, o esteticista canino Luis de Lima, 22, que também era morador da Rua Canário, foi contemplado. Na segunda-feira, as três famílias se mudaram para um mesmo prédio no Bairro Nossa Senhora do Rosário. O processo contou com o apoio logístico da prefeitura. 

Estou muito feliz que estamos todos juntos aqui e que não foi preciso ir um para cada lado. O mesmo local está abrigando a todos – comenta Carina, sorrindo.

O pequeno Enzo também ajudou na mudança da família para o novo lar

A iniciativa

O programa Aluguel Social se fundamenta na Lei 6.896, sancionada pelo Executivo Municipal no dia 10 de maio de 2024. A proposta autoriza o pagamento do aluguel de famílias atingidas pelas fortes chuvas ou que vivem em áreas de risco em Santa Maria. A expectativa é de que 300 moradias sejam providas pelo Executivo. Os primeiros atendimentos do programa iniciaram no dia 13 na Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária. 

Conforme o secretário da pasta, Wagner Bitencourt, a iniciativa é diferente de outras já existentes no país:

A Lei do Aluguel Social não é um auxílio, por isso ele difere das demais legislações que trabalham o tema no Brasil inteiro. Estamos passando o valor cheio da locação e não apenas um complemento ao aluguel de R$ 500 ou R$ 600.

O programa permite o pagamento de um aluguel de até R$ 1,2 mil, incluindo condomínio e IPTU.  O valor é depositado pela prefeitura diretamente na conta do locador, que pode ser o proprietário do imóvel ou a imobiliária. Até quarta-feira (29), 415 atendimentos referentes ao Aluguel Social foram realizados, sendo que 225 requisições seguem em análise.

– O desafio hoje que estamos enfrentando é o tempo, que não está favorecendo. Muitas famílias estão nos procurando. Hoje temos 62 contratos assinados e mais de 170 atestados de beneficiário do Aluguel Social já emitidos pelo município. Uma situação bem interessante que percebemos é que muitos particulares estão ofertando casas ou apartamentos para locação, usando inclusive o modelo de contrato fornecido pela própria Secretaria de Habitação – relata Bitencourt.

A distribuição de fichas para atendimento no programa Aluguel Social ocorre das 8h ao meio-dia no térreo do Centro Administrativo Municipal. O prédio está localizado na Rua Venâncio Aires, 2.277, Bairro Centro.

As requisições para ser beneficiário da iniciativa passam por um comitê técnico, sendo que o cadastro e a entrega do atestado de autorização só são feitos após o aceite. O documento é autenticado digitalmente e atesta que o locatário terá o aluguel pago pelo Executivo.

Dos 176 atestados emitidos, mais de 100 foram para moradores da Rua Canário e cerca de 35 para famílias da Vila Nossa Senhora Aparecida, também conhecida como Churupa. Os dois locais também contam com registros de mudanças. Até o momento, a prefeitura auxiliou em 23 mudanças, sendo 19 da Rua Canário e quatro da Vila Nossa Senhora Aparecida para novos locais.

Famílias dos bairros Km3, Urlândia, Nova Santa Marta, Camobi, além de outras localidades, também teriam sido contempladas, conforme a prefeitura. Para mais informações sobre o Programa Aluguel Social, entre em contato pelo telefone (55) 3174-1517 ou WhatsApp (55) 99153-4870. 

Em poucas horas, veio a confirmação de que as famílias de Carina (centro, roupão azul), Amanda (à esq, blusão preto) e Luis (último à dir.) seriam contemplados pelo programa

Casos indeferidos

Durante a análise, o comitê técnico indeferiu 17 requisições para o programa. A situação também foi comentada por Bitencourt:

A questão do indeferimento já era prevista. Algumas famílias não se enquadram na situação. É importante enfatizar que não é um mutirão da habitação. Mas sim, uma força-tarefa para ajudar as famílias atingidas pelos eventos climáticos a partir do dia 30 de abril. Em um caso especifico, a pessoa nos procurou e comentou que queria ‘dar um tempo’ do local onde morava. Logicamente, o requerimento dela foi indeferido.  

Aluguel Social em números

  • Atendimento – 415
  • Requisições em análise – 225
  • Requisições indeferidas – 17
  • Atestados emitidos – 176
  • Contratos  – 62
  • Mudanças (com apoio logístico da prefeitura) – 23

Dado atualizado até 29 de maio

Fonte: Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária de Santa Maria

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Arianne Lima

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