Fotos: Beto Albert (Diário)
O campus sede da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) retomou suas atividades presenciais nesta quarta-feira (2), mas ainda assim está longe da normalidade. Próximo ao meio-dia, um dos horários de maior movimentação, um número menor de alunos circulava no campus. A comunidade acadêmica ainda se recupera dos casos de infecção gastrointestinal que apareceram desde a última quinta-feira (26), e ainda tem o desafio de diminuir o risco de contágio.
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Foram dois dias sem atividades acadêmicas e administrativas presenciais, segunda (30) e terça-feira (1º), após 30% a 40% dos alunos relatarem estar com náuseas e diarreia, sintomas ligados ao rotavírus, que desencadeou em gastroenterite. Esse número pode ser ainda maior.
O rotavírus é um vírus que possui alta taxa de contágio e pode ser transmitido por contato pessoa a pessoa, ingestão de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados. Já a gastroenterite é uma inflamação causada de forma viral ou bacteriana que atinge o estômago e o intestino.
Ações de higienização
O retorno é acompanhado de uma série de medidas de higienização, que exige um cuidado da instituição e frequentadores. Os sintomáticos devem ficar em casa. Quem retornar às atividades deve priorizar a limpeza das mãos, principalmente após usar ambientes coletivos. A parte da UFSM é disponibilizar estrutura para isso.
A instituição indicou em nota que iria reforçar as equipes de limpeza dos banheiros em todas as unidades de ensino e a disponibilidade de produtos como álcool gel, sabonete, sabonete líquido e papel toalha para todas as unidades.
As alunas do curso de Engenharia Aeroespacial Júlia Daros e Bruna Berbel, ambas de 18 anos, aguardam essa alteração no Centro de Ciências Naturais e Exatas. Elas tiveram aula na unidade na manhã desta quarta, e não sentiram diferença.
– Falta álcool gel nos banheiros e corredores. Está tudo a mesma coisa – relata Júlia. E sua colega Bruna complementa, ao questionar como farão para seguir a normativa de higiene sem os itens.
Em resposta, a UFSM indica que as equipes de limpeza dos banheiros foram reforçadas. E a pedido da gestão, o almoxarifado central entregou os itens necessários para a higienização para todas as unidades.
Restaurante universitário
A unidade que presta o serviço de alimentação é o Restaurante Universitário. Nesta quarta-feira (2), foram adotadas medidas durante o atendimento. Somente os moradores da Casa do Estudante (CEU) e os alunos que possuem Benefício Socioeconômico (BSE) puderam fazer suas refeições.
Conforme a gestão, eles estão trabalhando com 30% da capacidade normal. A contenção do público é uma estratégia para diminuir a onda de contágio, explica o diretor do RU, Joeder Soares:
– Nessa semana, firmados os protocolos junto com a vigilância sanitária. Na entrada, os usuários precisam, lavar a mão ou usar do álcool gel e usar luvas para acesso aos buffets. Também não estamos servindo água no refeitório e o público está reduzido.
Ainda não foi apresentada o motivo desse número de casos. Pelo quantitativo de estudantes da UFSM que buscaram atendimento, a primeira suspeita foram os alimentos do Restaurante Universitário ou a água da instituição. Conforme avaliação do setor de equipe da universidade, a água foi descartada. Ainda está em curso o diagnóstico dos alimentos.
Casa do Estudante
O morador da Casa do Estudante Willian Gabriel Nienow, 23 anos, acompanha a movimentação da casa. Conforme as informações que circulam, a recuperação ainda está instável.
– Tenho vários amigos que ficaram doentes, com bastante diarreia e vômito. Desde quinta-feira, as pessoas não têm conseguido se alimentar direito, alguns estão bem debilitados,que não conseguem nem levantar da cama. Tenho uma amiga que se recuperou um pouco e depois voltou de novo mais forte. Então é esse ciclo assim. Acho que também vai muito da imunidade de cada um – relata Nienow.
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Sintomas
- Os sinais e sintomas clássicos do rotavírus, principalmente na faixa etária dos 6 meses aos 2 anos, são as ocorrências repentinas de vômitos. Na maioria das vezes, também podem aparecer, junto com os vômitos;
- Diarreia com aspecto aquoso, gorduroso e explosivo;
- Febre alta
Onde buscar atendimento médico
- Ao ter sintomas, procurar atendimento em: unidades básicas de saúde
- Casos mais graves: Unidade de Pronto Atendimento/Husm
- Aos moradores da Casa do Estudante: 1⁰ atendimento na Saúde da Casa - prédio da Prae, 48d
Prevenção
Algumas medidas podem prevenir a infecção, como a administração da vacina para rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) em crianças menores de 6 meses;
Outras ações de prevenção incluem práticas de higiene e consumo adequado de alimentos, tais como:
- Lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, tocar em animais;
- Lavar e desinfetar as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
- Proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais (guardar os alimentos em recipientes fechados);
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas e de boca estreita para evitar a recontaminação;
- Não utilizar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados;
- Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada. Quando não houver coleta de lixo, este deve ser enterrado;
- Usar sempre a privada, mas se isso não for possível, enterrar as fezes sempre longe dos cursos de água;
- Manter o aleitamento materno (aumenta a resistência das crianças contra as diarreias), evitando o desmame precoce.