Foto: Nathália Schneider (Diário)
Filas extensas, listas de compras e queima de estoque são sinônimos da data de descontos imperdíveis, a Black Friday. Com menos de um mês para a data comercial que nasceu nos Estados Unidos e se propagou pelo mundo, os comerciantes intensificam os preparativos para o fenômeno no Brasil. Sempre na última sexta-feira de novembro, neste ano, será dia 24. Conforme o Sindicato dos Lojistas do Comércio de Santa Maria, o Sindilojas Região Centro, em Santa Maria, o comércio se prepara para cativar o consumidor local.
Em geral, conforme o presidente do sindicato, Ademir José da Costa, no ano passado, 330 lojas assinaram o termo de adesão à campanha, no entanto, mais de 600 decoraram para chamar o público.
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A reportagem do Diário ouviu um pesquisador do tema sobre as principais dicas para que o varejo e seu público saiam satisfeitos. Alberto Guerra é professor da Faculdade Unimetrocamp/IBMEC e autor do livro Black Friday no Brasil (2019). Sua experiência de 20 anos no varejo e a análise do comportamento de lojistas e consumidores durante suas pesquisas contribuem para algumas dicas:
- O consumidor tem que ter ofertas atraentes, com descontos verdadeiros na medida do possível. Não adianta falar que está dando 70% de desconto se o consumidor sabe que você está dando 10% e ele perceber um real valor
- O comportamento transparente instiga o consumidor ao prazer de buscar uma pechincha, a caça ao tesouro. Isto incentiva o garimpo tanto na loja física, como na online
- Para os pequenos varejistas, a dica é se preparar para atender a sua base de clientes. Criar experiências para aproximar o cliente que compra recorrente em um ambiente amistoso
- Investir em divulgação contribui para novos clientes, como nas redes sociais e em serviços de entrega na data
- O momento é oportuno aos prestadores de serviço, como academias, salões de beleza, ao apresentar descontos por planos semestrais, por exemplo
- Campanhas pensadas e bem feitas trazem benefícios na compra de produtos e serviços adicionais, e instiga o consumidor a ir várias vezes ao ano no estabelecimento ou acessar via plataforma digital
Descontos “sem pé nem cabeça”
“As pessoas imaginavam que as coisas tinham preço de banana, só que não é assim que funciona nos Estados Unidos e muito menos aqui no Brasil”. A colocação do professor Alberto Guerra ressalta um ponto importante, as condições possíveis de desconto.
– Muitas vezes os descontos são avassaladores nos Estados Unidos, mas o que faz toda diferença é a forma de tributação dos dois países. Com os tributos daqui, fica muito difícil do varejista dar 50% de desconto em uma calça, por exemplo. E, nos Estados Unidos, ele pode dar os 50%, e vai pagar de imposto sob metade daquele valor. Se você vai para eletrônicos, a sua margem já é bem menor. É um produto muito desejado para os consumidores e tem possibilidades muito menores de desconto.
Dica para o consumidor
Nas palavras do professor, a Black Friday funciona como uma oportunidade para acessar produtos desejados, como cafeteira elétrica, AirFryer ou degustar um determinado vinho. O ritual se repete ano após ano.
O mecanismo que irá ajudar o consumidor a comprar sem cair em golpes da “Black Fraude” é a pesquisa. Conforme Guerra, o monitoramento de preços contribui para que haja um norte quando chegam as promoções.
– Funciona como um ritual de consumo. Se um ano foi satisfatório, no próximo ano irá repetir. Eles vão se planejar, monitorar o preço desse produto com antecedência. Começa em agosto e, assim, o cliente percebe que é verdadeiro – lembra Guerra.
Onde o comerciante ganha?
Com o consumidor bem informado sobre o preço médio dos preços, a mágica da ação comercial ainda acontece. Atraído por uma mercadoria ou serviço com desconto, outros itens podem chamar atenção do cliente – e estes não estão na promoção. Estes casos são acompanhados, na maioria das vezes, com a possibilidade de parcelamento. No final, são estes os momentos que o varejista recompõe sua margem de lucro.
Black Friday
- Nos Estados Unidos, a data era um momento de sair do vermelho, que no caso era voltar a lucratividade, ou seja, para a tinta preta. Por isso, usa-se Black Friday – sexta-feira preta.
- Nos Estados Unidos, a data vem depois de outro momento de intensas vendas, logo, o objetivo é limpar os estoques e vender tudo que sobrou das oportunidades anteriores
- O Brasil foi um dos primeiros países a adotar a Black Friday, em 2020. Antes dele, existia o Saldão de Natal em janeiro, as promoções eram para limpar estoques
- 2015 se falava muito de falsos descontos. Com o passar do tempo, a mensalidade do consumidor e varejista foram evoluindo