Assim como uma torcida, quem foi ao ato contra a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), neste domingo em Santa Maria, vestiu as cores do país ou colocou a camisa da seleção brasileira e pregou a unidade nacional para, assim, se conseguir o impeachment da chefe da nação.
A exemplo dos dois protestos anteriores - o de 15 de março e o de 12 de abril - em que o primeiro reuniu 10 mil pessoas e o segundo com 2 mil, desta vez, foram 3 mil, segundo a Brigada Militar (BM). Contudo, a organização foi mais otimista na adesão, que estima em 6 mil.
Os pedidos, materializados em cartazes ou entoados a plenos pulmões, eram pela renúncia de Dilma, a prisão do ex-presidente Lula e a extinção do PT. Os casos de corrupção do mensalão e o da Petrobras também foram creditados na conta do PT para justificar o fim do partido. As críticas do público foram estendidas ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, conforme os manifestantes, sofreu um aparelhamento pelo PT.
Alguns manifestantes mais alterados, muitas vezes, disseram palavrões em canções de ironia à presidente e ao seu padrinho político, Lula. Famílias, casais, idosos, crianças e, até mesmo, cachorros se concentraram na Praça Saldanha Marinho. No trajeto, selfies e fotos da manifestação.
Dois caminhões de som deram suporte ao ato que, a partir das 15h30min, saiu da praça e percorreu o viaduto Evandro Behr, a Rua do Acampamento e a Avenida Medianeira e se encerrou, às 16h35min, na Basílica da Medianeira. No trajeto, críticas ao alinhamento do governo federal a países com regimes de esquerda, como Bolívia, Cuba e Venezuela. Também teve discurso de contrariedade ao programa Bolsa Família e de dúvida ao resultado da eleição que, em 2014, deu a reeleição de Dilma.
Intervenção militar
Alguns manifestantes defenderam a intervenção militar. Um homem de cerca de 50 anos carregava um cartaz que dizia "militares: defendam nossa democracia", o que é um ato ilegal e contrário à Constituição.
As opiniões se dividiram nos discursos pró-Exército. Porém, os elogios foram consensuais ao Ministério Público, à Polícia Federal (PF) e, principalmente, ao juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, que está à frente da Operação Lava-Jato.
Estado poupado de críticas
Uma situação chamou a atenção no ato da tarde de ontem: não se viu críticas à gestão de José Ivo Sartori (PMDB), que chegou a parcelar os salários do funcionalismo público estadual. Sartori passou incólume ao tom severo dos manifestantes.
Em um determinado momento, foi dito que a crise financeira do Rio Grande do Sul se agravou nos últimos 12 anos, em referência ao tempo que o PT governa o país. Porém, a crise financeira do Estado é estrutural e remonta, pelo menos, às últimas três décadas. Não esteve no radar dos manifestantes qualquer menção ao pacote do Piratini que deve ser encaminhado, nos próximos dias, à Assembleia Legislativa e que prevê elevação tributária.
Mesmo sem ser um ato partidário, políticos marcaram presença. Por lá, passaram passaram filiados ao PSDB, o vereador Tavores Fernandes (DEM) e o deputado estadual, o tucano Jorge Pozzobom e provável candidato à prefeitura de Santa Maria no próximo ano.
"