Mesmo antes da casa própria, o carro é considerado o sonho de consumo quase unânime dos brasileiros. Porém, muitas vezes, a decisão de adquirir um meio de transporte individual próprio, tendo acesso ao conforto à praticidade que ele proporciona, se baseia em uma falsa sensação de economia.
Porém, o gasto com o veículo próprio, mesmo sem usá-lo diariamente é alto. Em uma simulação feita pelo Diário com a ajuda de economistas, um carro gasta R$ 20 por dia, apenas ficando na garagem. Por isso, o veículo próprio é, cada vez mais, um bem de consumo, e não deve ser visto como um investimento.
Houve uma época, em meados dos anos 1980, que o carro era um investimento, uma maneira de proteger o dinheiro da inflação galopante e, quando fosse revender, obter um certo lucro. Mas com a estabilização da economia brasileira, isso não ocorre mais explica o economista, professor da Unifra e coordenador da Clínica de Finanças, junto ao Procon, Alexandre Reis.
Segundo Reis, naquela época o carro podia ser comparado a um imóvel, bem que, até hoje, mesmo para quem já tem a casa própria, pode ser uma opção de guardar dinheiro e vê-lo multiplicar-se.
Ao contrário, o carro é como uma TV. Por que alguém compra uma TV? Para ter um conforto, assistir a programas a que antes não assistia, para sanar um desejo de consumo. O carro é isso também. Em troca de um preço alto, dá conforto e praticidade completa o economista.
Em vez de valorização, como no caso dos imóveis, o carro sofre depreciação, que é a perda gradual do valor de revenda, acompanhada pelo desgaste das peças e perda no rendimento. O valor da depreciação é usado por empresas que possuem veículos e varia de 10% a 20% ao ano, conforme o economista. Colocando essa parcela na soma dos gastos antecipa-se a desvalorização do veículo no momento da revenda, em comparação ao preço pago por ele.
Por isso, avaliar bem quanto custa comprar um carro e mantê-lo é importante para assegurar a saúde financeira da família. Essa avaliação é benéfica, diz Reis, principalmente para famílias que têm o segundo ou terceiro veículo para ser usado esporadicamente, para sair à noite ou viajar. Nesses casos, a comparação do gasto com o uso de táxis para andar na cidade, e de ônibus, para viajar, pode ser vantajosa.
Em cinco anos, valor poupado chega a R$ 54 mil
Para avaliar decisões do ponto de vista econômico, os economistas indicam o chamado cálculo de custo-oportunidade. Ou seja, perguntar-se: se em vez de dar este destino ao meu dinheiro, eu der aquele outro, qual o meu ganho ou prejuízo? No caso do carro, Reis indica comparar o gasto mensal com uma aplicação em poupança ou em outra opção de investimento financeiro.
Sendo assim, se o consumidor adiar a compra do carro em cinco anos e depositar o na caderneta de poupança, mensalmente, R$ 875 (média de gastos conforme simulação abaixo), no final do período terá R$ 54.072,23, já descontado o que é perdido com a inflação e sem considerar o valor de aquisição do automóvel.
Para eles, a escolha foi pedalar
O turismólogo Rogério Assis Brasil e a publicitária Larissa Pereira Mayer optaram pela bicicleta em vez de usar carro. Os custos foram levados em conta nos dados finais. Ele afirma que além da atividade física, a bike proporciona mais praticidade e facilidade, como ter onde estacionar e não ter de abastecer. Ela, apesar de ter carro, decidiu economizar na gasolina e pedalar 15 minutos diários da casa ao trabalho.
Quando o turismólogo precisa se deslocar a uma grande distância, ele usa o serviço de táxi ou o transporte público.
Se for colocar no papel, ganha-se muito mais vantagem e economia garan"