
Foto: Beto Albert (Diário)
O desenvolvimento das lavouras no Estado depende não só desta chuva, mas também serão necessários mais dias chuvosos, já que são mais de 140 municípios afetados pela estiagem, conforme dados da Defesa Civil. Na Região Central, 33 prefeituras decretaram situação de emergência. O alento aparece desde sábado (15), quando Santa Maria e parte dos municípios afetados registraram temperaturas mais amenas. E o principal: veio a chuva, para abastecer reservatórios e rios, além de frear com os crescentes prejuízos na produção agropecuária. O gerente regional da Emater, Guilherme Passamani, apresentou o cenário durante entrevista o programa F5, da rádio Central Diário de Notícias, CDN 93.5 FM, nesta segunda-feira (17).
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– Finalmente, uma chuva de alta intensidade. Choveu a noite toda em Santa Maria e, com o mesmo relato em outros municípios aqui da região. Então, temos um certo alento para as nossas atividades agropecuárias. Com a chuva, é possível que nossos rios, açudes, tudo o que necessitava de irrigação, aproximem-se da normalidade, apesar de que estão com os índices bem baixos – analisa Passamani.
Cenário
Até então, os produtores dos animais indicavam a indisponibilidade de água, exigindo que os pecuaristas manejassem os animais para outros lugares e evitassem até o óbito deles, relata Passamani. Ele ainda fala sobre os grãos, cultura significativa para a região e área plantada, principalmente soja e milho. As perdas durante o período reprodutivo (floração e enchimento e formação de grão) são irreversíveis, consequentemente, as lavouras são prejudicadas drasticamente, detalha.
Ainda pode haver melhora, indica o setor. Depende de mais chuvas, e das lavouras estarem com parte dos grãos fora do período reprodutivo, contribuindo para que este percentual seja salvo do impacto hídrico.
Impacto em números
É difícil estimar, reitera Passamani, mas já são quase 60% de perdas na soja na região. E o milho se aproxima desse percentual. Já o arroz diminuiu a área plantada em 10% a 12%. Resultado da previsão de estiagem forte, que influenciou produtores a optassem por não semear parte das culturas.
— A soja tem um contexto muito preocupante porque ela é muito heterogênea. Dentro de um município, temos áreas que a gente tem uma expectativa de perda de 15% a 20% em relação à estiagem, e em outras áreas, isso pode chegar a 90%. São danos que o produtor não consegue mais recuperar. E o agronegócio acumula prejuízos nos últimos anos devido às condições climáticas.
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Municípios da região em situação de emergência
Dos 39 municípios da Região Central, 33 decretaram situação de emergência pela estiagem. Parte tem reconhecimento em nível estadual e federal, mas maioria está em situação de análise. É o que indica a última atualização da página da Defesa Civil estadual, que reúne as informação. Veja abaixo a lista, em ordem dos mais recentes que assinaram o decreto, conforme sistema.
- Cruz Alta – Decreto municipal em 14 de fevereiro, aguardando análise
- Nova Palma – Decreto municipal em 12 de fevereiro, aguardando análise
- Agudo – Decreto municipal em 10 de fevereiro, aguardando análise
- Pinhal Grande – Decreto municipal em 10 de fevereiro, aguardando análise
- Caçapava do Sul – Decreto municipal em 7 de fevereiro, aguardando análise
- Lavras do Sul – Decreto municipal em 7 de fevereiro, aguardando análise
- Formigueiro – Decreto municipal em 6 de fevereiro, aguardando análise
- Itaara – Decreto municipal em 3 de fevereiro, aguardando análise
- Ivorá – Decreto municipal em 3 de fevereiro, aguardando análise
- São Martinho da Serra – Decreto municipal em 3 de fevereiro, aguardando análise
- São Sepé – Decreto municipal em 3 de fevereiro, aguardando análise
- São Vicente do Sul – Decreto municipal em 3 de fevereiro, aguardando análise
- Jaguari – Decreto municipal em 25 de janeiro, aguardando análise federal
- Dilermando de Aguiar – Decreto municipal em 28 de janeiro, aguardando análise
- Mata – Decreto municipal em 29 de janeiro, aguardando análise
- Santa Maria – Decreto municipal em 29 de janeiro, aguardando análise
- São Pedro do Sul– Decreto municipal em 30 de janeiro, aguardando análise
- Itacurubi – Decreto municipal em 30 de janeiro, aguardando análise federal
- Quevedos – Decreto municipal em 22 de janeiro, aguardando análise
Com reconhecimento estadual e federal - Cacequi
- Jari
- Júlio de Castilhos
- Nova Esperança do Sul
- Rosário do Sul
- Santa Margarida do Sul
- Santiago
- São Francisco de Assis
- São Gabriel
- Silveira Martins
- Toropi
- Tupanciretã
- Unistalda
- Vila Nova do Sul
O reconhecimento contribui para agilizar o repasse de verba para os municípios. Lista consta no Defesa Civil estadual
e
Panorama dos municípios
- Santa Margarida do Sul – Primeiro município a oficializar a situação de emergência, em 14 de janeiro.
- Duas demais depois – Entre 14 de janeiro a fim de fevereiro, outras 14 prefeituras se somaram à lista
- Nova Palma – Análises técnicas apontaram prejuízos nas culturas de soja, milho, feijão, fumo, pecuária de leite e corte.
- Agudo – Cenário comprometeu as safras das culturas de sequeiro e o abastecimento de água na zona rural.
- Santiago – R$ 260 milhões em perdas na agricultura e na pecuária por conta da falta de chuvas.
- Santa Maria – As perdas no campo chegam a R$ 67 milhões. A cultura mais prejudicada é a soja, que acumula prejuízos de R$ 52 milhões.
- Rosário do Sul – Contabiliza pelo menos R$ 17 milhões somente na agricultura. O abastecimento de água para as comunidades e as atividades agrícolas nessas cidades também estão comprometido.