O tema desta terça-feira (22) foi sugerido por Fabiana Sparremberger, a partir de uma coluna escrita pela advogada e professora universitária Bernadete Schleder dos Santos, intitulada Mães atípicas, publicada no Diário dia 7 de junho. Ela fala das mães que não têm rede de apoio. Aliás, como destaca a professora, elas são mães biológicas, adotivas, avós, irmãs, madrinhas e outras tantas figuras femininas a quem o cuidado é tacitamente dado como missão.
No programa, partimos de exemplos extremos como os lembrados pela professora Bernadete. Um deles é o de Paola, mulher de 39 anos que morreu e ninguém soube, além do filho autista não-verbal, que ficou 12 dias ao lado do corpo da mãe. Outro é o de Ilza, mãe que sofreu parada cardíaca fatal. Breno, seu filho tetraplégico e com paralisia cerebral, não teve ninguém para alimentá-lo e também morreu. Sobre Santa Maria, a professora cita o caso de uma senhora idosa, moradora da periferia, mãe de quatro filhos adultos e acamados, que cuidava de todos numa situação de miserabilidade. Ela precisava urgentemente comprovar sua situação para que os filhos recebessem benefício assistencial.
A ausência dos cuidados de uma figura paterna e de uma rede de apoio iguala essas e outras tantas mulheres que conhecemos, somos ou podemos vir a ser. As perguntas feitas ou inspiradas pela professora Bernadete, tais como “Quando a curatela será também compartilhada, e não relegada a apenas uma figura feminina, que, afinal, também precisa de cuidados?” ou “Quem cuida de quem cuida?” são objeto de discussão nesta edição de Jogo de Cintura, mas seguem sem resposta. Os testemunhos das participantes deste programa reforçam a certeza de que para mudar relações nesse âmbito, uma mudança cultural muito intensa precisa ganhar espaço. No entanto, mudanças culturais são as mais complexas, difíceis e demoradas, ainda mais quando envolvem questões de gênero e classe. Vem pro Jogo!
Carla Torres, produtora e apresentadora
Integrantes desta edição: Carla Torres, Daniele Bressan e Daniela Minello