
Natural da Venezuela, o pequeno Angel Jesus, de 12 anos, mudou-se com a família para o Brasil com dois objetivos: conquistar uma melhor qualidade financeira e o tratamento adequado para sua condição motora. A família de Angel chegou ao Brasil em 2019, e, desde então, ele está na fila de atendimento do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) para receber tratamento com médico traumatologista devido ao diagnóstico de artrogripose múltipla, que impede o movimento das articulações.
Nos estudos, o estudante atinge boas notas em todas as disciplinas, e conta com o acompanhamento de uma educadora especial para ajudá-lo quando necessário. Atualmente, Angel estuda no 6º ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental João Link Sobrinho, e sonha em ser cientista.
– Eu adoro os professores e também as tarefas. São um pouco difíceis, mas eu posso. Eu também tenho alguns problemas, eu não posso escrever com a mão, somente com a boca, mas eu não me importo com isso, eu sou assim – avalia ele.
ROTINA
Os professores da escola garantem que o aluno não possui dificuldades de aprendizagem, e domina principalmente as disciplinas de linguagem. Elton Maia, professor de língua inglesa, conta que o aluno inclusive o desafia com novas palavras a cada dia:
– O meu primeiro dia de aula com ele já foi maravilhoso, porque imaginei que ele teria alguma dificuldade por conta da questão motora. Mas eu não preciso fazer atividades diferentes. Ele realiza totalmente a mesma atividade da turma, e está sempre disposto. Eu acabo sempre trazendo coisas novas, que chamem a atenção dele. É gratificante, ele faz a gente se aperfeiçoar – relata o professor

ACOMPANHAMENTO
Angel conta com o acompanhamento da educadora especial Caroline da Silva Brandão, que o auxilia na sala de aula e nas atividades do intervalo. Os dois revezam a escrita no caderno, sempre que o aluno se sente cansado ao usar a boca para a atividade. Além disso, ele conta com a ajuda de Caroline para virar as páginas do caderno e para tirar e colocar a máscara. Nas demais demandas, ele recebe supervisão, mas prefere fazer tudo sozinho:
– Na hora do lanche eu sirvo o prato, mas ele come sozinho, se for preciso eu só corto e esfrio. No recreio também, só fico supervisionando caso ele se machuque. Mas ele é independente, ajudo mais na questão educacional mesmo – explica a educadora.
Carismático, Angel conta que se dá bem com os professores e alunos da escola. Quando a educadora está atendendo outro aluno, os professores o ajudam com o caderno.
– Essa escola me dá muito aprendizado. Sou amigo dos professores e também dos alunos.
ACESSIBILIDADE
Angel chegou na escola João Link Sobrinho há quatro anos. Desde então, a escola sofreu adequações e adaptações para tornar o sistema educacional acessível para os alunos com deficiência. Através do programa Escola Acessível do governo federal, a instituição pôde atualizar algumas questões físicas, como a inclusão de rampas de acesso. Para Angel, exclusivamente, uma mesa adaptada foi adquirida para uso na sala de aula.
– Essas adequações não foram só para ele, mas ajudaram muito. Ele ficou muito feliz quando ele chegou aqui e conseguiu subir a rampa sozinho, sem precisar de ajuda. Então agora ele chega na escola e já entra sozinho – explica o diretor da escola, Renato Grando.

FUTURO
A escola oferece ensino até o 9º ano do ensino fundamental. Até lá, Angel ainda terá um longo caminho de estudos e dedicação para conquistar a profissão que ele planeja para o futuro, tarefa que não será difícil conforme o relato dos professores e de quem convive com ele.
– Ainda não decidi, mas acho que eu vou ser cientista – planeja Angel.