Confira o texto da coluna Opinião da edição impressa do Diário de Santa Maria deste final de semana:
Francisco Luiz Bianchin
Padre Xiko
O ser humano tem como uma de suas caraterísticas a capacidade de se encantar, no entanto, é preciso desenvolver e exercitar a arte de se encantar, pois sofremos o perigo da rotina, de acostumarmo-nos com as coisas do dia a dia que, muitas vezes, não nos damos conta de pequenas coisas que, se valorizadas, podem trazer qualidade à nossa vida.
Conservar a sensibilidade de admirar as belezas que nos rodeiam, encantarmo-nos pelas paisagens naturais e obras construídas por mãos humanas, parar diante das maravilhas que nos surpreendem, constantemente, como aconteceu há poucos dias quando me deparei com uma série de teias de aranha numa cerca. Fiquei observando a incrível obra de arte, a admirável perfeição, os detalhes e, para completar, gotículas de água davam- lhe um brilho especial e, isso construído numa única noite.
Todos os dias, temos motivos para nos encantar, basta estarmos atentos. Ao nosso redor, com muita frequência, temos sinfonia de pássaros nos mais diferentes sons e tons. Praticamente, todos os dias o nascer do sol e seu ocaso nos surpreendem com as tonalidades de cores, brilhos maravilhosos, coreografias espetaculares; a chuva também pode ser motivo de nos encantar, sempre que a apreciamos.
Podemos nos encantar com o ritmo das pessoas, com a maravilha de poder andar com equilíbrio e elegância, assim como com a perseverança e a maturidade dos idosos que andam devagar e com cuidado, com a molecada que sai aos pulos, faceiros depois de uma manhã ou tarde de aula. As crianças e os idosos sempre nos dão um espetáculo quando paramos a observá-los ou quando estamos em sua companhia.
Por que não nos encantar com a valentia dos trabalhadores engalfinhados nos prédios em construção, com as novas tecnologias, máquinas, equipamentos e internet que nos possibilita contato quase que imediato com as pessoas? Tudo isso vivenciamos por todo o lado, basta colocarmos atenção.
Se não bastasse tudo isso, por que não nos encantar com os maravilhosos gestos de carinho dos pais, sua preocupação e dedicação na educação dos filhos, assim como nas palavras e gestos de carinho de nossos amigos, em especial, daqueles que são capazes de parar para dedicar-nos um minuto de seu tempo? E as atitudes de solidariedade, de compaixão com os sofredores, com a paciência daqueles que estão à cabeceira dos enfermos ou que cultivam, de forma simples, uma fé genuína e autêntica?
Enfim, como não nos encantar com a vida, dom gratuito, que vivemos a cada dia?
Não deixemos que o cansaço, a rotina, as preocupações e correrias da vida roubem-nos o encanto pelas maravilhas que estão no horizonte de nossas vidas.