
Foto: Rafael Pierre / Divulgação
Para se preparar para as corridas, Martín conta com orientação técnica e física

Futebol, vôlei, handebol e basquete são algumas das modalidades preferidas entre os jovens desde cedo. Mais recentemente, esportes como padel, beach tennis e futevôlei também conquistaram espaço entre os santa-marienses. Mas, para Martín Lanes de Almeida Jardim, de 15 anos, a paixão segue um caminho diferente: o kartismo.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Conhecido como porta de entrada para o automobilismo profissional, o kart revelou grandes nomes da Fórmula 1, como Ayrton Senna, Michael Schumacher e o atual tetracampeão mundial Max Verstappen. É essa trajetória que o jovem santa-mariense espera seguir.
Os primeiros passos

Como muitos meninos da sua idade, Martín buscava algo para ocupar o tempo livre e fazer novas amizades. Foi aos 11 anos, em uma pista coberta em Porto Alegre, que ele teve o primeiro contato com o kart, uma experiência que mudaria sua vida.
– Desde pequeno ele sempre foi aficionado por carros. Mas, até aquele dia, o Martín não tinha encontrado algo que ele realmente quisesse praticar, nem um grupo de amizades para falar sobre o que ele gostava. Quando ele experimentou o kart pela primeira vez, foi uma virada de chave. Ele começou a falar, com o olho brilhando, que ele queria aquilo pra vida dele, queria pilotar – conta a mãe de Martín, Gisane Lanes de Almeida.
A reabertura de um kartódromo em Santa Maria fortaleceu ainda mais esse interesse. No fim de 2022, Martín iniciou sua trajetória como piloto na modalidade rental, versão mais acessível e ideal para iniciantes, em que os karts pertencem ao próprio kartódromo.
– É uma versão mais lenta e mais acessível, em questão de dinheiro, porque o kart não é próprio (do piloto), ele é do kartódromo. Por isso deixa tudo mais fácil para começar. É uma base – explicou Martín, em entrevista ao programa Papo D Esporte (CDN 93.5 FM).
Apesar de ser mais democrática, a modalidade também apresenta seus desafios. Como os veículos são sorteados antes das corridas, nem sempre todos estão em condições iguais, o que exige ainda mais habilidade e adaptação dos competidores.
– Às vezes acontece de pegar um kart que está torto em uma parte da roda, uma parte do eixo que pode entortar com uma batida. Tem que sempre corrigir o movimento, o que faz perder muito tempo. Mas faz parte do kart rental. Tem que ter sorte, pelo menos um pouquinho – explica o jovem piloto.
Treinos, preparo físico e apoio familiar

No automobilismo, cada detalhe influencia o resultado: o traçado escolhido pelo piloto, as condições climáticas e, claro, o desempenho do kart. Para se preparar da melhor forma possível, Martín conta com a orientação de Edson Gravina, treinador e líder da equipe Gravina Performance, com base no Velopark de Nova Santa Rita, local onde o jovem realiza a maior parte dos seus treinos.
– Quando começou, era um jovem encabulado e com muita vontade de pilotar. A percepção dos pais foi importante, pois fez com que eles buscassem uma instrução correta para ele. Hoje, além de ficar muito alto, ele se tornou um grande piloto no kart rental. Apesar da pouca idade, é muito concentrado e maduro, tanto nos treinos como nas competições. Com certeza o Martín vai ter um futuro muito promissor – relata Gravina.
Além da preparação técnica, o condicionamento físico também é prioridade. Martín recebe acompanhamento dos profissionais Marcelo Frasson e Cristina Back, com treinos voltados para o fortalecimento de braços, pernas e pescoço, por conta da força G gerada nas corridas.
– Tudo vai ser necessário para que você não saia para fora do carro. Falo brincando, mas se não tiver força, você não consegue. Alguns volantes são mais leves, outros mais duros, então tem que se adaptar – conta Martín.
Outro pilar fundamental é o apoio da família. Os pais, Gisane Lanes de Almeida e José Osvaldo Jardim Filho, são entusiastas da carreira do filho e atuam ativamente em sua trajetória.
– O que queremos é divulgar o kart rental e ajudar o Martín a ir aos treinos e aos campeonatos, para que ele consiga chamar a atenção de um patrocinador e ampliar a participação dele a nível nacional. E quem sabe chegar ao nível internacional, que é o grande sonho dele – afirma Gisane.
Uma evolução acelerada

Mesmo com pouco tempo de experiência, Martín já mostra resultados expressivos. Em 2024, seu segundo ano no kartismo, conquistou o vice-campeonato da categoria iniciantes do Kart in Senna, competição realizada ao longo do ano no Circuito Internacional Techspeed, o kartódromo do Velopark de Nova Santa Rita.
Agora como piloto graduado (categoria que permite competir com adversários de 14 a 27 anos), o jovem alcançou sua maior conquista até agora: se sagrou campeão do primeiro turno da temporada 2025 do Kart in Senna, após vencer a quarta etapa, realizada em 7 de junho.
– Na tabela eu estava empatado, em primeiro, com outros dois pilotos. Eu tive sorte que os dois pegaram um kart inferior ao meu. Larguei em segundo, passei o primeiro e consegui defender até o final. Não fui ultrapassado em nenhum momento da corrida e mantive a primeira posição em todas as voltas – relembra Martín.
O objetivo agora é vencer o segundo turno e, com isso, conquistar o título geral da temporada, enfrentando os dez melhores da competição. A próxima etapa será no dia 4 de julho, novamente em Nova Santa Rita.
Fora das pistas, o santa-mariense conta que é fã das corridas da Fórmula 1, da Fórmula Indy, entre outros campeonatos de automobilismo. E, com os olhos no futuro, Martín não esconde o desejo de chegar ao mais alto nível do esporte.
– Se tiver (condições de disputar) uma Fórmula 3, vou tentar. Quero chegar pelo menos perto da Fórmula 1, que para conseguir vaga é complicado, tem que ter dinheiro. Mas é minha vontade. Se tiver a chance de pelo menos um dia correr num carro de Fórmula, já vou ficar feliz – afirma o piloto.
Um apelo pelo automobilismo local

Atualmente, Santa Maria conta com apenas um kartódromo em funcionamento: o Speed Kart, localizado na Faixa Velha de Camobi, com 27 anos de história. Frequentador assíduo do local, Martín elogia a estrutura, mas lamenta a falta de incentivo ao automobilismo na cidade.
– Acho que deveria ter um programa de pilotos em Santa Maria. Temos poucos atletas (de automobilismo) daqui que ganham títulos. Acho triste, porque queria que tivessem mais pessoas da minha idade para correr aqui – diz Martín.
Enquanto sonha com grandes pistas e campeonatos internacionais, o jovem piloto segue acelerando, com os pés no chão e olhos no horizonte.
Confira a entrevista de Martín Jardim no Papo D Esporte: