
Foto: Renata Medina, Inter-SM
Caso teria ocorrido no intervalo da partida entre Bagé e Inter-SM
O empate entre Bagé e Inter-SM, na tarde do domingo (22), no Estádio da Pedra Moura, em Bagé, foi marcado também por confusões dentro e fora de campo. Ao final do confronto válido pela oitava rodada da Divisão de Acesso, um princípio de tumulto entre os jogadores inflou os ânimos dos torcedores das duas equipes. A Brigada Militar precisou intervir com bombas de efeito moral.
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Após a partida, outro evento foi relatado à equipe de arbitragem. Conforme a súmula da partida, o árbitro Tiago Lemos Clasen e sua equipe foram comunicados de uma denúncia feita pela assessora de imprensa da equipe do Bagé, sobre um possível ato de injúria racial no intervalo de jogo. De acordo com a denunciante, a torcida do Inter-SM presente no estádio teria desferido palavras de discriminação racial direcionadas a uma gandula.
Nesta segunda-feira (23), os dois clubes emitiram comunicados sobre a denúncia. Em suas redes sociais, o Bagé publicou uma nota de repúdio, referindo-se ao possível ato de injúria racial como um "episódio lamentável". O clube afirma que a gandula teria formalizado a denúncia por meio de boletim de ocorrência.
Em sua nota, o Inter-SM contesta a versão apresentada pelo clube bajeense. Para isso, o clube cita a súmula da partida, em que consta que o torcedor responsável pelas possíveis palavras discriminatórias não foi identificado pelo observador de tolerância racial do jogo, nem pela arbitragem da partida e nem pela Brigada Militar e que, sendo assim, não foi lavrado boletim de ocorrência. De acordo com a nota do clube santa-mariense, o documento oficial da partida "desmente a alegação feita na nota do clube adversário, que afirma a existência de um registro formal da denúncia e tenta imputar, de forma genérica e irresponsável, a torcida do Internacional de Santa Maria como autora de um crime". Confira aqui a súmula na íntegra.
Até o momento, a Federação Gaúcha de Futebol não se manifestou sobre a denúncia. A torcida organizada Fanáticos da Baixada, presente na partida, também emitiu nota.
Confira a nota do Grêmio Esportivo Bagé
O Grêmio Esportivo Bagé vem a público manifestar seu mais profundo repúdio a um episódio lamentável ocorrido durante a partida deste domingo (22/06), no Estádio Pedra Moura, contra a equipe do Inter-SM. Durante o jogo, um integrante da torcida adversária proferiu insultos racistas direcionados à gandula que trabalhava na beira do campo.
Ao término da partida, o clube comunicou o ocorrido à equipe de arbitragem, que registrou a denúncia em súmula. A gandula também formalizou a denúncia por meio de boletim de ocorrência.
O Grêmio Esportivo Bagé se solidariza com a vítima e reforça que atitudes racistas são inaceitáveis e devem ser combatidas com firmeza por todos os setores da sociedade. Racismo é crime!
Reafirmamos nosso compromisso com o respeito, a igualdade e a luta contra qualquer forma de discriminação.
Confira a nota do Esporte Clube Internacional
Repúdio ao Racismo e Defesa da Verdade dos Fatos
O Esporte Clube Internacional de Santa Maria vem, por meio desta, manifestar seu mais firme repúdio a qualquer ato de racismo, reiterando seu compromisso inegociável com os valores da dignidade humana, da igualdade e do respeito a todos os cidadãos, dentro e fora dos gramados.
Diante da nota publicada nas redes sociais pelo Grêmio Esportivo Bagé, na qual acusa torcedores do Inter-SM de proferirem ofensas racistas contra uma profissional que atuava como gandula durante a partida do último domingo (22/06), realizada no Estádio Pedra Moura, cumpre esclarecer e reafirmar o que consta na súmula oficial da arbitragem:
“A torcida da equipe visitante, EC Internacional, deferiu diversas palavras de discriminação racial a uma gandula do jogo. Não foi identificado o agressor pela gandula, por parte do Sr. Renan, árbitro da partida e nem da Brigada Militar, sendo assim não houve boletim de ocorrência.”
Ou seja, não houve identificação do autor das supostas ofensas e, conforme relato do árbitro, não foi lavrado boletim de ocorrência. Esse documento oficial, lavrado por autoridade da arbitragem e amparado pela Brigada Militar, desmente a alegação feita na nota do clube adversário, que afirma a existência de um registro formal da denúncia e tenta imputar, de forma genérica e irresponsável, a torcida do Internacional de Santa Maria como autora de um crime.
Reforçamos que racismo é crime e deve ser combatido com firmeza, mas também com responsabilidade, verdade e respeito à justiça e ao devido processo. Imputações levianas, sem autoria comprovada e sem a devida apuração legal, apenas enfraquecem a luta legítima contra o preconceito e colocam em risco a imagem de instituições sérias, como é o caso do nosso clube e da nossa torcida, reconhecida por sua paixão e civilidade.
O Inter-SM se solidariza com a profissional e apoia toda e qualquer investigação que apure a veracidade dos fatos. Mas não aceitará que, sem provas ou responsabilidade, se tente instrumentalizar um episódio grave como o racismo para fins de rivalidade esportiva ou mancha pública indevida.
Nosso compromisso é com um futebol livre de preconceitos!
Confira a nota da torcida organizada Fanáticos da Baixada
A torcida organizada Fanáticos da Baixada, do Esporte Clube Internacional de Santa Maria, vem a público manifestar seu mais absoluto repúdio às acusações levianas e infundadas feitas pelo Grêmio Esportivo Bagé, que, de forma irresponsável e sem qualquer prova concreta, tentou atribuir à nossa torcida a prática de um ato de racismo durante a partida realizada no último domingo, 22 de junho, no Estádio Pedra Moura.
Esclarecemos que não houve qualquer manifestação racista por parte de nossos integrantes, fato corroborado pela súmula da arbitragem e pelo relato da própria Brigada Militar, que esteve presente durante toda a partida e em nenhum momento foi identificada qualquer autoria de ofensa, nem registrado boletim de ocorrência.
A tentativa de generalizar e imputar um crime tão grave à nossa torcida, sem provas, sem identificação de autor e sem respaldo das autoridades presentes, configura uma conduta irresponsável, difamatória e atentatória à nossa honra coletiva. Ressaltamos que o artigo 139 do Código Penal Brasileiro tipifica o crime de difamação, com pena prevista para aquele que ofende a reputação de outrem, especialmente quando isso é feito de forma pública, como no caso da nota emitida pelo clube adversário.
Ademais, registros da transmissão da partida revelam que torcedores e até colaboradores ligados ao Grêmio Esportivo Bagé incitaram provocações e hostilidades contra nossa delegação e nossa torcida, evidenciando um comportamento antidesportivo e incompatível com os princípios que o próprio clube diz defender.
Aproveitamos para reafirmar publicamente nosso total apoio à campanha “Protocolo Zero: Fim de Jogo para o Racismo”, um movimento necessário e legítimo que reafirma nosso compromisso histórico com o respeito, a igualdade e o combate inegociável a toda e qualquer forma de discriminação.
Nos solidarizamos com a profissional envolvida e reafirmamos nosso compromisso contra qualquer forma de discriminação. Defendemos o acolhimento da vítima e uma investigação justa e transparente. Estamos à disposição para esclarecimentos, mas não aceitaremos que a luta contra o racismo seja distorcida e usada para ataques infundados à nossa torcida.