
Foto: Marcelo Oliveira (PMSM)
Símbolo da memória cultural da cidade, a Casa de Cultura de Santa Maria começa, aos poucos, a ganhar vida novamente. Interditado desde 2015, o prédio histórico, que já abrigou o Palácio da Justiça, passa por uma ampla restauração e tem cerca de 40% das obras concluídas, segundo a Secretaria de Cultura. A previsão é que o espaço, tombado como Patrimônio Histórico e Cultural desde 2009, seja entregue até o fim deste ano.
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Como está a obra?

Com investimento de mais de R$ 6 milhões, a obra teve início em setembro de 2024 e a previsão inicial era de conclusão em um ano, contudo poderá se estender até perto do final de 2025. O canteiro foi instalado oficialmente em setembro de 2024, após assinatura da ordem de serviço. Desde então, o prédio histórico já teve uma série de etapas concluídas, neste primeiro momento, todas internamente. Entre elas, a demolição de alvenarias no térreo, a concretagem da escada interna, entre o térreo e o segundo pavimento, além da instalação elétrica e hidráulica e início do reboco das paredes.
Agora, as próximas etapas incluem a troca do telhado, acabamentos internos, colocação de piso cerâmico, troca de portas e janelas, pintura interna e externa. Todos os elementos tombados, como esquadrias, fachada, detalhes internos e volumetria, estão sendo restaurados de acordo com as orientações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Em relação ao prazo de e conclusão, a prefeitura informou que os serviços ocorrem normalmente e o cronograma de obras seguem a previsão de entrega, que é para o segundo semestre deste ano, no entanto, ainda não há mês e data definidos para a entrega.
Para Rose Carneiro, secretária de Cultura, o espaço faz parte da história de Santa Maria e tem uma simbologia para a área cultural.
– A gente está aqui na praça (Saldanha Marinho). Tem os prédios do outro lado, o Theatro Treze de Maio, estamos aqui no início do Distrito Criativo (Centro-Gare). A Casa de Cultura faz parte de uma parte da história cultural da cidade. Muitas coisas aconteceram aqui desde a década de 90, quando ela foi transformada em Casa de Cultura. Então, ela tem uma simbologia muito grande e eu imagino que, a partir da revitalização, da utilização dela, como estamos pensando, vai dar um movimento aqui para o Centro muito grande – afirma Rose.
Com a reabertura, a expectativa da prefeitura é que a Casa de Cultura se transforme em um polo de desenvolvimento artístico e criativo em Santa Maria. Segundo a secretaria de Cultura, o espaço renovado abrigará atividades ligadas às artes e à economia criativa, como oficinas, ensaios, exposições e eventos culturais.
Além de atender a classe artística, a Casa poderá receber escolas, universidades e instituições culturais, com visitas guiadas, palestras e circulação de mostras. A proposta é que o local também funcione como ponto de apoio para eventos realizados na Praça Saldanha Marinho, como a tradicional Feira do Livro.
Para a prefeitura, a retomada das atividades no prédio deve impactar diretamente à economia local.

– A reabertura da Casa de Cultura representará um marco importante para Santa Maria, com o potencial de revitalizar a cena cultural, fortalecer o turismo e impulsionar o comércio local, transformando o espaço em um centro de referência para a arte, a cultura e o empreendedorismo criativo da cidade – finaliza.
Relembre
Em dezembro de 2015, a Defesa Civil realizou a interdição do prédio, na Praça Saldanha Marinho, devido a rachaduras na estrutura, além de muitos problemas no telhado.
Em 2023, após denúncias enviadas ao Diário de infestação de animais, como ratos, morcegos e até mesmo o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, o prédio passou por uma limpeza e vistoria da Vigilância em Saúde.
Antigo Fórum

De acordo com as informações do Arquivo Histórico Municipal, o atual prédio foi construído no início da década de 1940 (foto acima), durante a gestão do então prefeito Antonio Xavier da Rocha (1937–1942). Na época, a obra foi realizada para abrigar o Fórum (Palácio da Justiça) da cidade e ficou pronta em 3 de julho de 1944. A construção foi executada pela então empresa Santiago Borba, de Porto Alegre.

Antes disso, o terreno era ocupado por uma casa pertencente a José Carlos e Faustino Cauduro, com cerca de 34,7 metros de frente. Parte dessa área foi absorvida pela abertura da Rua Roque Callage. Assim, o prédio do Fórum, que hoje mede 32 metros de frente, passou a integrar a paisagem urbana da Praça Saldanha Marinho.
A área foi adquirida pelo município, que doou a mesma ao Estado para a construção do Fórum. Anos depois, o processo se inverteu: o Estado doou o edifício ao município, com a condição de que fosse transformado em um centro cultural. Caso essa destinação não fosse cumprida, o prédio deveria retornar ao patrimônio estadual.